Por Miranda Sá –
“Fazer-se amar de modo aos que lhe devam benefício, cortesias ou por combater um inimigo invisível” (Maquiavel)
Como parece estarmos de volta à exaltação da Cultura, lembrei-me do presente que o Teatro nos dá, desde a antiga Grécia, quando Eurípedes escreveu “Hipólito” (Ιππόλυτος) com um tema que se tornou clássico com a obra da Racine “Fedra”.
Na versão dos dois, temos uma tragédia ambígua descrevendo a desventura de Fedra que era esposa de Teseu e se apaixonou por Hipólito, filho ilegítimo do marido, propondo-lhe a consumação desse amor. Hipólito recusou-lhe.
A ambiguidade da interpretação mitológica em que um aceita e outro nega, leva-nos a ver com tristeza como foi divulgado o relatório do Ministério da Defesa sobre as eleições – onde jamais deveria ter se metido -, acendendo uma vela a Deus e outra ao diabo.
De um lado, assegura a legitimidade das urnas eletrônicas em nome da verdade que, segundo o Boletim do Exército, “é o símbolo da honra militar”; mas, do outro lado, serve à insanidade do Capitão-Presidente, levantando a hipótese sobre um tal “código secreto”.
De secreto já temos o mergulho na impunidade com os sigilos de cem anos e o orçamento camuflado dos picaretas do Congresso Nacional; agora, inventam outro para satisfazer as loucuras golpistas da seita bolsonarista….
A turma adoradora dos deuses das Rachadinhas deveria se preocupar em fazer oposição ao eleito, Lula da Silva, sem deixar que o próprio partido dele, o PT, se encarregue disto. Basta aproveitar-se da experiência que tivemos com Bolsonaro, que se derrotou a si mesmo, adotando os desvarios extremistas aconselhados pelos filhos.
Para combater Lula, que se comece a vê-lo como o Rei da Demagogia, começando a fazer malabarismos para driblar a Lei e arrancar dinheiro do contribuinte, na ânsia de pagar as promessas demagógicas da campanha eleitoral.
… E já que comecei surfando nas ondas dos mares Egeu e Jônico, que banham a Grécia, vou à figura de Midas, rei da Lídia, que entrou no disse-me-disse do folclore ocidental pela riqueza imensa e distribuição para os intelectuais de sua época vultosas quantias.
Por uma concessão de Baco, em tudo que Midas tocava virava ouro; por isto, a sua querida filha Phoebe transformou-se em estátua de ouro ao encostar nele. Imitam-no os populistas fascistóides (não importa a ideologia que adotem, sejam de direita ou esquerda), que se apossam da riqueza nacional para se valorizar e manter o poder.
Tivemos um presidente derrotado na tentativa de reeleição, o capitão Bolsonaro, que se inflou na política praticando o sindicalismo fardado, investindo contra o Erário; e o presidente eleito, Lula, cuja política se limita a distribuir com o dinheiro público esmolas para as camadas da população sem mobilidade no mundo do trabalho.
É assim que se dissemina a pandemia populista latina (cuja febre tem alcançado também na Europa francos, normandos e saxões). E o princípio desta demagogice é a dúbia e insegura escolha entre a responsabilidade fiscal e a responsabilidade social.
Assim termina-se na irresponsabilidade de conquistar adeptos e comprar votos para a futura eleição. Nisto são acompanhados de comparsas capazes de tudo, seja na sordidez da corrupção ou na prática neonazista do racismo e da xenofobia.
Na auto-assumida “esquerda” ouvimos declarações enfáticas de Lula de seguir na trilha pantanosa da irresponsabilidade fiscal, e a sua equipe sedenta de privilégios defendendo a insensata multiplicação de ministérios. Dá-se assim o toque de alerta para quem espera mudanças políticas; no campo da economia, já assusta e desgosta o Mercado.
Não é preciso pegar carona em caminhões nem os usar para bloquear estradas para enxergar esta realidade; basta-nos pegar metrô e ônibus, ir à feira, à farmácia ou ao supermercado, para ver “entre as orelhas” as reações humanas. Principalmente dos que usam camisetas partidárias….
De ambos os lados se vê hordas de apoiadores com levianos argumentos para justificar as cabulices dos seus líderes, e no “andar de cima” o que se assiste é a vergonhosa corrida para se “quentar” na fogueira do poder, chaleirando o presidente eleito e decepcionando o presidente que caiu.
MIRANDA SÁ – Jornalista profissional, blogueiro, colunista e diretor executivo do jornal Tribuna da Imprensa Livre; Trabalhou em alguns dos principais veículos de comunicação do país como a Editora Abril, as Organizações Globo e o Jornal Correio da Manhã; Recebeu dezenas de prêmios em função da sua atividade na imprensa, como o Esso e o Profissionais do Ano, da Rede Globo. mirandasa@uol.com.br
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