Redação

O ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello teria passado mal nesta 5ª feira (19.mai.2021) enquanto aguardava o retorno da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Covid. A reunião estava interrompida por causa da ordem do dia, no plenário do Senado. Pazuello e governistas negam o incidente.

O mal-estar de Pazuello teria sido causado por síndrome de vasovagal, que provoca desmaios. O senador Otto Alencar (PSD-BA), que é médico e integra a CPI, disse que atendeu o ex-ministro.

O depoimento deve ser retomado nesta 5ª feira (20.mai). Ainda faltavam mais de 20 senadores inscritos, cada um com direito a falar por 15 minutos.

Mayra Pinheiro, secretária de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde do Ministério da Saúde, conhecida como “capitã cloroquina”, falará à CPI da Covid na 3ª feira (25.mai).

Veja o momento em que o ex-ministro deixou o Senado (1min47s):

A informação de que Pazuello teria passado mal é de Otto Alencar à CNN BrasilEu peguei ele e mudei a posição, já tinha deitado no sofá e levantei os membros inferiores dele, o fluxo de sangue volta e ele se recupera”.

Segundo o site do Ministério da Saúde, a síndrome de vasovagal causa desmaio, que é provocado pela diminuição da pressão arterial e dos batimentos cardíacos por ação do nervo vago, localizado na região da nuca.

Os primeiros sinais são: fraqueza, transpiração, palidez, calor, náusea, tontura, borramento visual, dor de cabeça ou palpitações. Otto relatou que notou o ex-ministro pálido e foi socorrê-lo.

Ainda de acordo com a pasta, “ambientes fechados ou aglomerados, ficar em jejum, horas em pé ou ansioso também são determinantes para desencadear o problema”. Pazuello estava depondo à CPI desde as 9h15, com um intervalo de pouco mais de uma hora. A reunião foi suspensa às 16h12.

O vice-presidente da CPI da Covid no Senado, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), disse em seu perfil oficial do Twitter que “a sessão da #CPIdaPandemia com o ex-ministro Eduardo Pazuello foi suspensa depois de um mal estar do depoente”.

O senador governista Marcos Rogério (DEM-RO), que saiu acompanhando o ex-ministro do Senado, disse em seu perfil no Twitter que Pazuello não passou mal.

RESUMO DO DEPOIMENTO

O ex-ministro começou seu depoimento dizendo que a pasta agiu “apropriadamente” e responsabilizou governadores e prefeitos pelo não cancelamento do Carnaval de 2020. Depois afirmou que se reunia com Bolsonaro “menos do que gostaria” e negou qualquer interferência ou orientação do chefe do Executivo em sua gestão do ministério.

Pazuello também deu mais detalhes sobre a negociação com a Pfizer por vacinas contra covid-19 ainda em 2020. Segundo ele, as negativas às propostas da empresa norte-americana foram por conta do preço cobrado por dose, de problemas de logística e cláusulas “complicadíssimas” nos contratos.

O general do Exército disse também que a pasta apoiou medidas restritivas de Estados e municípios independentemente de ideologia. O presidente Jair Bolsonaro critica recorrentemente esses tipos de decisão de governadores e prefeitos.

Afirmou que o estoque de oxigênio em Manaus só caiu durante “por 2, 3 dias”. A afirmação causou reação de senadores e tumulto na sessão. Pazuello disse ainda que não foi consultado sobre a possibilidade de um avião dos Estados Unidos colaborar com o transporte do insumo para o Estado. “Nunca me chegou essa oferta para que eu aceitasse ou não”, disse o ex-ministro.

Quando lhe perguntaram a razão de ter deixado o ministério, Pazuello disse que saiu porque estava com sua “missão cumprida”. No dia em que se despediu do cargo e passou o bastão para Marcelo Queiroga, o Brasil atingiu 300 mil mortos por covid-19.

***

Renan Calheiros diz que Pazuello mentiu em depoimento à CPI da Covid

Relator da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Covid, senador Renan Calheiros (MDB-AL) afirmou nesta 4ª feira (19.mai.2021) que o depoimento do ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello foi “cheio de contradições e mentiras” em publicação nas redes sociais.

O senador disse também que “o trabalho da CPI segue em busca da verdade sobre a situação da covid no país”. 

Pazuello ainda presta depoimento ao colegiado. Acompanhe o depoimento ao vivo.

Em sua postagem, Renan publicou vídeo em que elenca como mentiras as falas de Pazuello sobre:

  • ter informado ao presidente Jair Bolsonaro pessoalmente sobre as ofertas de vacinas da Pfizer;
  • a declaração de que pode ter se equivocado sobre informação de quantidades de vacinas da farmacêutica;
  • a não interferência do presidente em decisões do ministério acerca da compra de vacinas da Coronavac;
  • preços de vacinas negociadas com laboratórios.

Mais cedo, o ex-ministro disse que nunca foi orientado pelo presidente Jair Bolsonaro enquanto esteve no comando da pasta.

“O Presidente da República falou para mim e para todos os ministros várias vezes: de assunto de saúde quem trata é o Ministro Pazuello. Então, nunca, nunca, e vou repetir: nenhuma vez eu fui chamado para ser orientado pelo presidente da República de forma diferente por aconselhamentos externos. Nunca, nenhuma vez.”

Ele também negou a existência de um assessoramento paralelo para o chefe do Executivo, mas disse que considera normal que diversas pessoas levem informações ao presidente.

A tese de que o presidente receberia conselhos sobre a Saúde de pessoas sem ligação com o ministério começou com o depoimento dos ex-ministros Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich e do presidente da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), Antonio Barra Torres.

AGÊNCIA DE CHECAGEM

Calheiros falou à imprensa pouco antes da sessão ser interrompida depois de mal-estar de Pazuello. Afirmou que irá sugerir ao presidente da CPI que contrate “uma agência checadora da verdade para que a comissão parlamentar de inquérito pela 1ª possa acompanhar e checar essas mentiras que estão sendo ditas”.

O relator também se queixou do “desdém com que ele [Pazuello] tem tratado a comissão de inquérito”. “Ele chegou ao cúmulo de negar declarações públicas dele mesmo e do presidente da República”, afirmou Calheiros.


Fonte: Poder360