Redação

Primeira parada LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais) do Brasil dentro de uma comunidade carente, a Parada LGBT da Maré, zona norte do Rio de Janeiro, promoveu neste domingo (15) sua 12ª edição, com o tema “Aceitar é uma escolha sua, respeitar é um dever de todos”. O organizador da parada, Alberto Araújo Duarte, conhecido como Betto Cabeleireiro, morador na comunidade há 33 anos, disse à Agência Brasil que, nos primeiros anos, muitas travestis da favela eram espancadas em razão do preconceito e acabaram pedindo ajuda a ele. “A comunidade abraçou a gente e graças a Deus nós nunca tivemos problema”.

Evento família

Betto esclareceu que a Parada LGBT da Maré é um evento família. “É um evento muito família, graças a Deus. As pessoas da comunidade dão carta branca para eu fazer esse evento”. Segundo Betto, os próprios membros da comunidade perguntam quando vai ser a parada. “Eu fico muito feliz deles me receberem com carinho”.

A passeata tem o apoio da Coordenadoria Especial da Diversidade Sexual da prefeitura do Rio (CEDS RIO). Antes do início do desfile, houve trabalho social voltado para o público-alvo e visitantes, com distribuição de materiais de prevenção às doenças sexualmente transmissíveis (DSTs), com suporte da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) e serviços da Secretaria Municipal de Assistência Social e Direitos Humanos (SMASDH). Foram realizados também testes rápidos de HIV, vírus causador da aids.

Trios elétricos desfilaram pelas ruas da comunidade, enquanto drag queens famosas da noite LGBT carioca cuidaram de animar o público. O evento chamou ainda a atenção contra a gordofobia e o bullying (prática de atos violentos contra pessoa indefesa, que podem causar danos físicos e psicológicos às vítimas).

Bandeira

O coordenador especial da Diversidade Sexual do Rio, Nélio Georgini, foi homenageado durante o evento. Ele foi convidado para ser padrinho da Parada LGBT de Nova Iguaçu, realizada também neste domingo.

Segundo Georgini, a parada da Maré é “icônica” por ocorrer há vários anos e por estar dentro de uma comunidade. Segundo ele, a parada contribui para mostrar que a bandeira LGBT chega às comunidades do Rio de Janeiro. “Sempre que posso eu dou toda atenção e carinho, porque é uma forma de mostrar que em um território em que, talvez de uma forma incauta, as pessoas pudessem dizer que a bandeira do arco-íris não estivesse tremulando, muito pelo contrário, ela está. Essas paradas são um sucesso”. Além da parada de Bettinho, outro evento semelhante é organizado do outro lado da Maré.

O coordenador ressaltou a importância dessas paradas porque sinalizam a necessidade do respeito à diversidade. Logo que assumiu a coordenadoria, Nélio Georgini se preocupou em atender à demanda elevada da população da zona norte da capital fluminense, mais afastada do centro e da zona sul, onde essas causas tendem a ser mais próximas das pessoas. “Quanto mais próximos pudermos estar dessas pessoas, na zona norte, mais conseguiremos atender à demanda dos direitos humanos, que é a vulnerabilidade”, concluiu. (fonte: Agência Brasil)