Por Luís Eduardo Mergulhão Ruas e João Claudio Pitillo –
No último dia 20 de agosto, o jogador Dejan Petkovic questionou ao vivo as afirmações do jornalista André Rizek na bancada do programa SPORTV durante as transmissões do jogo de La Equidad X Atlético MG, partida válida pela Copa Sul Americana. A equipe colombiana contava com um jogador chamado Stálin Motta. Rizek afirmou, a partir do nome do jogador colombiano, que Stálin, o líder soviético, era um “assassino”, um dos mais “sanguinários” da história da humanidade. Questionado por Petkovic, Rizek disse que os números e os fatos eram do conhecimento de todos.
Não fora a primeira vez que Petkovic contestou um apresentador da Rede Globo em cadeia nacional. Em fevereiro de 2010, no programa “Mais Você”, comandado por Ana Maria Braga, o ex-jogador do Flamengo retrucou as afirmações da platinada apresentadora de que nascer na Iugoslávia devia ter sido ruim. Petkovic, com a mesma rapidez dos gramados, contestou afirmando que a sua infância fora maravilhosa por ser o seu país socialista, onde nada lhe faltara.
Petkovic, com várias passagens pelo futebol brasileiro onde se consagrou, também atuou além da Iugoslávia (hoje Sérvia), na Espanha, Itália, China e Arábia Saudita. Conseguiu, além de prestígio e dinheiro, experiência sobre vários aspectos sociais e político nesses variados países que passou. Ao defender Stálin e o socialismo dos ataques reacionários dos funcionários da mídia burguesa, o faz com a convicção de quem conheceu vários países capitalistas, sem ter sido seduzido por nenhum deles.
Dejan Petkovic não é um militante político, muito menos um especialista sobre o tema, mas pôde comprovar empiricamente os benefícios que a Iugoslávia podia proporcionar aos seus habitantes justamente por causa do socialismo. Petkovic também não é membro de nenhuma organização stalinista, mas utiliza a lógica para refutar as acusações descabidas, produzidas pelo fascismo e pela Guerra Fria contra o líder soviético. Petkovic sabe perfeitamente que as mentiras da OTAN e do Ocidente destruíram o seu país, o mesmo que Stálin ajudou a salvar e a construir.
O sucesso profissional no mercado internacional do futebol, um ramo extremamente pautado pelo elitismo financeiro, não foi capaz de convertê-lo em um adepto do revisionismo (uma postura de negação dos princípios teóricos da história e das conquistas do socialismo) para melhor transitar diante dos holofotes da indústria cultural. O revisionismo também inebriou muitos partidos comunistas durante a segunda metade do século XX e continua seduzindo muitas organizações ditas de esquerda até hoje. As falas repletas de senso comum da “senhora fogão” e do “senhor meio campo”,
contestadas por Petkovic, são justamente um produto dessa postura revisionista e oportunista que durante a Guerra Fria construiu um discurso falso contra os países do bloco socialista, defendendo uma democracia liberal supostamente universal e acima das classes, chegando a equiparar nazismo ao comunismo.
Até o início da Segunda Guerra Mundial a campanha de mentiras contra a União Soviética tinha no fascismo a sua principal máquina, a mesma foi prontamente encampada pelos anglo-franceses, que utilizaram toda sua indústria cultural para transformar essas teorias mentirosas em um processo político-cultural. Um arcabouço estatal foi empregado para simular acusações à eficiência do socialismo na URSS. Frases de efeito, falsos testemunhos, discursos unilaterais e a massificação de noticiários tendenciosos formaram a máquina anticomunista da primeira metade do século XX.
Com a vitória soviética na Segunda Guerra Mundial, todas essas mentiras sobre o socialismo caíram por terra, junto com as forças do Eixo. O protagonismo soviético, decisivo na Segunda Guerra, a formação do campo socialista, o crescimento da influência dos comunistas em vários países e as Revoluções Chinesa e Cubana acuaram a ordem burguesa de exploração do homem pelo homem e seus ideólogos. Para os arautos do liberalismo foi necessária a construção de um aparato de contramedidas.
A máquina de propaganda do capitalismo, em uma situação difícil, precisava reagir, sendo obrigados a guardar seus velhos espantalhos do comunismo no armário da História. Os liberais partiram para a construção de uma nova política de mentiras e calúnias contra o socialismo, agora atrelados na indústria cultural de massas. A Guerra Fria foi o nome da nova ofensiva capitalista, que produziu em escala industrial as mais variadas mentiras no Ocidente de forma sistemática entre 1947 e 1991. O Objetivo era convencer as pessoas, a todo custo, por qualquer meio, e até caindo no ridículo, que a sociedade pós-capitalista era opressora, ineficiente, sendo um mundo sem exploração e desigualdade algo delirante.
Negando todo e qualquer espaço ao contraditório à URSS, e a todos os outros partidos e movimentos socialistas, essa máquina de propaganda foi crescendo a partir de um discurso hegemônico, coibindo qualquer tentativa dos marxistas de ocuparem esses canais para externarem suas posições. Condenado ao esquecimento, o socialismo só era citado de forma negativa, sempre remetida a estereótipos pobres e vulgares, criando assim uma onda alienante que também atingiu grupos de esquerda.
Nessa onda estão até hoje os partidos institucionais brasileiros ditos de esquerda (PSOL, PSB, PDT, PT, PCdoB, PCB e PSTU), completamente imersos nesse revisionismo, incapazes de compreender a importância da Revolução Soviética de 1917 e da construção de uma sociedade oposta à capitalista. Subordinados à Guerra Fria, todos esses partidos encamparam em seus discursos as mesmas frases feitas que permearam o movimento anticomunista da Guerra Fria. Completamente alheios aos avanços sociais e científicos do Bloco Socialista, essas organizações por muitas vezes colaboraram com as críticas infundadas do imperialismo, para tentar atrair a simpatia da mídia burguesa,
se submetendo ao consenso de uma sociedade alienada, que se ilude com um “capitalismo mais humano”, onde o conflito capital versus trabalho desapareceria em nome de uma democracia com valor universal.
De maneira branda e servil, ignoram, portanto, a necessidade da ruptura, resumindo-se a constituir uma esquerda social, tingida de rosa e parceira do grande capital, justamente porque representam uma oposição consentida e sabuja, aficionada não aos princípios, mas sim a cargos e, quando muito, defensoras de míseras politicas sociais dentro da ordem burguesa liberal. A contestação da a lógica do capital , do Estado burguês e sua farsa representativa e sua superação pelos oprimidos, são pontos considerados “antiquados” por uma esquerda oportunista. Presos ao eleitoralismo e distantes das massas, tentam produzir uma política rasteira, de mentiras e enganos, onde a militância é chamada a reproduzir por inércia um movimento que beneficia o continuísmo eleitoral, como se esse fosse o espaço principal e estratégico da luta de classes e do socialismo.
Todos esses partidos tivessem diante das críticas falaciosas da “engraçadinha das panelas” ou do “moderninho da bola”, teriam sucumbido covardemente. O ex-jogador Petkovic mostrou a esquerda institucional brasileira que a firmeza no socialismo e o reconhecimento do papel determinante de Josef Stálin é um caminho verdadeiro e necessário para se buscar uma nova ordem de igualdade e direitos reais, sem exploração de uma classe por outra. O socialismo do Leste Europeu e a figura história de Josef Stálin são coisas que valem ser defendidas custe o que custar, porque a verdade é revolucionária.
Dejan Petkovic provou que além de craque no futebol é também um guardião da Verdade Histórica, daqueles que não se intimidam com zagueiros e nem com trapaceiros!
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Luís Eduardo Mergulhão Ruas, Doutor em História Política – UERJ
João Claudio Platenik Pitillo, Doutorando em História Social – UNIRIO
MAZOLA
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