Por Alcyr Cavalcanti

Cariocas depositam fé e esperança em dias melhores. Cidade que já foi maravilhosa é um desafio para o prefeito eleito.

O prefeito Eduardo Paes assume pela terceira vez os destinos da Cidade Maravilha, mas em situação bem diferente de anos atrás. O Rio de Janeiro já não é tão maravilhoso assim, nem temos eventos internacionais para captar financiamentos bilionários, como os Jogos Olímpicos nem uma Copa do Mundo, onde o dinheiro jorrou à rodo sem controle algum O Rio era uma festa, ao contrário de agora onde uma terrível Pandemia atingiu a todos, do Alasca ao Alasca.  A Prefeitura da cidade era uma potência, o alcaide poderia se orgulhar e a cidade poderia manter o nome de Maravilhosa. Mas veio um falso profeta do Apocalipse e começou a botar tudo por terra, a governar para seus fiéis que acreditavam que com a IURD seriam arrebatados para as hostes celestiais e que Nova Jerusalém era aqui e agora.

Pra completar o quadro um vírus atingiu a todos ceifando milhares de vidas.

O sonho virou pesadelo, a cidade está em frangalhos, sujeira pra todo o lado, hospitais abarrotados com médicos e enfermeiros no limite, muitos sem receber um centavo sequer. A população de rua aumenta de modo assustador, o crack veio para devastar a todos. Milhares se espalham em baixo de marquises e viadutos em todos os cantos da cidade. Os mais de dois milhões de moradores em quase mil favelas vivem ao Deus dará, contando algumas com um nível de organização e fraternidade de  lideranças abnegadas e outras com o beneplácito dos “donos do morro” que fazem quando cismam uma política assistencialista para aumentar seu poder.

Esse é o retrato sem retoques da “Maravilha da beleza e do caos” como cantava o poeta, um desafio que não se sabe vai ser enfrentado, com seriedade.

A metrópole falida  foi o resultado de um desgoverno messiânico de falsos profetas que usam a sagrada palavra em vão, a enganar milhões de fiéis totalmente despossuídos que depositaram seus últimos centavos e a última esperança em pessoas que usaram e abusaram da Fé e da Esperança prometida para alcançarem dias de glória, mas no final receberam em troca muita tristeza e dor. Cabe a Eduardo Paes uma missão quase impossível, reverter essa situação tornar a Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro de novo Maravilhosa e assim  devolver a alegria e a dignidade a todos os cariocas.


ALCYR CAVALCANTI – Jornalista profissional e repórter fotográfico, trabalhou nos principais jornais do Rio de Janeiro e de São Paulo e em agências de notícias internacionais. Bacharel em Filosofia pela Universidade do Estado da Guanabara (atual UERJ) e mestre em Antropologia pela Universidade Federal Fluminense (UFF). Professor universitário, ex-presidente da ARFOC, ex-secretário da Comissão de Defesa da Liberdade de Imprensa e Direitos Humanos da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), colunista do jornal Tribuna da Imprensa Livre.