Por Sérgio Vieira –
Portugal / Europa – Séc. XXI.
Viajemos até 1986 com a assinatura à adesão de Portugal à então Comunidade Econômica Europeia, hoje somente União Europeia. Na altura então era Mário Soares o primeiro-ministro.
Beleeeeza! Um mar de rosas se abria àquele que era o primo pobre da Europa e como todos reconhecem era mesmo a cauda da Europa, servindo apenas como porta de entrada para quem na verdade queria uma Europa desenvolvida. Entenda-se e não confundamos, a verdadeira Europa era: França, Itália, Reino Unido, Alemanha e pouco mais. Nem a Espanha entrava nas contas dessa Europa “in”.
Entrava dinheiro a rodo e por todos os cantos em Portugal. Dinheiro que parecia não ter fim. Fizeram-se obras faraônicas. Imaginem autoestradas paralelas a outras autoestradas, sem a menor utilidade (ainda semana passada fiz uso de uma dessas inúteis autoestradas por uma questão apenas de conveniência e vi, não havia ninguém a circular nela).
Os bancos emprestavam dinheiro à esmo para pequenas e médias empresas renovarem os seus patrimônios comerciais e industriais e não muito frequentemente (para não dizer quase sempre) estes fundos eram utilizados na compra de Porsches, Mercedes, Austin Martins, Ferraris, e mais alguma “bomba” de 4 rodas que o industrial menos escrupuloso quisesse possuir. Isto sem falar na melhoria de seus bens patrimoniais (casas) com a instalação de piscinas, reformas e outros itens supérfluos. Com o residual do dinheiro sendo então aplicado no que realmente era a intenção do empréstimo, ou seja expansão e modernização do tecido empresarial. Nada era fiscalizado!
O político que mais se destacou na gestão deste dinheiro foi Aníbal Cavaco Silva (foto abaixo), primeiro-ministro de 1985 a 1995. Pessoa antipática, autoritária, rancorosa, feia de alma, de maus-bofes, individualista, enfim, um pequeno ditador em tempos de democracia. Responsável por fazer somente obras de fachada mais do que investir em modelos modernos na tão necessitada sociedade portuguesa como: saúde, educação, reforma dos serviços públicos, habitação e outros mecanismos sociais essenciais.
Um dia, enfim o dinheiro acabou e era a hora de Portugal começar a ajudar aqueles que entravam na União Europeia. O saco estava vazio!
Era então a hora de olhar para o estrago interno. Vêm então os bancos de mãos abanando pedindo ajuda. Bancos sólidos até então, mas que também tinham entrado na espiral de desperdício de tantos anos seguidos de descalabro e despesismo e que agora estavam descapitalizados face ao esbanjar com seus clientes pouco escrupulosos de todo o dinheiro “facilitado” pela União Europeia.
Voltemos aos dias de hoje. Um governo de maioria Socialista, mais ou menos confiável, que governa sozinho mas que tem que administrar os buracos financeiros que já vem de anos atrás.
Como citado em uma das minhas crónicas anteriores, temos agora o “câncer” de alguns bancos que faliram literalmente, vejamos o caso BES (Banco Espírito Santo) foi o mais flagrante, deixando milhares de correntistas que apostaram em investimentos menos claros, de mãos abanando e sem poupanças de uma vida inteira de trabalho, processo que se arrasta na justiça portuguesa, com ramificações cancerosas desde Portugal, passando pelo Brasil, Angola…etc. um verdadeiro império oco por dentro e que seu presidente era conhecido como “dono disto tudo”. Hoje vive em sua mansão e diz pelos seus advogados que sofre de demência e que não tem memória para se declarar em juízo sobre qualquer assunto. Neste processo está metido até ao pescoço o então primeiro-ministro José Sócrates. De salientar que com a falência do BES, surgiu o Novo Banco, resto bom do que sobrou do seu antecessor, mas que vive de mão estendida ao governo pedindo reforços gigantescos para seus capitais próprios.
Mais: o BPN (Banco Português de Negócios), BPP (Banco Português de Negócios), outro que deixou milhões por pagar aos seus clientes, TAP, Efacec, etc. Autênticos bueiros para onde escoa o parco e suado dinheiro dos contribuintes. Muitos outros casos poderiam aqui serem citados, mas esta coluna ficaria entediosa. A verdade é que a culpa vai morrer solteira. Sendo a culpa de todos em geral e de ninguém em particular.
Como diria o poeta: “somos todos a mesma carneirada”.
Portugal, na sua “grandeza” econômica não tem condições de sanar todos estes problemas para mal de sua população. E assim vamos vivendo de imposto em imposto, com esta política socialista instalada, não de todo má, mas incapaz de tapar o rombo do barco e levá-lo a bom porto.
Avante camarada, avante. Junta a tua à nossa voz!
SÉRGIO VIEIRA – Colunista do jornal Tribuna da Imprensa Livre, representante e correspondente internacional em Aveiro, Portugal. Jornalista, bancário aposentado, radicado em Portugal desde 1986.
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MAZOLA
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