Redação

Movimentos sociais e partidos de oposição ao governo Jair Bolsonaro decidiram, na tarde desta quinta-feira (27), convocar manifestações por todo o País em defesa da democracia e contra manifestações autoritárias do presidente. O tema será “Ditadura Nunca Mais” e a ideia é concentrar as mobilizações no dia 18 de março, uma quarta-feira.

calendário e o mote foram decididos em reuniões entre as 9 centrais sindicais — CUT, Força, UGT, CTB, Nova Central, CSB, CGTB, CSP-Conlutas e Intersindical — e as frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, que reúnem centenas de movimentos sociais, ao longo do dia.

Os grupos vão apoiar e levar o tema da defesa da democracia às manifestações pré-agendadas dos dias 8 (Dia Internacional da Mulher) e 14 (aniversário do assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes), mas o foco será no dia 18, para quando estavam previstos atos em defesa da educação e dos serviços públicos.

Segundo Guilherme Boulos, do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto) e da Frente Povo Sem Medo, a ideia é juntar as 2 pautas. “O mote vai ser ‘Ditadura Nunca Mais’, porque está cada vez mais claro que o Bolsonaro tem uma sanha de ditador. Ele quer construir um caminho autoritário para o Brasil. Não aceita oposição, não aceita contraponto, não aceita imprensa”, disse Boulos.

O pedido de impeachment e a bandeira “fora Bolsonaro”, sugeridos por algumas lideranças, foram rejeitados pelas entidades que entendem não haver, ao menos por enquanto, clima político para defender o afastamento do presidente.

“Que tem motivos, tem. O Bolsonaro tem dado motivos todos os dias, mas a natureza do impeachment é política, tanto que quem julga é o Congresso e não o Judiciário. Não podemos ser irresponsáveis”, disse o secretário de Comunicação do PT, Jilmar Tatto.

De acordo com Tatto, o monitoramento das redes sociais feito pelo PT mostrou arrefecimento no ânimo dos partidários de Bolsonaro da quarta para quinta-feira (27).

“Parece que este ato deles não vai ser tudo isso que estão falando”, disse. Segundo ele, ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu que o PT vá para as ruas em reunião com dirigentes na quarta-feira (26). “Temos que ir para a rua conversar com o povo”, disse Lula. Para o ex-presidente, o PT deve se concentrar em discutir os problemas da “vida real” das pessoas como a precarização dos empregos e a perda de direitos sociais.

De acordo com o presidente da UNE (União Nacional dos Estudantes), Iago Montalvão, o fato de o protesto do dia 18 ser contra a política econômica do ministro Paulo Guedes não deve afastar os grupos que defendem a democracia, se opõem às manifestações autoritárias de Bolsonaro, mas aceitam a agenda de reformas do governo.

Segundo ele, contrapor os grupos que vão às ruas no dia 15 para se manifestar contra o Congresso Nacional e o STF (Supremo Tribunal Federal) não significa defender o establishment.

“Nós não vamos às ruas para defender os interesses dos políticos que estão lá no Congresso. Vamos defender os princípios da democracia e tanto o Legislativo quanto o Judiciário independentes são princípios democráticos”, disse Montalvão. A UNE vai para pedir a saída do ministro da Educação, Abrahan Weintraub.

Em outra frente, a oposição aposta na inclusão de entidades representativas da sociedade civil como CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) e ABI (Associação Brasileira de Imprensa) que devem se reunir com representantes de partidos de esquerda — PT, PDT, PSB, PCdoB e PSol — na terça-feira (3), em Brasília. Essa reunião poderá contar com a presença do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) e outras lideranças do Congresso Nacional.

Mais amplo do que as articulações de esquerda, o fórum “Direitos Já”, que reúne representantes de 16 partidos — vários deles de centro e centro-direita — vai se reunir 1 dia depois dos atos pró-Bolsonaro para avaliar a situação. Por enquanto o “Direitos Já”, que tem entre seus incentivadores o governador do Maranhão, Flavio Dino (PCdoB), tem evento marcado para o dia 30, em São Luis.

“Vamos realizar um diálogo com as entidades da sociedade e partidos para avaliar os próximos passos diante da atitude do presidente de jogar a população contra o Congresso”, disse o coordenador do “Direitos Já”, o sociólogo Fernando Guimarães. (Com portal Terra)


Fonte: DIAP