Por Bolivar Meirelles

Pelo menos uma coisa, apelemos para a razão, a rede de governadores, grande parte de Estados do Sul, Leste e Centro Oeste, neoliberais portanto, estão defendendo as teses da Organização Mundial de Saúde, juntos, naturalmente, com governadores do Norte e Nordeste. Apenas excluso o do Distrito Federal, Brasília.

A discussão tem sido científica e médica, muito menos que política e ideológica. O isolamento do Governo Federal é problema dele, até o Trump recuou. O Presidente da Organização Mundial de Saúde não tem posição Partidária no Brasil, no entanto criticou o, hoje isolado, Presidente do Brasil no específico caso do comportamento frente o Novo Coronavírus. Não nos cabe, embora que difícil entender, que Dória, Caiado, o Governador do Estado do Rio de Janeiro, sejam, empedernidos gestores de esquerda ou mesmo de centro esquerda. É a luta contra a morte que une esquerda, centro esquerda e centro direita nesse conflito contra o, ainda sem vacina e sem remédio, Novo Coronavírus, o Covid-19.

O isolamento do Presidente da República e neoevangélicos (esses mais preocupados com a arrecadação dos templos em seus cultos) é uma questão verdadeira. A queda na arrecadação, as falências, o recuo na economia, resultantes naturais. Até os economistas liberais tem se posicionado frente a realidade concreta onde a questão do “equilíbrio fiscal”, nesse momento, tem de ser secundarisada. Não é que a questão econômica seja esquecida. Temos de lembrar o maior poeta da língua portuguesa, Camões, “Cesse tudo que a musa antiga canta que outro valor mais alto se levanta”. Se não exato foi o Camões que me veio a memória. O valor mais alto é a VIDA.

Quanto as questões do individualismo são naturais questões de ordem filosófica. Claro que a máxima cristã, “amai ao próximo como a si mesmo” é ineficaz em qualquer regime político e econômico que se sustente em classes sociais onde fica mais claro o dito popular “farinha pouca, meu pirão primeiro”. Infelizmente o individualismo impera nesse universo majoritário ainda. Entendido fica para os “falsos cristãos” que o próximo é, apenas, filhos, netos e…, para poucos sobreviventes,… bisnetos…tataranetos. Infelizmente, essa é a “realidade concreta”.

Como disse Fernando Pessoa, grande poeta moderno: “Navegar é preciso, viver não é preciso…”. O sentido do poeta é a certeza e a incerteza.


BOLIVAR MARINHO SOARES DE MEIRELLES – General de Brigada Reformado e Presidente da Casa da América Latina.