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OPINIÃO – A criança e o estupro educacional
Charge do Fernandes (Diário do ABC)
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OPINIÃO – A criança e o estupro educacional

Por Bolivar Meirelles

Absurdo! Quem quiz ser militar foi, como eu fui, para a Preparatória de Cadetes, cursou a Academia Militar das Agulhas Negras. Eu tinha um projeto, ainda influenciado pelo tenentismo. Encontrei um Exército bem diferente, um larvar anticomunismo e um Exército preparando seus oficiais para lutar contra o Inimigo Interno, o Povo reivindicador de seus direitos. Outros foram para o Colégio Naval e a Preparatória de Cadetes do Ar. Alguns, como eu, perceberam que, “bateram porta errada”, as Forças Armadas, não eram mais o local de luta em defesa da Pátria, de seu Povo, do Território Nacional, das Riquezas de seu País, do Solo e do Subsolo, do Aquífero. As Forças Armadas Brasileiras, no pós Segunda Guerra, derrotado o nazifascismo criou um ambiente, no Brasil também, de Guerra Fria.

A Escola Superior de Guerra foi criada, o entreguismo ao Império Norteamericano virou foco na defesa contra o “Comunismo Internacional”. O livro do General Golbery do Couto e Silva “Geopolítica do Brasil”, editado em 1952, destaca a nova ideologia entreguista. A Revolução Cubana daria, mais tarde, “argumentos” para os militares entreguistas se lançarem de “braços abertos” ao Império Norteamericano, criaram a concepção do Inimigo Interno, o Povo em luta por seus direitos. Os militares patriotas e socialistas, foram derrotados com o Povo Brasileiro em 1964, o Golpe de Estado efetivado no Brasil pelos monopólios e oligopólios, por grandes parcelas das camadas médias altas, por uma Igreja, a época, majoritariamente, reacionária e pela “batuta” do Império Norteamericano.

O que se propõe hoje nesse Governo Bolsonaro? A militarização da infância. A criação e aumento de Escolas Cívico Militares. A ideologização infantil. Isto é um crime contra a educação infantil. É um estupro intelectual. É a tentativa de militarização da criança. É enquadrá-las numa falsa disciplina. É o afastamento da criança do ambiente de liberdade onde ela possa exercer a relação educação/educando. A militarização da educação é um crime contra o pensamento livre onde atuais alunos e alunas, hoje crianças, possam ser os futuros adultos, educadores de amanhã, num ambiente expandido em liberdade crítica.


BOLIVAR MARINHO SOARES DE MEIRELLES – General de Brigada Reformado, Cientista Social e Presidente da Casa da América Latina.

Envie seu texto para mazola@tribunadaimprensalivre.com

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