Por José Carlos de Assis

Quem foi responsável por mil toneladas de madeira ilegal apreendidas na Amazônia logo no início do governo, e o que aconteceu com elas?

Se Bolsonaro não interfere na PF, por que o superintendente que fez a apreensão foi demitido do cargo?

Se o governo Bolsonaro não tem corrupção, como explicar o uso pela estatal Codevasf, em contratos superfaturados com empreiteiras articulados na Casa Civil, de verbas do orçamento secreto manipuladas pelo Centrão, dono de um terço dessas verbas?

Como falar em governo sem corrupção quando o próprio orçamento secreto é uma evidência de corrupção articulada entre Executivo e maioria do Congresso, através do Centrão, para compras de votos nas eleições?

Se não há corrupção no governo Bolsonaro, como justificar a redução brutal das verbas para as universidades federais, enquanto as verbas do orçamento secreto, destinadas à manipulação eleitoral pela Codevasf, virtualmente dobraram entre 2019 e 2021?

Se Bolsonaro não patrocina a corrupção, como justificar a aliança dele com seu aliado Cláudio Castro, governador do Rio, que está usando parte de mais de 20 bilhões de reais da privatização da Cedae, viabilizados por Guedes, para comprar votos pelo país afora através de mais de 20 mil cabos eleitorais fantasmas contratados pela Ceperj?

Se Bolsonaro não protege a corrupção, como o desmatamento ilegal cresceu exponencialmente durante o seu governo, a despeito de ele considerar na entrevista seu primeiro ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, o mesmo que foi demitido por causa da apreensão de 500 mil toneladas de madeira ilegal, como um modelo ministerial?

Se não há corrupção no governo Bolsonaro, como o garimpo ilegal pode ter aumentado tanto durante os últimos anos, sob sua proteção?

Se não há corrupção no governo Bolsonaro, o que dizer das emendas parlamentares liberadas através da Casa Civil para compras superfaturadas nas áreas de saúde e de saneamento, também sob o comando do Centrão?

Com os recursos da Globo, teria sido possível acrescentar dezenas de situações e eventos de corrupção de Bolsonaro nessa lista. É difícil compreender por que Bonner e Renata ficaram tão desconcertados com mentiras óbvias de Bolsonaro, ao ponto de perderem o controle de uma entrevista que até começaram muito bem.

JOSÉ CARLOS DE ASSIS – Jornalista, economista, escritor, colunista e membro do Conselho Consultivo do jornal Tribuna da Imprensa Livre; Professor de Economia Política e doutor em Engenharia de Produção pela Coppe/UFRJ, autor de mais de 25 livros sobre Economia Política; Foi professor de Economia Internacional na Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), é pioneiro no jornalismo investigativo brasileiro no período da ditadura militar de 1964; Autor do livro “A Chave do Tesouro, anatomia dos escândalos financeiros no Brasil: 1974/1983”, onde se revela diversos casos de corrupção. Caso Halles, Caso BUC (Banco União Comercial), Caso Econômico, Caso Eletrobrás, Caso UEB/Rio-Sul, Caso Lume, Caso Ipiranga, Caso Aurea, Caso Lutfalla (família de Paulo Maluf, marido de Sylvia Lutfalla Maluf), Caso Abdalla, Caso Atalla, Caso Delfin (Ronald Levinsohn), Caso TAA. Cada caso é um capítulo do livro; Em 1983 o Prêmio Esso de Jornalismo contemplou as reportagens sobre o caso Delfin (BNH favorece a Delfin), do jornalista José Carlos de Assis, na categoria Reportagem, e sobre a Agropecuária Capemi (O Escândalo da Capemi), do jornalista Ayrton Baffa, na categoria Informação Econômica. Autor de “A Era da Certeza”, que acaba de ser lançado pela Amazon. Em função das boas práticas profissionais recebeu em 2019 o Prêmio em Defesa da Liberdade de Imprensa, Movimento Sindical e Terceiro Setor, parceria do jornal Tribuna da Imprensa Livre com a OAB-RJ.

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