Por Bolivar Meirelles

Homem de oratória invulgar. Reconhecido até pelos adversários políticos. Como o PCB em 1922 nascia filho do Anarquismo. Carlos Lacerda, pouco antes, nascia filho do grande político e orador Maurício Lacerda, anarquista. Maurício Lacerda admirado sempre pela esquerda brasileira. Carlos Lacerda inicia sua lide política na Juventude do PCB. Leu no Teatro João Caetano o manifesto, naturalmente por decisão da direção do Partido onde militava, da proposta do nome de Luiz Carlos Prestes para Presidente da Aliança Nacional Libertadora. 1935 fervia. Grande e belo início de “carreira” política! Carrega do PCB uma herança, antigetulista convicto. Passa para a UDN, apoia o Brigadeiro Eduardo Gomes. É eleito vereador por esse Partido, permanece até o fim de sua vida nele. Existência política e de jornalista político conturbada. Assume a liderança da direita conservadora. Cria um jornal para combater um gigante do jornalismo político brasileiro, Samuel Wainer. Lacerda aperta o cerco e leva Getúlio Vargas ao suicídio. Menos pela desqualificação autoritária do ex-ditador no Estado Novo mas pela retórica do “Mar de Lamas”, este nunca provado mas do agrado de sempre dessa pendular dita “classe média”, camadas médias altas da sociedade. Ficou, pelo sua trajetória conflituosa permanente de um político que pretendia ser Presidente da República, batendo com todos, denominado “Metralhadora Giratória”.

Acabou na Frente Ampla se encontrando no exílio com Juscelino Kubitschek e João Goulart. Três perdedores para o Golpe de Estado de 1964. Golpe que Carlos Lacerda havia apoiado.

Hoje tem um político oriundo da ARENA, partido político dos apoiadores dos Governos Militares ditatoriais criados no pós Golpe de Estado de 1964 no Brasil. Em seu malabarismo de pertencer a 10 Partidos Políticos, hoje está locado, claro porque a dignidade patriótica de Leonel de Moura Brizola não está mais viva, dirigindo o Partido que criou, o PDT, Ciro Gomes, o oportunista da hora, junto com o medíocre Lupe, rapinadores do e no PDT.

Mas não tem Ciro Gomes, nem de um nem de outro, nem de Carlos Lacerda, nem de Leonel Brizola, os três focados em serem Presidentes da República Brasileira, as qualidades de liderança. Ciro oriundo da direita retrógrada tenta “vender” a sua imagem como nacionalista e democrata. Não é “alho nem bugalhos”. Centrou sua metralhadora giratória em Lula, claro que buscando “holofotes”. Agora, trêmulo, perde seu alvo, Lula, mais esperto que ele, não deixa identificar onde e como pretende jogar sua liderança pessoal e seu PT. Ciro, “treme nas bases” já não sabe se atira em Boulos, em Flavio Dino ou em duas mulheres, seria acusado de misoginia (contra o direito a igualdade pelas mulheres).

Manuela D’Ávila e Marília Arraes, vocês também podem ser alvo desse incomodado permanente, de quem nunca será Presidente da República, o Ciro Gomes mutante de dez Partidos, da Arena ao PDT pós Brizola.

Só que o título que já pertenceu a Carlos Lacerda, “metralhadora giratória” só cai em Ciro Gomes, como diria Karl Marx, como “Farsa”. Cuidado Ciro Gomes, ódio demais pode ser entendido como “amor não correspondido”, você não conquistou o Lula.


BOLIVAR MARINHO SOARES DE MEIRELLES – General de Brigada Reformado, Cientista Social, Mestre em Administração Pública, Doutor em Ciências em Engenharia de Produção, Pós Doutor em História Política, Presidente da Casa da América Latina e Colunista do jornal Tribuna da Imprensa Livre.