Por Sérgio Cabral Filho –
Microcrédito é a chave para dar potência ao número impactante de 25,6 milhões empreendedores individuais no Brasil.
Pessoas que acreditam nos seu taco, na sua capacidade de empreender e crescer profissionalmente. Costureiras, artesãos, comerciantes, representantes comerciais, vendedores de roupas e cosméticos, artistas de todos os matizes, cabeleireiras, manicures, motoristas, mecânicos, pedreiros, profissionais liberais, enfim, milhões de pessoas que precisam de crédito e só encontram juros extorsivos no mercado formal ou agiotas. Essa é a realidade de brasileiros que não têm entidades fortes para defender seus interesses junto às instituições públicas e privadas nas mesas de decisões do país, dos estados e dos municípios.
Aqui no Rio, a AgeRio, agência de fomento para micro, pequenos e médios empreendedores, e agente repassador do BNDES, financiou milhares de micro empreendedores nas comunidades pacificadas pelas UPPs.
Daí surgiram empreendimentos que tiveram muito êxito em diversas favelas como Complexos do Alemão, Complexo da Penha, Rocinha, Pavão-Pavãozinho e Cantagalo, Salgueiro, Mangueira, etc. Infelizmente, com a deterioração da paz, muitos não resistiram. Alguns sobreviveram como o Bar da Davi no Chapéu Mangueira, no Leme. Vitorioso no concurso Comida de Buteco, segue resiliente e com enorme sucesso desde 2010.
Oportunidade! É sobre isso que devemos nos concentrar no Brasil. Um país de oportunidades abissalmente desiguais. Um círculo cada vez mais injusto. Os que têm oportunidade de se capacitar ao longo da vida, acessar o aperfeiçoamento de aptidões e desenvolver seus negócios. Os que já herdam pequenos, médios e grandes negócios e têm facilidades de acessar o crédito.
Os Estados Unidos se desenvolveram à base de crédito na veia. Na falsa crença individualista do self made man, mas com os bancos oferecendo juros de mãe para filho aos seus habitantes.
Cadê o Sistema S nos colégios públicos de ensino médio desse país dando suporte ao poder público no estímulo ao empreendedorismo? Há que se ter uma grande articulação MEC e as redes de ensino público nos estados e municípios, além da sociedade civil.
Os adolescentes que ultrapassam as difíceis barreiras da vida para concluir o ensino fundamental e alcançar o ensino médio já são heróis nacionais. Mas precisam de noções do que é empreender. Seus percalços e oportunidades de realização profissional. Dar a esses adolescentes e jovens o conhecimento de aptidões para além das matérias curriculares. Noções e estímulos para empreender.
Claro, que para isso, há que se ter uma estrutura de crédito, amparo e orientação para os 25,6 milhões de micro empreendedores atuais. Para que os adolescentes e jovens sintam, muitas vezes em suas próprias famílias e círculo de convivência, que empreender vale a pena no Brasil.
SÉRGIO CABRAL FILHO – Jornalista e Consultor Político da Tribuna da Imprensa Livre.
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