Por Sérgio Cabral Filho

“Precisamos conquistar corações e mentes”

Essa frase foi cunhada pela primeira vez pelo general Louis Hubert Gonzalve Lyautey, conhecido como o grande colonizador da França, e ministro da guerra na Primeira Guerra Mundial.

Ganhar corações e mentes passa por uma estratégia áudio visual. O cinema de Hollywood foi o grande alavancador planetário do “American Way of Life”. Os hábitos, as gírias, o vestuário, a música, as guerras e os inimigos dos EUA, tudo isso embutido nas telas de cinema, nas TVs de todo o mundo e, por último, nos streamings e nas redes sociais.

Pois bem, o Congresso Nacional está na iminência de votar a nova Lei do Audiovisual. Lei essa que tive o privilégio, no Senado Federal, de ser relator na comissão designada para avaliar sua renovação.

Há forte lobby para tirar o conteúdo nacional em salas de exibição e nas TVs. Absurdo! Risco de toda a conquista dos brasileiros se ver nas telas ir por água abaixo.

País que não se vê nas telas é país fadado a perder sua identidade própria. Todos os países desenvolvidos do mundo se preocupam na valorização da sua identidade nacional. E tem políticas públicas de audiovisual que dão ao conteúdo nacional cotas de veiculação.

Política de cotas não é favor! É afirmação de compromissos.

Compromisso com a cultura, com políticas públicas que deem a segmentos da sociedade oportunidades e instrumentos de emancipação e ascensão.

Portanto, a lei de cotas de conteúdo nacional no audiovisual não deve ser mexida! A não ser para ampliar a percentagem da produção nacional. Repito: não é favor nenhum. É afirmação de brasilidade e a oportunidade do brasileiro se ver, se sentir, chorar e sorrir com personagens da sua vida real, da história do seu país, de vilões e heróis palpáveis.

A lei de cotas possibilitou que milhares de profissionais do audiovisual se destacassem na cena nacional e internacional. Vamos liquidar essas gerações de profissionais?

O Congresso Nacional, a começar pelos presidentes Pacheco e Lira, tem demonstrado compromisso com a nação. Tenho convicção que não passará nenhuma tentativa de desmanchar uma conquista tão significativa.

Tive uma experiência fantástica como governador. Realizamos o programa “Cinema para Todos”, somente com conteúdo nacional, em salas de exibição no horário matutino, para os estudantes de ensino médio da rede pública estadual. Mais de dois milhões de ingressos foram comprados pelo Governo do Estado. Secretarias de Cultura e Educação foram as líderes do projeto, sob a batuta de duas mulheres incríveis: Adriana Rattes e Teresa Porto.

Os jovens, após a exibição, debatiam o filme com as atrizes e atores e a direção do filme. O mais incrível e chocante: muitos nunca haviam assistido um filme brasileiro.

Daí a atualidade da música dos mestres Aldir Blanc e Maurício Tapajós, interpretada pela maior de todas, Elis Regina: “o Brazil não conhece o Brasil…”

SÉRGIO CABRAL FILHO – Jornalista e Consultor Político da Tribuna da Imprensa Livre.

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