Por Iluska Lopes

Os espumantes brasileiros tem tradição, sua história no Brasil existe há mais de 100 anos, nossa qualidade fez com que esse estilo de vinho se tornasse um dos produtos preferidos pelos consumidores.

Em 1913 foi produzido o primeiro vinho espumante no país, e nessa época, esse estilo de vinho era conhecido como champanhe. Com o passar do tempo a região de Champanhe, na França, se tornou demarcada e seu comitê que controla absolutamente tudo desde o plantio até o produto final engarrafado reivindicou a exclusividade do uso do nome, então só os espumantes produzidos em Champanhe podem usar essa “marca” que rende a França mais de 5 bilhões de euros por ano. Crémant é o espumante francês feito pelo método champenoise (onde a segunda fermentação é na garrafa) fora da província de Champanhe.

Na Espanha, esse tipo de espumante se chama Cava. Prosecco é o espumante Italiano leve e fresco, fácil de beber produzido pelo método charmat (segunda fermentação em tanque). A Itália já está em processo para garantir o uso exclusivo do nome Prosecco. Na ilha da Tasmânia (Austrália) produzem excelentes espumantes pelo método tradicional de pinot noir e chardonnay, são intensos e cremosos.

Podemos degustar vários estilos de espumantes: com boa estrutura, intenso, cremoso (método tradicional), leve, jovem e frutado (método charmat) e os doces (método asti). Sur lie é um estilo de espumante onde as leveduras permanecem dentro da garrafa.

Os espumantes podem ser: Brancos, Rosés ou Tintos.

Tipo Nature, – até 3 gr de açúcar por litro;
Extra Brut – de 3 até 8 gr de açúcar por litro;
Brut – 8 até 15 gr de açúcar por litro;
Sec – de 15 até 20 gr de açúcar por litro;
Demisec – de 20 até 60 gr de açúcar por litro;
Doce – de 60 até 80 gr de açúcar por litro.

Espumante é um grande estilo de vinho, o gás carbônico produzido durante a fermentação nos traz uma característica sensorial diferente e muito agradável. Obviamente o serviço correto influencia para que sua experiência na degustação seja incrível. A temperatura correta (5 a 8 graus), a taça, e a medida certa completam seu deleite. O método da produção do espumante não determina qualidade, seja ela segunda fermentação na garrafa (método tradicional / champenoise) ou em tanque (método charmat). A qualidade do espumante está associado à qualidade das uvas e o tempo de autólise (período de contato do vinho com as leveduras) onde ocorre a evolução do vinho. Obviamente que fatores como terroir e clima vão interferir no resultado, também podemos dizer que a colheita manual é outro fator que resulta em ótimos vinhos.

Nossa diversidade possui tanta qualidade que a Associação Brasileira de Enologia (ABE) criou em 2010 o concurso “Espumante Brasileiro”.

A Campanha Gaúcha produz ótimos espumantes, em especial o tinto ‘Brut Noir de Merlot’

Tem muita gente que não conhece ou ouviu falar do espumante tinto produzido pela vinícola Guatambu, por isso quero destacar aqui essa delícia de casta tinta. Ele é intenso, apresenta tanino e é excelente para gastronomia, harmoniza muito bem com comidas gordurosas que tem muito sabor. Este espumante possui o Selo de Indicação de Procedência (IP).

Esse delicioso espumante tinto ‘Brut Noir de Merlot‘, produzido em método tradicional pela vinícola Guatambu é o único espumante tinto do Brasil elaborado 100% com uvas merlot. De coloração rubi e com perlage elegante e persistente, é refrescante, tem taninos macios e aveludados, aromas de cereja e morango, em boca é cremoso, traz uma mistura de amêndoas tostadas, geleia de morango e um toque de chocolate amargo que convidam a seguir degustando.
Harmoniza com pratos como feijoada, cordeiro, porco e rabada.

O tempo mínimo de autólise do tinto ‘Brut Noir de Merlot’ é de 8 meses.

Na Campanha Gaúcha temos diferentes perfis e estilos de vinho, isso porque as estações são bem definidas, verão quente e iluminado, pouca chuva com invernos muito frios. A Campanha é quente com noites temperadas, tem bastante umidade, o solo pedregoso, arenoso e argiloso com boa drenagem, contribui para o desenvolvimento ideal do ciclo da videira e favorece o amadurecimento de uvas tardias. O terroir do pampa gaúcho produz ‘vinhos nobres’, ou seja, vinhos com taninos macios, teor alcoólico alto (de 14 a 16%). O vinho nobre é gastronômico, tem maior volume, estrutura mais definida, maior persistência em boca e muita fruta madura. Costumo dizer que o bom vinho nasce no vinhedo e o terroir da Campanha Gaúcha produz vinhos potentes de alto nível internacional, destaque para as uvas Tannat, Merlot e Cabernet Sauvignon.

Sede da vinícola Guatambu

A Campanha Gaúcha possui IP – indicação de procedência, e um conselho regulador que controla a produção dentro dos seus 40 mil km². É bom lembrar que a Campanha está entre os paralelos 29 a 31. Os melhores vinhos do mundo são produzidos entre os paralelos 30 a 50.

A melhor época para visitar a Campanha é na primavera.

O Brasil produz vinhos desde a colonização, a primeira vinícola registrada no Brasil no final de 1800 foi na Campanha Gaúcha. A Vinícola Guatambu tem uma relação muito forte com o campo, e diversidade é o que temos no Pampa Gaúcho, região do Brasil fronteiriça com o Uruguai e Argentina, sua área ampla e plana, favorece a pecuária, é a segunda região produtora de vinho no Brasil.

A safra 2021 foi uma das melhores para produção de espumantes no Brasil

O clima ameno favoreceu a qualidade e a produtividade da uva, segundo o gerente da pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Carlos Barradas, “as condições de estiagem, combinadas com grande amplitude térmica diária, de dias quentes e noites frias, ocorridas no final da primavera e início do verão, não anteciparam o ciclo e foram muito favoráveis para a quantidade e a qualidade enológica das uvas precoces”.

Como as uvas precoces fazem parte do corte clássico (chardonnay e pinot noir) dos espumantes, podemos dizer que 2022 será o ano dos espumantes.

Então é hora de degustar, um brinde ao vinho das borbulhas!

ILUSKA LOPES – Jornalista, Sommelier e proprietária da IPANEMA WINE BAR. Especialista em Turismo, Professora, Locutora, Colunista e Diretora de Redação do jornal Tribuna da Imprensa Livre. iluska@tribunadaimprensalivre.com


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