Redação

1 – Melvin Jones.

O Leonísmo nasce do propósito de um homem de colocar a própria vida a serviço de um ideal. Aos 33 anos, em 1913, durante um almoço de negócios em um Clube de Chicago, ele usa da palavra para conclamar seus companheiros a empreender ações voltadas aos mais necessitados.

Sua convicção “Ninguém avança na vida se não começa a fazer alguma coisa pelo próximo” contagia, rende frutos e, alguns anos depois, já reúne 22 Clubes. Na primeira Convenção realizada, em outubro de 1917, consegue a aprovação de um Estatuto, a escolha das cores da bandeira e a adoção do nome Lions para a Organização.

Este empenho e união para a prática de atividades filantrópicas faz do Lions a primeira organização não governamental a fazer uma convocação pública, a Campanha Comunitária de Arrecadação de Fundos e Materiais para doação às famílias de soldados vitimados pela Primeira Guerra Mundial. É uma contribuição decisiva para atenuar as consequências da guerra e ajudar na formação de políticas públicas de benefício social. Após 44 anos comandando o Leonísmo, Melvin Jones recebe o reconhecimento devido, ao representar o
Lions Internacional na cerimônia de fundação da ONU.

Ao longo do século, o ideal de Melvin Jones vai se constituindo em aspiração de muitos, transformando o conceito de filantropia no de assistência com cidadania. Para isso, busca novas formas de despertar interesse e fornecer subsídios para a política oficial. Com seu profícuo e incansável trabalho, o Lions se mantém firme na promoção da dignidade humana, driblando eventuais crises e os “quebra-molas” postos por uma economia globalizada, mas
marcada pela desigualdade, atingindo ao fantástico marco atual de 46 mil clubes em 218 países.

2 – Armando Fajardo.

Cumprindo seu mister de derrubar fronteiras, o Leonísmo chega ao Brasil, em 1951, pelas mãos de Armando Fajardo, quando este é apresentado, por Pedro Berro, presidente do Jockey Club de Montevidéu, ao movimento implantado.

Logo após esse encontro proferiu a seguinte declaração: ”conheci as finalidades de nossa grande associação, senti a beleza de seus propósitos de servir desinteressadamente, de congregar elementos bons para promover, tomar, unir e estimular os objetivos de generosa aproximação humana, dentro da liberdade individual e coletiva, entre homens, povos e raças. Assim, imediatamente, senti o que era o Leão que sou e serei”.

De volta ao Brasil, em almoço realizado no Jóquei Clube em 16 de abril de 1952, forma um grupo de 40 cidadãos de bem e funda o Clube de Leões do Brasil, nome alterado, em 2 de julho do mesmo ano, para Lions Clube.

Fajardo permanece à frente do Lions por décadas, sendo eleito, em 1953, o primeiro Governador do Distrito Leonístico do Brasil e, em reconhecimento a seu trabalho, recebe o
título de Patrono do Leonísmo Brasileiro, moção do Lions Clube Rio de Janeiro Madureira aprovada durante a 10ª Convenção Nacional, em maio de 1964, em Salvador.

Inscreve, assim, seu nome na história Leonística, conquistando incontáveis adeptos e conclamando para a importância de estar atento ao próximo. Resumiu, em 1962, quando, na condição de Conselheiro Internacional, festejou os 10 anos de Leonísmo brasileiro: “dever cumprido no servir desinteressado, vibrantes no sentimento humano por amor ao próximo. Assim sendo, nosso futuro caminhará, por certo, no sentido de que todos irmanados faremos um Leonísmo cada vez maior e melhor para o Brasil e o mundo”.

É no Rio de Janeiro, portanto, que o Leonísmo brasileiro inicia sua trajetória há 67 anos. Em seguida foram fundados o Lions de São Paulo, em 23 de julho de 1952, por Floriano Peixoto Santos, o de Salvador, em 21 de março de 1953, por Nivaldo Navarro, e sucessivamente o do Paraná, Minas Gerais, Santa Catarina, Santos e assim por diante.

3 – Lions Clube do Rio de Janeiro.

Cabe destacar o papel fundamental do primeiro presidente do Lions Clube do Rio de Janeiro, Dr. Arnaldo Moraes, médico nascido em 28 de agosto de 1893 que, ao lado de Fajardo, trava uma luta incansável para a consolidação do movimento Leonístico no Brasil. Paralelo a uma carreira brilhante, Dr. Arnaldo arregaça mangas na defesa do ideal comum, batalhando pela adaptação dos dispositivos regulamentares do Lions aos sistemas brasileiros.

Graças a esses Companheiros, vão sendo superadas gradualmente as diferenças culturais e dificuldades funcionais. Fajardo, por exemplo, era intransigente na defesa da necessidade de o Lions adaptar o seu ideário ao modo de ser brasileiro. O reconhecimento dos americanos se dá com a entrega da Carta Constitutiva a Fajardo pelo Presidente Internacional M. Ebert, em assembleia realizada no Copacabana Palace, em 11 de junho de 1952.

Voltando à fundação, podemos reconhecer como o bem pode contagiar pessoas do mesmo quilate. Com dois meses e meio de atuação, o Lions dobra o número de sócios e ganha o apoio incondicional da mídia impressa. Surge, então, o Distrito L. Assim, o Lions, além de aumentar o próprio quadro, fixa objetivos, aprova Estatutos, adapta-se ao jeito americano e firma definitivamente o nome Lions em substituição ao anterior Leões, baseado no acróstico Liberdade, Inteligência, Ordem, Nacionalidade e Serviço.

Fiel a seu lema, o Clube passa a investir no civismo, homenageia o Exército Brasileiro, participa da parada de 7 de setembro e lança mão da edição de impressos: um, que reúne seus Principais Objetivos, e outro, um Código de Ética, documentos estes inéditos no Brasil.

Outros pontos merecem destaque, ao longo da história da organização: a 11ª Convenção, realizada em São Paulo, instituiu o dia 16 de abril como Dia Nacional do Leonismo Brasileiro, em alusão à data de fundação do Lions.

Duas importantes moções foram aprovadas na 4ª Convenção Nacional, em 1957: lançamento do nome do Marechal Cândido Mariano Rondon para Prêmio Nobel da Paz e recomendação de que cada associado tome a si a tarefa de alfabetização de um brasileiro.

Em 1957, o CL Negrão de Lima, embaixador do Brasil em Portugal, “exporta” a Campanha da Bengala Branca, que implantava o treinamento no uso da bengala, para o Instituto do Cego do país luso.

A partir de 1962, o Lions Clube do Brasil é homenageado com a designação de Mater Clube do Brasil.

No AL 2010/2011, o Mater assume a Governadoria do Distrito LC 1 que passa a ser comandado pelo CL Almir Baptista – um empresário e economista com vasta experiência em gestão – e sua domadora e CaL Eliana Baptista.

Nesta gestão realizamos a 12ª Convenção do Distrito LC-1, a bordo do transatlântico MSC Música, chamada de Convenção dos Sonhos. Dessa forma, equilibramos as finanças e solucionamos conflitos de relacionamento.

Entre os bons resultados alcançados, a remodelação da sede do Distrito, a aquisição de computadores, televisão, condicionadores de ar tipo Split e a manutenção da folha salarial em dia. Passou o comando, ao término da gestão, com saldo positivo, o que possibilitou a implantação do primeiro Curso de Formação de Cuidadores de Idosos do Distrito.

Também para responder às revoluções dos dias atuais, consideramos de fundamental importância o diagnóstico preciso de demandas sociais mais urgentes como a Campanha de Combate ao Diabetes e o Programa Strides (Avante) de Conscientização Acerca do Diabetes no DMLC, do Lions Internacional. Comandadas pelo médico, CL Izidoro de Hiroki Flumignan, atual presidente do Mater e diretor da Associação Carioca de Diabetes, orienta os diabéticos e suas famílias a praticarem exercícios físicos, alertando-os sobre sua relevância para o tratamento e a prevenção.

Para maior alcance de seus objetivos, o Programa concilia diversão e serviço. Desenvolve um conjunto de atividades para a comunidade que inclui o incentivo a caminhar, dançar, correr, andar de bicicleta e praticar outros exercícios. Também são realizados testes glicêmicos, exames físicos, divulgação do Programa na mídia, o que implica aumento da abrangência de ações preventivas a diabetes, além da divulgação do trabalho do Lions Clube.

Recentemente o CL Izidoro proferiu a palestra “A conexão entre a obesidade e a diabetes: a epidemia que está em nossas casas”, durante o Fórum de Saúde, realizado na sede do Lions Clube da Ilha do Governador, que beneficiou cerca de 2 mil pessoas que acessam regularmente o site e redes sociais do Mater.

Outra importante questão de saúde é a Campanha de Prevenção do Câncer de Mama, comandada pela CaL Terezinha de Freitas, que, após realizar exame e constatar alguma anormalidade, encaminha pacientes para exame de mamografia, biópsia e, caso seja necessário, cirurgia no Inca.

Na área da visão, o Mater elabora projetos direcionados para restaurar a visão e saúde oftalmológica, realizando mensalmente, nas Feiras de Saúde, exames de acuidade visual, atendimento médico oftalmológico e, se for o caso, procedendo a doação de óculos ou o encaminhamento para cirurgias pelo Sistema de Regulação do SUS.

4 – O Mater e o Momento Atual.

O Brasil de hoje enfrenta uma forte recessão na economia, falta de investimentos e taxa de desemprego na ordem de 12% da população. A isso se somam questões como a falta de segurança, a eventual dispersão da evolução tecnológica e conectividade permanente.

Grandes mudanças caracterizam a sociedade atual no plano global e outras tantas, para nós, brasileiros. O individualismo vigente, a falta de ética, os “messias” contemporâneos que usam a concessão de benesses como “isca”. O homem pós-moderno, massificado de informações desde a primeira infância e, no outro extremo, vivendo cada vez mais. Organizações não governamentais cada vez mais específicas, mais direcionadas. Novos paradigmas ditados pela cultura da urgência e por um avanço científico e tecnológico avassalador. Tudo isso concorre para a estagnação do quadro de sócios e reclama novas formas de atuação.

Como nós, Leões, podemos fazer frente a todos esses desafios?

Penso que uma das forças que nos impulsiona é o orgulho de estarmos engajados na maior organização de prestação de serviços sociais do mundo e, em decorrência disso, a certeza de que precisamos continuar e criar mecanismos eficazes de realização. Outro recurso possível é uma administração ágil, técnica e competente.

E assim, ombro a ombro, passo a passo, obedecendo a sua vocação secular de ajudar o próximo e promover a dignidade humana, o Lions Clube cumpre a missão primordial de dar esperança a quem depende dela. Superando dificuldades, adaptando-se a novos hábitos e comportamentos, atento às mudanças impostas pelo avanço da ciência e aceleração tecnológica, o Leonísmo se atém à essência humana, construindo amizades, praticando a
solidariedade, derrubando fronteiras, encurtando distâncias, constituindo-se como um libelo universal da paz.

Por reconhecer Jesus Cristo como o maior Leão de todos os tempos, inspiramo-nos em sua palavra para somarmos esforços em defesa da família e da Pátria, e no exercício pleno e ilimitado de amor ao próximo.

(Fonte: Lions Clube)