Por Pedro do Coutto –

O IBGE divulgou na quarta-feira os resultados do censo de 2022, que enfrentou dificuldades para ser realizado, sobretudo pelo temor de que o agente responsável por realizar a pesquisa não fosse do Instituto. Em milhão de domicílios, acentua o IBGE, moradores não responderam ao pedido de informações. Chama atenção e causa estranheza o fato de o número de domicílios ter aumentado 34%, enquanto o total de habitantes subiu apenas 6,5%.

Com isso, o número de domicílios no país teria atingido 90 milhões de unidades e a população ficado em 203.062. 512 pessoas. O espaço de tempo para os dois cálculos é de 12 anos, confrontando a situação de 2010 com a de 2022. O crescimento de 34% no número de domicílios representa, em princípio, que no período em foco surgiram no país cerca de 20 milhões de habitações. Não houve investimentos na habitação que possam justificar esse aumento de domicílios.

QUEDA – A média de pessoas por residência caiu para 2,7, índice muito baixo, uma vez que sabemos que nas áreas de baixa renda a pressão demográfica é intensa. A questão, pois causa espanto. No O Globo, Folha de S. Paulo e o Estado de S. Paulo publicam amplas reportagens sobre o assunto.

Um dos reflexos da população ter ficado abaixo do que era previsto será o aumento da renda per capita, pois para construir 20 milhões de novas residências é preciso que o trabalho reflita no Produto Interno Bruto. Vários ângulos do resultado do censo devem ser objetos de atenta análise. No O Globo, a reportagem é de Cássia Almeida, Carolina Nalim, Ana Flávia Pilar, Juliana Causin e Beatriz Coutinho. Na Folha de S. Paulo, de Leonardo Vieceli, Isabella Menon, Diana Yukari e Thiago Queirolo. No Estado de S. Paulo é de Roberta Jansen.

Um deslocamento de milhões de pessoas no país ao longo de 12 anos não é um acontecimento simples. É preciso que o IBGE forneça dados mais detalhados sobre o êxodo que teria como uma dos principais motivos o temor à violência urbana. Um crescimento que chama atenção é relativo à população de Brasília que teria atingido 2,8 milhões de habitantes, significando um desastre para o tamanho da cidade, mesmo incluindo as cidades satélites de Taguatinga, Gama, Ceilândia, Paranoá, entre outras. Representa uma ultrapassagem enorme da capacidade prevista para a cidade por Oscar Niemeyer e Lúcio Costa quando ela foi inaugurada em 1960.

TRADUÇÃO – As estatísticas brasileiras precisam ser mais nitidamente elaboradas e traduzidas para a opinião pública. Por exemplo, a questão da população, pelas matérias divulgadas pelo IBGE, deixou de incluir os índices médios de mortalidade. Pelo que me lembro, a mortalidade oscila entre 0,6% a 0,7% ao ano.

É possível que o crescimento da população tenha sido baixo por causa de uma mortalidade mais elevada do que esses dois índices, tendo como motivo a Covid-19 e também a violência urbana que produz mortes em série em todos o país. O índice de mortalidade deve estar influindo no crescimento menor da população. E se a longevidade não aumentou, a violência teria grande destaque nos números apresentados. É importante o IBGE fornecer esses dados.

FINANCIAMENTO – Na Folha de S. Paulo, Idiana Tomazelli e Natália Garcia publicam reportagem revelando que o governo, iniciativa do ministro Fernando Haddad, vai liberar mais R$ 300 milhões para a compra de carros com desconto.

O movimento de venda de carros foi bastante intenso com a primeira etapa do financiamento indireto que o governo está proporcionando. Mas não foi suficiente, pois os pátios da Volkswagen e da Mercedez Bens estão repletos de veículos.

CONTRATO – O líder mercenário  Yevgeny Prigozhin  revelou na manhã de ontem que não pretende assinar um novo contrato de prestação de serviços da morte com o Kremlin. Como está hospedado na Bielorrússia, Yevgeny Prigozhin não está sendo assediado pelo governo de Moscou.

No entanto, o general Sergei Surovikin que integra o alto escalão militar russo teve a suaprisão determinada por Putin. Logo, se deduz que houve uma divisão militar voltada contra o atual presidente que se encontra no poder há 23 anos. O desequilíbrio político deve continuar até uma solução definitiva.

PEDRO DO COUTTO é jornalista.

Enviado por André Cardoso – Rio de Janeiro (RJ). Envie seu texto para mazola@tribunadaimprensalivre.com ou siro.darlan@tribunadaimprensalivre.com


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