Redação

Um “tuitaço” promovido pelo partido Novo nesta terça-feira (27) levou a hashtag #MaisFundaoNao ao topo dos assuntos mais comentados do Twitter no Brasil no início desta tarde. O partido e seus seguidores protestam contra a elevação dos recursos públicos para o financiamento das campanhas eleitorais em 2020. Está na pauta da sessão do Congresso uma emenda ao projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), já aceita pelo relator, que dobra o valor do fundo eleitoral para R$ 3,7 bilhões. A sessão estava prevista para esta noite mas foi adiada para esta quarta-feira (28).

Presidente do Novo e candidato do partido ao Planalto em 2018, João Amoêdo criticou a proposta em discussão pelos parlamentares. “Os partidos receberam R$800 mi dos nossos impostos em 2016. Ano passado receberam R$2,7 bi, somando fundo partidário e eleitoral. Ano que vem, caso o aumento do Fundão seja aprovado serão R$4,7bi, somando os dois fundos. Imagina quanto eles receberão em 2030”, questionou.

O partido defende que “dinheiro público deve ir para educação, saúde e segurança. Não para financiar campanhas”. No Twitter “NOVO na Câmara”, a legenda ainda propôs que esse recurso seja usado para combater os desmatamentos na Amazônia em vez de financiar campanhas. “Considerando que o plenário do Congresso está às vésperas de apreciar um novo aumento do Fundo Eleitoral para R$ 3,7 bi, a Bancada do Novo propõe que esse recurso seja destinado ao Fundo da Amazônia. Que para efeito de comparação, ao longo de 10 anos de existência captou o total de R$ 3,4 bilhões em doações – ou seja, menos do que se está prevendo apenas para as eleições de 2020”, destacou.

O deputado Vinicius Poit (Novo-SP) comparou os recursos previstos para bancar as candidaturas em 2020 e o valor oferecido pelo grupo dos países mais ricos do mundo para ajudar o Brasil no combate aos incêndios e desmatamentos na Amazônia. “O G7 está falando em destinar para a Amazônia é R$83 milhões. O fundo eleitoral que o Congresso quer aprovar na LDO é de R$3,7 BILHÕES. O fundão eleitoral é 44x maior. Mas, ao invés colocar $$$ para a Amazônia, o pessoal quer $$$ para campanha política. #MaisFundãoNão”, publicou o deputado.

O Novo ainda criou um abaixo-assinado para contestar a proposta. E a iniciativa já recebeu cerca de 500 mil assinaturas na internet até o momento. “Não faz sentido que ainda mais dinheiro dos impostos seja dado para campanhas políticas e partidos. Enquanto isso, o Brasil enfrenta quase uma década de crise econômica, com o Estado gastando mais do que arrecada, 13 milhões de desempregados, e uma carga tributária de país desenvolvido, com serviços públicos precários! Precisamos de VOCÊ para barrar este aumento! ASSINE o abaixo-assinado e COMPARTILHE com #MaisFundãoNão”, pede o documento.

O abaixo-assinado ainda informa o quanto alguns partidos receberiam do fundo público para as eleições municipais do próximo ano. Segundo o Novo, o PSL receberia R$479 milhões; o PT, R$463 milhões; o MDB, R$329 milhões; e o PSDB, R$297 milhões. “O NOVO teria direito a R$94 milhões de dinheiro público para campanhas. Não usaremos nem um centavo deste fundo, ou de qualquer dinheiro público. E vamos lutar CONTRA este absurdo”, garante o partido.

O aumento do fundo eleitoral, porém, não tem sido questionado apenas pelos parlamentares do Novo. A senadora Mara Gabrilli (PSDB-SP) também contestou a proposta nas redes sociais. “Agora, nesse momento de crise, em que discutimos reformas para buscar uma recuperação econômica, aumentar esse fundo para R$ 3,7 bilhões – mais que o dobro do atual – é um absurdo e mais um tapa na cara da sociedade”, reclamou Mara Gabrilli. Nas vésperas da sessão em que os parlamentares tentaram sem sucesso votar a LDO na semana passada, os deputados Kim Kataguiri (DEM-SP) e Carla Zambelli (PSL-SP) também criticaram a medida.

O relator da LDO, deputado Cacá Leão (PP-BA), por sua vez, defende a emenda sobre o fundo eleitoral que ele inseriu na proposta de LDO que foi enviada pelo governo ao Congresso. Ele tem argumentado que o aumento é necessário porque as eleições de 2020 serão maiores que as de 2018, já que incluem a escolha de milhares de prefeitos e vereadores em todo o Brasil. (fonte: Congresso em Foco)

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