Redação

Deputado, que também tem convite para entrar no PDT, desponta como nome para unir partidos contra Cláudio Castro, que almeja apoio de Bolsonaro em 2022. Conversas por aliança incluem Eduardo Paes e Rodrigo Maia.

A anulação das condenações do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), determinada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin, mexeu com a corrida pelo governo do Rio rumo às eleições de2022e deu fôlego à construção de uma candidatura que reúna partidos de esquerda. A depender das negociações, legendas de centro contrárias ao presidente Jair Bolsonaro serão bem-vindas na possível coligação.

Para garantir o palanque de Lula em território fluminense, o PT defende o lançamento de um nome próprio ou o apoio a um candidato considerado de unidade”. A figura central das articulações é o deputado federal Marcelo Freixo (PSOL-RJ), disputado tanto pelos petistas quanto pelo PDT.

Freixo, que conquistou a bênção de Lula, tem sido procurado por lideranças que tentam convencê-lo a assumir o protagonismo na candidatura de oposição ao governador em exercício Cláudio Castro (PSC), aliado do bolsonarismo. Além de líderes de esquerda, Freixo já conversou sobre o assunto com o ex-presidente da Câmara dos Deputados Rodrigo Maia e o prefeito do Rio, Eduardo Paes, ambos do DEM. Freixo e Paes têm bom relacionamento.

O deputado do PSOL tem defendido que, em nome de uma “unidade pela reconstrução do Rio”, a aliança que começa a se formar deve procurar apoio também de partidos de centro. Para o parlamentar, o chefe do Planalto reconfigurou a direita, empurrando nomes contrários às ações da família Bolsonaro e de aliados para uma posição de centro.

Até a decisão de Fachin, Castro reinava sozinho na pré-campanha, garantindo indicações a cargos no estado, obras e prometendo parcerias em troca de apoio. Enquanto isso, a esquerda enfrentava dificuldades para encontrar alguém disposto a disputar o estado. Quadros petistas como o prefeito de Maricá, Fabiano Horta, e a deputada Benedita da Silva declinaram do convite.

SEM ACORDO COM O PDT

Membro da Executiva Nacional do PT, Washington Quaquá diz que a sigla construirá um palanque para Lula no Rio e, para isso, vai precisar de uma candidatura competitiva:

– Podemos caminhar com um candidato próprio. Temos bons nomes, como Benedita da Silva, o presidente da Alerj, André Ceciliano, e o prefeito Fabiano Horta. Mas podemos apoiar outras candidaturas, como a do ex-prefeito de Niterói, Rodrigo Neves, ou do presidente da OABFelipe Santa Cruz. Também estamos de portas abertas para o Freixo. A volta de Lula impulsiona uma candidatura de unidade.

Até segunda-feira passada, interlocutores do PDT davam como certo o embarque de Freixo no partido. Mas, com a suspensão das condenações de Lula, o deputado ficou mais próximo do PT.

Freixo não bate o martelo para uma candidatura a governador nem para uma eventual saída do PSOL:

– Em 2022, estarei no partido que fizer parte de uma unidade em busca da reconstrução do Rio. Não podemos começar a planejar uma candidatura com nomes, o que leva a divisões, mas pela definição de ampla frente democrática que reúna forças políticas, partidos. Isso evita a divisão – diz Freixo. – No Rio, temos o domínio do crime organizado, o poder do tráfico e das milícias, por isso a necessidade de reconstrução do estado.

Segundo lideranças de partidos de esquerda na Alerj, o PSOL está entre as grandes dúvidas na construção de uma candidatura de unidade.

Correndo por fora, o PDT trabalha a candidatura de Rodrigo Neves, que está em Portugal para participar de uma pesquisa na Universidade de Coimbra, ponto de partida para seu doutorado. Segundo o presidente do PDT, Carlos Lupi, Rodrigo encerrou seu governo com 80 % de aprovação, o que o credencia à disputa:

– Não temos plano “B”, Rodrigo é o nosso candidato. Uma candidatura de unidade da esquerda é importante, mas passa por alianças nacionais.


Fonte: O Globo