Redação

O jornalista Hildázio Santana, que atuava como coordenador de esportes da TV Bahia, afiliada da TV Globo, afirmou ter sido vítima de racismo por parte de um diretor ao ser demitido pela empresa após ser acusado de furtar uma cafeteira.

Nota de Repúdio ao caso de racismo de diretor da TV Bahia contra jornalista

O Coletivo de Entidades Negras (CEN), organização nacional do movimento negro brasileiro, fundada na Bahia para lutar pelos direitos civis dessa população, vem a público repudiar com veemência o ato de racismo praticado na TV Bahia pelo seu diretor de Jornalismo, Eurico Meira, contra o coordenador geral de Esportes, o jornalista Hildazio Santana. O ato, denunciado pelo profissional em suas redes sociais, com grave caráter de violência racial, requer posicionamento imediato, firme e incontornável da direção da TV.

Nós do CEN, que atuamos em parceria institucional com a TV Bahia em projetos diversos de fomento à igualdade racial e à diversidade étnico-racial nos espaços de comunicação e da economia, a exemplo de feiras de empreendedores negros e atividades do Novembro Negro, ficamos consternados com o caso registrado na emissora, que vai na direção contrária de orientações já prestadas por profissionais e ativistas da nossa organização à TV em consultas sobre temas relacionados à pauta antirracista.

Auxiliamos a emissora no planejamento de novos conteúdos ligados à pauta antirracista, assim como incentivamos junto à direção a maior presença de repórteres e outros profissionais negros nos seus quadros, o que resultou em produtos como o programa Conversa Preta, em especiais do Dia da Consciência Negra nos seus telejornais, entre outras entregas institucionais feitas em parceria. Também sempre estivemos disponíveis, a pedido da TV, para aumentar o leque de fontes negras a serem entrevistadas nos seus programas.

Agora, contudo, é a hora da TV demonstrar se possui real alinhamento com o combate ao racismo. Apesar da abertura para a temática, a TV Bahia encontra-se na bifurcação entre chancelar o racismo de um dos seus funcionários, fruto do racismo institucional e do estrutural, ou de reafirmar-se enquanto instituição que reconhece suas contradições e aponta a necessidade de ações que alterem essa realidade.

Nós do CEN, imbuídos da legitimidade de movimento social de luta por direitos, reiteramos nosso repúdio ao senhor Eurico Meira da Costa e nos colocamos à disposição do funcionário Hildazio Santana para ações que se tornarem necessárias. Informamos ainda que não temos interesse em estabelecer qualquer relação institucional com uma empresa que não aplica medidas efetivas, concretas, duras e de alteração estrutural diante de um caso de racismo tão brutal, como o relatado.

Seguimos na luta, porque só a luta muda a vida.

Direção Estadual da Bahia

Coletivo de Entidades Negras


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