Por Cristina Serra (presidente),

Helena Chagas (vice-presidente),

Marcus Miranda (Financeiro),

Alcyr Cavalcanti (Administrativo),

Andrea Penna (Jornalismo),

Norma Couri (Cultura e Lazer),

Luis Fernando Taranto (Assistência Social),

Vera Saavedra Durão (Diversidade),

Ivan Accioly (Igualdade Racial),

Eliara Santana (Formação),

Ilimar Franco (DF),

Vilson Romero (Sul),

Salomão Castro (NE),

Leonardo Sakamoto (SP),

Kátia Brasil (Norte)

ABI – Chapa Democracia e Renovação

A centenária Associação Brasileira de Imprensa (ABI) se prepara para a eleição, em abril, que irá renovar a sua diretoria e os conselhos deliberativo, consultivo e fiscal. O Brasil também terá nesse ano as eleições mais importantes da história contemporânea e as mais decisivas para o nosso futuro.

Somos a chapa “ABI: Democracia e Renovação” e trazemos neste manifesto nossa visão sobre o contexto brasileiro e, em particular, sobre a ABI e o que precisamos fazer para fortalecê-la e para defender o jornalismo e os jornalistas.

Em outubro, a sociedade brasileira precisa estar forte e unida para derrotar a extrema direita e o retrocesso, representados por um governo que vem promovendo um desmonte implacável do Estado brasileiro. A afronta às instituições democráticas é permanente.

Mas é a resistência dessas instituições, entre as quais a ABI se inclui, que vem permitindo aos brasileiros tomar conhecimento, em detalhes, dos desmandos de Bolsonaro. Ele está no comando da mortandade de 650 mil brasileiros por seu descaso criminoso no combate à pandemia. A fome voltou para milhões de pessoas e desigualdades seculares foram exacerbadas. Os ataques à soberania nacional, aos trabalhadores, aos direitos humanos, à cultura, às mulheres, aos negros, aos indígenas, à comunidade LGBTQIA+ e ao meio ambiente não dão trégua.

Neste quadro de crise social e instabilidade institucional, agravaram-se as dificuldades para o exercício pleno do jornalismo. O estímulo à violência contra os jornalistas tem origem, na maioria das vezes, em discursos e atitudes do próprio presidente da República, como mostra levantamento da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj).

O objetivo dessa estratégia, contra a qual lutamos e continuaremos a lutar, é claro: calar os jornalistas e privar a sociedade do seu direito à informação. São cada vez mais numerosos os casos de agressões verbais ou físicas, intimidação, assédio judicial e ameaças a profissionais.

A máquina de mentiras e falsidades, operada a partir do Palácio do Planalto e de grupos de apoiadores do governo, tem sido outro obstáculo para que a sociedade receba informação correta e de qualidade. Informação salva vidas, como ficou claramente demonstrado na pandemia. Fakenews matam.

Nos últimos três anos, a ABI resgatou sua relevância no cenário político e na defesa da democracia, em ações, muitas vezes, articuladas com outras entidades da sociedade civil, como OAB, CNBB, Comissão Arns e SBPC. Cabe destacar iniciativas junto ao Legislativo, como os pedidos de impeachment de Bolsonaro, do ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello e do atual titular da pasta, Marcelo Queiroga.

Na defesa da liberdade de expressão, de imprensa e dos jornalistas, a atual diretoria também fez gestões junto ao governo federal e aos governadores exigindo esclarecimentos, providências e segurança para profissionais agredidos e ameaçados. Ingressou com importantes ações judiciais, até mesmo no Supremo Tribunal Federal. Uma delas resultou em recomendação do Conselho Nacional de Justiça para que juízes evitem o assédio judicial contra jornalistas.

A ABI também tem exigido providências das autoridades e participado ativamente dos protestos contra as violações de direitos humanos e a violência direcionada à população das comunidades, no Rio de Janeiro, como foi o caso do massacre no Jacarezinho, em maio de 2021, que resultou na morte de 28 pessoas.

É necessário ainda ressaltar que a atual diretoria organizou as finanças da ABI, dando total transparência com prestações mensais de contas aos conselhos deliberativo e fiscal, bem como aos associados. Equilibrou minimamente receita e despesa e botou os salários dos funcionários em dia, mesmo com o impacto da pandemia que reduziu pela metade a renda do aluguel de salas no prédio-sede, no Centro do Rio de Janeiro.

A vitoriosa diretoria comandada por Paulo Jerônimo, o Pagê, por vocação democrática, abriu mão de concorrer a um segundo mandato e muito nos honra com seu apoio. Temos o compromisso de manter e consolidar essa trajetória, mas também precisamos avançar e renovar a ABI. E o que isso significa?

A ABI, mantendo-se apartidária, precisa ampliar sua representatividade e refletir a diversidade brasileira. A profissão de jornalista, hoje, é majoritariamente feminina. A participação de jornalistas negros e negras também aumentou, graças ao sucesso da Lei de Cotas nas universidades, que será revista neste ano no Congresso nacional. A ABI tem que estar na linha de frente por sua manutenção. Nossa chapa entende que a Lei de Cotas é um importante instrumento de combate ao racismo no Brasil e estamos propondo a criação da Diretoria da Igualdade Racial para que este e outros temas sejam tratados com total engajamento da ABI.

O jornalismo também é diverso regionalmente. A realidade de jornalistas das metrópoles é completamente diferente do contexto em que atuam jornalistas em pequenas cidades do interior do país. É por isso que estamos propondo a ampliação das diretorias regionais. Além das já existentes para São Paulo e o DF, queremos criar as diretorias Sul e Norte/Nordeste, podendo esta ser desdobrada, com um olhar mais aprofundado para a Amazônia.

A tecnologia ampliou as possibilidades de se produzir informação, o jornalismo digital cresce cada vez mais e aponta caminhos para o futuro da comunicação. A ABI precisa incorporar esse novo cenário tão rico e complexo. É tarefa nossa também criar mecanismos que facilitem a interação da categoria com a entidade, digitalizando ainda mais nossa comunicação, melhorando e desburocratizando nossos canais.

Com a facilidade da tecnologia, propomos também o aumento da oferta de cursos de extensão e aperfeiçoamento, em parceria com universidades, a exemplo da experiência bem-sucedida do curso de “Letramento Midiático”. Pretendemos ainda promover a cooperação e o intercâmbio entre instituições e organismos internacionais ligados à área de comunicação, particularmente o jornalismo. Com o esperado fim da pandemia, o prédio histórico da ABI deve ser revitalizado como ponto de encontro e local de cursos, palestras, lançamentos e eventos presenciais.

A chapa “ABI: Democracia e Renovação” também tem o compromisso com lutas históricas dos jornalistas. Entre elas, a regulação dos meios de comunicação, como está previsto na Constituição, de forma que tenhamos, de fato, uma comunicação plural e democrática, que reflita e expresse diferentes pontos de vista da sociedade brasileira.

Países democráticos têm legislações que estimulam a concorrência e evitam a formação de monopólios e oligopólios da mídia. Nossa proposta é levar a questão aos candidatos a presidente do campo democrático, assim como aos representantes do Congresso Nacional. Vamos botar o tema em pauta e promover um amplo debate, em eventos com especialistas, comprometendo aqueles que têm a obrigação de decidir sobre a legislação.

Também estamos comprometidos com a defesa de condições dignas de trabalho para os jornalistas. Por isso, é fundamental retomar a luta pela exigência do diploma para o exercício da profissão (sem prejuízo aos que a exercem com registro). No Congresso, tramitam há anos projetos sobre o assunto e a ABI deve estar à frente desse debate com os parlamentares.

Da mesma forma, a ABI já participa das discussões sobre o chamado projeto das fakenews, que deve ser orientado para combater a censura, mas, ao mesmo tempo, para evitar a propagação de desinformação, devendo submeter todas as plataformas às leis e às autoridades brasileiras. Assim como é preciso também que a ABI esteja engajada nas lutas pela remuneração dos jornalistas por seus trabalhos e conteúdos muitas vezes apropriados pelas “big techs” que dominam a comunicação mundial.

Neste ano tão crucial para o Brasil, nossa chapa propõe a realização de um seminário para discutir as condições atuais do exercício da profissão, tendo como símbolo o jornalista Tim Lopes, cujo assassinato, quando trabalhava em uma reportagem para a Rede Globo, completa 20 anos no próximo 2 de junho. Na data, queremos homenageá-lo, ao mesmo tempo em que, com a ABI, refletimos sobre os desafios para os jornalistas e o jornalismo.

Estas são algumas das propostas que a chapa “ABI: Democracia e Renovação” traz para os jornalistas e para a sociedade. Nosso programa está sendo debatido por grupos de jornalistas e poderá ser enriquecido com novas contribuições.

A ampla participação dos jornalistas, dos mais variados segmentos político-ideológicos do campo democrático da sociedade, é que fará da ABI uma entidade representativa, forte e ativa na defesa da democracia e do jornalismo honesto, responsável, plural, comprometido com os interesses nacionais e engajado no combate às desigualdades e ao autoritarismo da extrema direita.

A ABI é de todos. Venha conosco!


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