Redação

O ministro da Economia, Paulo Guedes, se transformou em um zumbi na Esplanada dos Ministérios. Apesar de garantir, ao lado do presidente Jair Bolsonaro, que continua firme no cargo, todos sabem que ele pediu, sim, demissão, e que só não caiu porque ninguém de peso quer assumir o comando da política econômica do país no atual governo.

Atacado por todos os lados e totalmente fragilizado, Guedes, joga pressão sobre o Banco Central para que controle a inflação. O ministro disse que o Comitê de Política Monetária (Copom) terá que acelerar o aumento da taxa básica de juros (Selic), que está em 6,25% ao ano.

AUMENTO DA SELIC – Na próxima semana, mais precisamente nos dias 26 e 27, o Copom se reunirá para definir o novo patamar da Selic. Por tudo o que disse o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e por todos os documentos divulgados pela instituição, está contratado, até o momento, aumento de mais de um ponto percentual na taxa, para 7,25%.

Pelo que Guedes deixou claro, porém, esse arrocho não será suficiente para dar uma trava na inflação. O ministro endossa o que defende uma ala do mercado financeiro: que o BC pese mais a mão e eleve os juros em ao menos 1,5 ponto percentual, repetindo esse aumento nas duas reuniões seguintes. Com isso, a Selic encerraria o ano em 10,75% anuais.

CREDIBILIDADE EM JOGO – Dentro do governo, não é só Guedes que defende uma ação mais enérgica por parte do Banco Central. A ala política quer que o BC dê logo um choque de juros e encerre esse capítulo neste ano, para que, com a inflação sob controle ao longo de 2022, possa vir a boa notícia de um corte de juros às vésperas das eleições.

Os bancos estrangeiros são os que estão mais alinhados ao pensamento de Guedes. O Credit Suisse prevê que os juros subirão até 10,50% ao ano como forma de reduzir a pressão inflacionária. O JP Morgan fala em Selic de 9,75%, com viés de alta. A média do mercado, porém, estima taxa no fim deste ano de 8,75%, conforme a pesquisa Focus.

Para o ministro da Economia, o Banco Central está atrás da curva, isto é, não está conduzindo a política monetária no ritmo necessário para pôr a inflação nos eixos. Resta saber se Roberto Campos Neto e companhia entenderam o recado. Se falta credibilidade na politica fiscal, com o rompimento do teto de gasto, pelo menos a credibilidade deve prevalecer em relação à política monetária.

Fonte: Correio Braziliense


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