Redação

Texto reproduzido da revista eletrônica Intertelas – parceira do jornal Tribuna da Imprensa Livre, dedicada à análise das relações internacionais, da cultura, da comunicação e do audiovisual. A jornalista responsável e editora-chefe é a escritora, tradutora e pesquisadora Alessandra Scangarelli Brites (alessandra@revistaintertelas.com).

Já se tornou uma das maiores preocupações dos políticos norte-americanos a possibilidade de que o seu país seja ultrapassado pela China. Essa preocupação é totalmente desnecessária, já que há alguns títulos de “campeão mundial” com os quais os Estados Unidos podem ficar para sempre!

Os Estados Unidos são o país mais democrático do mundo! É tão democrático que o povo nem consegue eleger um presidente sem dificuldades; e qualquer pormenor pode causar disputas sem fim entre o Executivo e o Legislativo, entre o Partido Democrata e o Republicano, entre o governo e o povo, entre a União e os estados federados, ou entre os diferentes grupos de interesse. Enquanto a COVID-19 já havia matado centenas de milhares de cidadãos, esse país tão democrático ainda debatia sobre a real existência da doença e se o uso de máscara era mesmo necessário! Esse tipo de “campeão mundial” ninguém quer ser!

Os Estados Unidos são o país que mais ama a paz no mundo!  Desde a sua independência há mais de 240 anos, houve apenas 16 anos em que os Estados Unidos não iniciaram nenhuma guerra no exterior, e algumas guerras continuam até hoje. Essas guerras mataram, feriram e desabrigaram dezenas de milhões de pessoas e causaram danos incomensuráveis à civilização humana! Um artigo publicado no site Foreign Policy in Focus, em 14 de abril, descreve os Estados Unidos como “uma máquina de assassinato em massa”. O autor revela que fabricantes norte-americanos de armas não param de desenvolver bombas atômicas ainda mais poderosas para ampliar o atual arsenal nuclear do país que já conta com 3.800 ogivas. Quem mais, senão os EUA, gostaria de ser campeão neste quesito?

Os Estados Unidos são o país com o melhor histórico de direitos humanos do mundo! Responsável pelo genocídio que matou 95% de sua população indígena, o país ainda vive uma “supremacia branca”, com discriminação racial sistêmica e casos crescentes de violência policial contra determinado grupo da população. Uma pesquisa mostra que, entre janeiro e novembro de 2020, houve apenas 17 dias sem nenhuma morte causada pela polícia americana. Hoje, 650 mil americanos vivem nas ruas e esse número pode chegar a 1,1 milhão em dois anos. Ninguém quer quebrar esse tipo de recorde mundial!

Os Estados Unidos são o país mais seguro do mundo! Dados estatísticos indicam que a venda de armas nos Estados Unidos em 2020 foi 40% maior do que em 2019, uma nova alta na série histórica. Apenas em janeiro deste ano, mais de 2 milhões de armas foram comercializadas, um aumento de 80% em relação ao mesmo mês do ano passado. Também em 2020, mais de 40 mil pessoas morreram vítimas de armas de fogo nos Estados Unidos, ou seja, a cada dia, em média 110 americanos perderam a vida dessa forma; e o número de tiroteios que resultaram em mais de quatro mortes atingiu um recorde de mais de 600 casos, um aumento de 47% em relação ao ano anterior. Ninguém está interessado em ganhar esse título de “campeão mundial”.

Os Estados Unidos são o país mais empreendedor do mundo! Mais de 60% das drogas ilícitas produzidas no mundo são destinadas aos Estados Unidos, onde 8,3% da população consome esses produtos e muito mais pessoas estão envolvidas com o tráfico de entorpecentes. Despois de quatro décadas, o combate ao narcotráfico foi um fracasso nos Estados Unidos, onde cada vez mais estados estão afrouxando o controle da maconha e de outras drogas. O país tem também a maior indústria pornográfica do mundo, com gangues espalhando-se por todo o território nacional. A demasiada financeirização da economia americana resultou em uma classe de rentistas e acentuou o parasitismo social! No país mais poderoso do universo, o que se vê por toda parte é corrupção e degradação moral. Ninguém quer superar os Estados Unidos nesse sentido!

Os Estados Unidos são uma referência mundial da prosperidade comum! Um estudo do National Bureau of Economic Research, publicado em julho do ano passado, indicou que os 0,1% mais ricos possuem quase 20% da riqueza da sociedade norte-americana, quase o total dos bens dos 90% da população mais pobre. A desigualdade social está no seu maior nível desde a Grande Depressão. O “racismo estrutural” e a severa disparidade em educação, saúde, finanças e outras áreas estão causando uma série de problemas sociais. É melhor deixar os Estados Unidos desfrutarem sozinhos dessa glória.

Os Estados Unidos são o país mais ético e moral do mundo! Quando estão em desvantagem no comércio, impõem tarifas adicionais; quando perdem para os outros em tecnologia, cortam o fornecimento para eliminar os concorrentes. Enquanto apregoam a defesa da “livre concorrência”, usam de meios fraudulentos tais como retirar empresas estrangeiras da bolsa de valores, forçar a venda de ativos das companhias estrangeiras e restringir a liberdade de executivos das empresas estrangeiras. Os Estados Unidos entusiasmam-se em atrair seus seguidores para atacar o adversário com sanções coletivas e desinformações. Por interesses egoístas, lançam ofensiva militar ou incitam “revolução colorida” contra outros países, e ainda encobrem suas intenções sinistras com gestos de “simpatia”! Nenhum outro país demonstra tanto cavalheirismo!

Os exemplos dos Estados Unidos como o número 1 do mundo não se esgotam. A China não cobiça nenhum desses títulos de “campeão mundial” que os EUA têm. Aconselhamos os políticos americanos a não alimentarem a ilusão de poderem barrar o desenvolvimento e a ascensão da China. A China está determinada em ser o melhor de si mesma. Isso significa em dar ao povo, sob a liderança do Partido Comunista da China, uma vida mais próspera, agradável e feliz, tornar o país mais forte, mais civilizado e belo, e contribuir para a paz duradoura, prosperidade universal, segurança comum e o desenvolvimento sustentável da humanidade.

Li Yang
Cônsul-Geral da China no Rio de Janeiro


Fonte: Intertelas