Redação

Imagens do circuito interno de vigilância de uma agência bancária instalada dentro da Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro) mostram o momento em que Fabrício Queiroz paga 2 boletos de seu então chefe, o hoje senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), em 2018.

Os documentos se referem a duas mensalidades da escola onde estudam as filhas de Flávio com a mulher, Fernanda Antunes Bolsonaro. As imagens foram anexadas ao pedido de prisão preventiva entregue à Justiça do Rio de Janeiro e divulgadas neste domingo (21.jun) pelo portal UOL. Queiroz foi preso na última 5ª feira (18.jun). Ele é suspeito de ter operado esquema de ‘rachadinha’, prática que consiste na apropriação de parte dos salários de servidores.

O vídeo data de 29 de setembro de 2018 e mostra que o ex-assessor de Flávio (deputado estadual de 2007 a 2018) pagou em dinheiro vivo os 2 boletos. Com base nos registros do caixa, os investigadores identificaram que os valores foram de R$ 3.382,27 e R$ 3.560,28, favorecendo a escola das filhas de Flávio. Em seguida, Queiroz fez 1 saque de R$ 5.000.

No pedido de prisão (íntegra – 25 MB), os procuradores afirmaram que, a partir dos extratos bancários de Flávio e Fernanda Bolsonaro, não foram identificados saques compatíveis com esses valores “pois sequer realizaram saque nos 15 meses anteriores à data do pagamento dos referidos títulos pelo investigado Fabrício Queiroz“.

A Justiça também autorizou o acesso aos dados referentes ao recebimento de mensalidades pela escola das netas do presidente Jair Bolsonaro. Foram pagos R$ 251,8 mil. Porém os extratos bancários do casal Flávio e Fernanda apontam débito de R$ 95,2 mil para a escola. A diferença é de R$ 153 mil, o equivalente a 53 boletos “pagos com dinheiro em espécie não proveniente das contas bancárias do casal” (conforme assinalado pelo juiz Flávio Itabaiana, da 27ª Vara Criminal do Rio.

A mesma dinâmica teria se repetido no pagamento do plano de saúde da família de Flávio, de acordo com o MP-RJ. Foi identificada diferença de R$ 108,4 mil entre o que foi pago em dinheiro em espécie (R$ 117,3 mil) e o que saiu das contas do casal (R$ 8,9 mil).

Dados compartilhados pelo Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) com o MP-RJ haviam identificado também, em 2017, 48 depósitos no valor de R$ 2.000 cada na conta de Flávio Bolsonaro (total de R$ 96.000). Os valores foram depositados na conta do então deputado estadual no espaço de 1 mês entre junho e julho daquele ano.

Na ocasião, Flávio disse que se tratava de parte do pagamento referente à venda de 1 imóvel e que foi depositado em envelopes com R$ 2.000 porque esse é o valor máximo aceito nos caixas eletrônicos.

Flávio nega ter cometido irregularidades em seu gabinete, como apontam até aqui as investigações do MP-RJ. Diz ser alvo de ataques que visam a atingir seu pai, o presidente Jair Bolsonaro, e que seu patrimônio “é totalmente compatível com os seus rendimentos“. Até o momento, ninguém foi denunciado pelo suposto esquema de ‘rachadinhas’.


Fonte: Poder360