Por Sebastião Nery

“O Tejo é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia, / Mas o Tejo não é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia. / Porque o Tejo não é o rio que corre pela minha aldeia” – dizia Fernando Pessoa, assinando como Alberto Caieiro.

Em 1958 um rio da história correu pelo Brasil. Juscelino era Presidente e Celso Furtado criava a Sudene com Rômulo Almeida. Os dois não sabiam que começava ali um novo capítulo da história nacional.

Getúlio, eleito Presidente em 1950, convocara o economista baiano Romulo Almeida, secretario de Planejamento do governador da Bahia Antonio Balbino, com a missão de construir um novo caminho para a economia nacional, assessorado pelos economistas Roberto Campos, Jesus Soares Pereira, Ottolmy Strauch, Cleantho de Paiva Leite, Juvenal Osório, Roland Corbisier, Hélio Jaguaribe, reunidos no ISEB, (Instituto Superior de Estudos Brasileiros).

DEPOIS, A SUDENE – Dela nasceram o BNDES, o Banco do Nordeste. Dois anos depois, em 1958, Juscelino eleito presidente, o convocado foi Celso Furtado, e criaram a Sudene a partir de uma reunião em Garanhuns. Uma vez por mês, Celso e Romulo se reuniam em Salvador convocando amigos e assessores para ampliarem aliados e liderados. Como assessor do Romulo, acabei criando o Jornal da Semana e me elegendo Deputado na Assembleia da Bahia.

Numa dessas reuniões, conheci em Recife o brilhante líder estudantil João Bosco Tenório Galvão, cassado da Faculdade de Direito de Recife, e eleito vereador. Aos poucos a Sudene ia reunindo em torno de si uma gama enorme de jovens lideranças que lá iam discutir os problemas de Pernambuco e do pais com as mais diversas posições políticas e ideológicas. Por exemplo: o governador Moura Cavalcante e seu chefe de gabinete Júlio Araújo, o líder estudantil de Natal Sileno Ribeiro, os jornalistas Anchieta Hélcias e Ângelo Castelo Branco. A partir daí, logo Bosco Tenorio assumiu uma ativa liderança em toda a Universidade e em vários estados.

SOUBE FAZER A HORA – Este livro é um poderoso depoimento de alguém que soube fazer a hora e não esperou acontecer. Capitulo a capitulo, Bosco vai evocando fatos que viveu e situações do seu tempo. Por exemplo:

“A Primavera de Praga”; “A UNICAP (Universidade Católica de Pernambuco) e 1968”; “Abaixo da Linha do Equador”; “Alegria, Alegria”; “Amizades que Perduram”; “Antonio Correa de Oliveira Andrade Filho”; “Atenas e Jerusalém”; “Azar do México”; “Che Guevara – O Cupido do Caribe”; “Chuva em Amã”.

Leiam esse livro. Não é todo dia que se encontra um texto tão claro e tão interessante.”


SEBASTIÃO NERY – Jornalista, escritor, conferencista e o principal autor sobre o Folclore Político brasileiro. Professor de Latim e Português, atuou nos principais órgãos de imprensa do Brasil. Trabalhou em jornais, rádios e televisões de Belo Horizonte, Salvador, São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília. Fundou e dirigiu jornais em Minas Gerais “A Onda”, Bahia “Jornal da Semana”, São Paulo “Dia Um” e Rio de Janeiro “Politika”. Correspondente internacional de jornais e revistas em Moscou, Praga e Varsóvia entre 1957 e 58; “Isto É” e diversos jornais em Portugal entre 1975 e 76, e na Espanha em 77; adido cultural do Brasil em Roma entre 1990 e 91, e em Paris entre 1992 e 93; foi deputado federal pelo Rio de Janeiro e Bahia, e vereador em Belo Horizonte. Atualmente escreve uma coluna publicada em jornais de 20 estados.