Por Samara Portela – Sommelière –
Encarar a gôndola assusta, eu sei. Seja ela física, seja virtual, nossa mente se inunda de dúvidas na hora de comprar um rótulo. Não saber se o ideal é escolher pela uva ou pela região e preocupar-se em sentir aromas de frutas do bosque tornam o prazeroso contato com o vinho em puro estresse. A boa notícia é que para apreciar este momento, não é necessário estudar, nem entender o que são taninos, se você não quiser.
Como sommelière, faço minha autocrítica por já ter preocupado amigos que não têm a taça ideal quando vou visitá-los ou intimidado familiares que levaram alguma garrafa para minha casa. Eles me dizem: “desculpa, eu não entendo nada de vinho”! Não me peçam perdão. Se vocês acham que vinho é algo complicado, então eu que falhei.
Temos um vocabulário limitado para descrever aromas e sabores, portanto a indústria criou um léxico muito específico para que possamos comunicar a experiência sensorial do vinho. Tecnicismos inerentes a qualquer profissão. Sem esse código, que demanda muito estudo e treinamento, uma nota de degustação se torna inútil, quase abstrata. Os contrarótulos não costumam ser amigáveis ao consumidor, porém há uma saída mais aprazível do que ler manuais. Turma do fundão, uni-vos!
A solução é criar mais contextos para experienciar o vinho através do nosso estilo de vida. O Brasil tem 7410 km de litoral, como vamos falar apenas de tintos concentrados para comer com ossobuco? Que tal na retomada pensarmos em levar à praia um isopor com Torrontés ou um espumante geladinho? Tudo bem, eu sei que todo mundo ama churrasco, então por que não comprar uma Bag-In-Box para a tarde de brindes quando o confinamento acabar? E a dica também vale para quem está sozinho e ama tomar uma tacinha no jantar: a caixa, após aberta, dura 30 dias, mais que um barril de chopp (alô, quiosques da praia, vamos vender vinho em taça também!).
Nossa cultura é de carnaval, encontros na rua, eventos ao ar livre. Quando terminar a quarentena, você certamente verá mais ofertas de vinho em lata. Prove. É econômico, fácil de higienizar e sustentável. Aos botecos, imploro para que pelo menos uma torneirinha seja de vinho. Será muito pedir um rosé? Bares no estilo “Wine on Tap” estão por toda a Europa, já começaram a despontar em Buenos Aires e têm preços amigabilíssimos que permitem que o cliente prove várias taças.
Incrementando situações de consumo, nutrimos a cultura do vinho, na qual não há mandamentos, aleluia! Adianto que não há mágica, apenas provar sem medo e com moderação. Neste fim de semana, estendo o convite para você tentar. Escolha uma garrafa e pode servi-la no copo de requeijão e colocar uma pedrinha de gelo. Depois me conte como foi.
***
Mea-Culpa
Por Samara Portela – Sommelière
Es un desafío enfrentar la góndola, lo sé. Física o virtual, nuestra mente se llena de dudas al momento de elegir una etiqueta. No saber si elegir por cepa o región y preocuparse en sentir notas de frutos del bosque hacen que el placentero contacto con el vino se transforme en un estrés. La buena noticia es que para disfrutarlo no hace falta estudiar, ni comprender qué son taninos, si no queres.
Como sommelière, hago mi autocrítica por haber intimidado a familiares que me llevaron alguna botella y preocupado amigos que no tienen la copa ideal cuando voy a sus casas. Ellos me dicen “¡disculpa, no entiendo nada de vino!”. No me pidan perdón, si ustedes creen que el vino es algo complicado, entonces yo fallé.
Tenemos un vocabulario limitado para describir aromas y sabores, por lo tanto la industria ha creado un léxico muy específico para que podamos comunicar la experiencia sensorial del vino. Tecnicismos inherentes a cualquier profesión. Sin este código, que demanda estudio y entrenamiento, una nota de cata se vuelve inútil, casi abstracta. Las etiquetas no suelen ser amigables al consumidor, pero hay una salida más apetecible que leer manuales.
La solución es crear más contextos para experimentar el vino a través de nuestro estilo de vida. Brasil tiene 7410 km de litoral, ¿cómo vamos a hablar únicamente de tintos con cuerpo para comer con bife de chorizo?¿Qué tal si en la reapertura cargamos la heladerita playera con un Torrontés o un espumante fresquito? Ok, ya sé que a todos les encanta el asado con vino tinto, entonces por qué no comprar una Bag-In-Box para la tarde de brindis cuando se termine el aislamiento? Y el tip también sirve para los que están solos y les encanta tomar una copita con la cena: la caja después de abierta dura 30 días, más que un barril de chopp (atenti, puestos de la playa, vendamos vino en copa también!).
Nuestra cultura es de carnaval, encuentros en la calle, eventos al aire libre. Cuando se termine la cuarentena, seguramente verás más ofertas de vino en lata. Probá. Es económico, fácil de higienizar y sustentable. A los bares, les ruego para que por lo menos un grifo sea de vino. Será mucho pedir un rosado? Hay locales estilo “wine on tap” por toda Europa, ya despuntaron en Buenos Aires y tienen precios amigables que permiten que el cliente pruebe muchas copas.
Incrementando los escenarios de consumo, promovemos la cultura del vino, en la cual no hay mandamientos, ¡aleluya! Y a quienes les interese profundizar, les adelanto que no hay magia, solamente probar sin miedo y con moderación. Hoy les invito a que descorchen y ¿por qué no? cargar el pingüino y poner un cubo de hielo. Luego me cuentan cómo les fue.
SAMARA PORTELA es una sommelière de Rio de Janeiro viviendo en Buenos Aires, se recibió en la Escuela Argentina de Sommeliers y es licenciada en Historia del Arte. Ha trabajado en el servicio gastronómico y actualmente es consultora e investigadora de la cultura del vino.
MAZOLA
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