Redação

Decano do Supremo Tribunal Federal, o ministro Marco Aurélio Mello saiu em defesa do colega Luís Roberto Barroso, após ataque do presidente Jair Bolsonaro. “Ele esperneou e, para mim, de uma forma descabida, atacando o ministro Barroso. Não constrói. A crítica construtiva, tudo bem, mas ataque?”, disse à Coluna do Estadão.

Barroso determinou a abertura da CPI da Covid no Senado, que já tem assinaturas, mas estava guardada na gaveta. O ministro Marco Aurélio, que se aposenta em pouco mais de dois meses, arrematou: “O que alcança um de nós alcança a instituição”.

HORA DE CALMA – “Isso é ruim para as instituições. Nós precisamos atuar com temperança, compreensão. Não cabe arroubo de retórica”, disse.

Marco Aurélio então relembrou uma lição da infância com o caso: “O exemplo vem de cima. O presidente deve ser um farol para os cidadãos em geral”.

Sobre a decisão, o decano disse que qualquer um dos ministros teria feito o mesmo. “O que não pode é o requerimento atendendo às formalidades legais ficar na gaveta.”

DIZ OTTO ALENCAR –  “O Senado é um verdadeiro ‘covidário’. Sou favorável à CPI, quando houver condições sanitárias. Barroso entraria numa sala fechada, com risco de vida, para uma oitiva?”, DIZ o senador Otto Alencar (PSD-BA), que deve ser indicado pelo PSD para a comissão.

Outros senadores acreditam que, mesmo que o presidente Rodrigo Pacheco (DEM-MG) inicie a CPI nesta semana que se inicia, a CPI só deve começar a funcionar após a análise da decisão de Barroso pelo plenário da Corte, dia 16.

Isso porque os partidos precisam indicar seus representantes na comissão e alguns líderes estão seguindo o mau exemplo de Eduardo Pazuello: pra que essa pressa?

ANÁLISE DA LEGALIDADE? – Senadores do PL, partido da ministra da Secretaria de Governo, Flávia Arruda, querem levar ao plenário da Casa a análise da “legalidade, viabilidade e oportunidade do cumprimento da decisão judicial” do ministro do STF sobre a CPI da Covid.

Mas, como o próprio Pacheco disse, decisão judicial se cumpre, embora perca protagonismo com a comissão em andamento. De olho na presidência da República, Pacheco sabe que esses dois anos seriam essenciais para se cacifar com a sociedade.

Por isso, também Pacheco ficou desnorteado. Os que presidirem e relatarem a CPI terão papel essencial e serão alçados ao noticiário diariamente, como na CPI dos Correios, que levou ao mensalão.


Fonte: Estadão