Por Daniel Mazola

Em 2019, com o enredo “História pra ninar gente grande”, contando a trajetória de heróis esquecidos e anônimos, especialmente índios e negros, a Estação Primeira de Mangueira foi a grande campeã do Grupo Especial das Escolas de Samba do Rio de Janeiro, conquistando seu 20º troféu.

A verde e rosa emocionou os foliões na Marquês de Sapucaí e arrancou gritos de “é campeã” das arquibancadas, um dos pontos altos foi à aparição da imagem da vereadora Marielle Franco em uma bandeira, ela foi executada a tiros em 2018. Domingo (23), para tentar o bicampeonato a Mangueira do carnavalesco Leandro Vieira entra na Avenida polemizando e mantendo a linha de enredos críticos, enriquecendo o debate político dentro do Carnaval.

Com crítica social e política, veremos a volta de Jesus Cristo no mundo atual, marcado principalmente pela intolerância. O enredo 2020 leva o título sugestivo de “A verdade vos fará livre”, em que é quase impossível não fazer uma associação imediata com o lema bíblico tornado slogan do presidente da República, Jair Bolsonaro: “Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará”.

Como bem disse o  pastor Caio Fábio, que fez uma análise do samba-enredo da Mangueira durante o programa “Papo de Graça”, em seu canal no YouTube e Facebook. “A Mangueira entendeu, e os cristãos não. Por isso a Mangueira se levantará no juízo e julgará essa geração de messias com arma na mão”, o pastor, uma das mais importantes lideranças cristãs do Brasil, também criticou as reações conservadoras ao enredo.

“Muita gente não gosta sem saber. Que abomina sem conhecer. Que despreza sem ter visto. O fanatismo religioso é assim: odeia o que não conhece, abomina o que nem percebeu e despreza o que não conheceu. Assim é a mente de todos os fanáticos. E a religião tem um poder de alienação fanatizante, entupidora e alienante mais do que qualquer outra potestade na Terra”, declarou Caio Fábio, e completou. “Se publicanos e meretrizes nos precedem no Reino de Deus, quanto mais os compositores da Mangueira. Jesus já deixa a Mangueira entrar”.

Depois do Flamengo em outro patamar, tenho a enorme satisfação de ver a verde e rosa nas cabeças novamente, também tenho a honra de ter contribuído com a maior e mais querida Escola de Samba do planeta. Entre 2006 e 2013 atuei em diversas frentes defendendo nossa querida Estação Primeira de Mangueira, em 2011 com “O filho fiel, sempre Mangueira” sobre o genial e eterno Nelson Cavaquinho ficamos na injusta terceira colocação.

São muitas histórias que em breve transformarei em livro. Atuando como vice-presidente de Divulgação da Estação Primeira de Mangueira (2010/2013), representei a agremiação em 2011 ao lado da cantora Alcione no evento do presidente dos EUA Barack Obama no Teatro Municipal do Rio de Janeiro (Arquivo pessoal)

Por esse território sagrado convivi e conheci mestres como Nelson Sargento, Darcy da Mangueira, Delegado, José Carlos Netto, Tantinho da Mangueira, Onesio Meirelles, Geisa Ketti, Dimichel Velasco, Jeferson Carlos, Luizito, Rixxah, Zé Paulo Sierra, Jaime Cezário, Jorge Caribé, Mauro Quintaes, Wagner Gonçalves, Ivo Meirelles, Márcia Lage, José Soterio, Nilcemar Nogueira, entre outros.

Minha paixão nasceu quando Djalma dos Santos era presidente da Escola, meu avô e padrinho, Manola, vice-presidente e patrono (1983/86). Em 1984, ano de inauguração do Sambódromo a Escola protagonizou um dos momentos mais marcantes da história do Carnaval Carioca e sagrou-se “supercampeã” com “Yes, Nós Temos Braguinha” do carnavalesco Max Lopes. Isso marcou muito…

Em 1984 a Mangueira foi a sétima agremiação a desfilar no dia 4 de março, tornou-se campeã do carnaval carioca pela 13ª vez, encerrando um jejum de títulos que durava desde 1973. Nas imagens vemos Manola, vice-presidente geral da Escola festejando com o prefeito do Rio Marcelo Alencar e o presidente da Riotur, Trajano Ribeiro. Depois recebendo homenagens do governador Leonel Brizola e da primeira-dama Neuza Brizola. Por fim o genial compositor Carlos Alberto Ferreira Braga, conhecido como Braguinha, único homenageado supercampeão da história da Passarela do Samba (Fotos: Arquivo pessoal e Paulo Moreira / Agência O Globo)

Para milhares de sambistas, percussionistas, artesãos e artistas de todas as agremiações foram muitos meses de trabalho nos enredos, fantasias e alegorias, agora chegou a hora de mostrar o resultado disso tudo no Sambódromo. No Grupo Especial do Rio em 2020, desfilam:

Domingo
1 – Estácio de Sá
2 – Viradouro
3 – Mangueira
4 – Paraíso do Tuiuti
5 – Grande Rio
6 – União da Ilha
7 – Portela

Segunda-feira
1- São Clemente
2 – Vila Isabel
3 – Salgueiro
4 – Unidos da Tijuca
5 – Mocidade
6 – Beija-Flor

Que vença a melhor, ou seja, G.R.E.S Estação Primeira de Mangueira!


DANIEL MAZOLA é Jornalista, Editor-chefe do jornal Tribuna da Imprensa Livre, Consultor de Imprensa da Revista Eletrônica OAB/RJ e do Centro de Documentação e Pesquisa da Seccional. Pós-graduado, especializado em jornalismo sindical. Apresentador do programa TRIBUNA NA TV (TVC-Rio). Ex-presidente da Comissão de Defesa da Liberdade de Imprensa e Direitos Humanos da Associação Brasileira de Imprensa (ABI). Conselheiro efetivo da ABI (2004 a 2017). Foi Assessor de Imprensa da Federação Nacional dos Frentistas (Fenepospetro) e do Sindicato dos Frentistas do Rio de Janeiro (Sinpospetro-RJ). Vice-presidente de Divulgação do G.R.E.S. Estação Primeira de Mangueira (2010/13), editor do jornal FAFERJ (Federação das Associações de Favelas do Estado do RJ), editor do jornal do SINTUFF (Sindicato dos Trabalhadores da Universidade Federal Fluminense-UFF), editor do jornal Folha do Centro (RJ), editor do jornal Ouvidor Datasul (gestão empresarial e tecnologia da informação), subeditor de política do jornal O POVO, repórter do jornal Brasil de Fato, radialista e produtor na Rádio Bandeirantes AM1360 (RJ).