Redação

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que pode ser candidato a presidente em 2022. A declaração foi feita nesta 6ª feira (2.abr.2021), em entrevista ao canal de TV português RTP.

O ex-presidente Lula deu uma entrevista ao canal português RTP e disse que será candidato em 2022 (Reprodução)

Lula comparou a situação com a do presidente norte-americano Joe Biden. “O Biden é mais velho do que eu, ou seja, quando eu for candidato vou ter um ano a menos do que ele. Portanto, se eu estiver com saúde e for necessário cumprir mais uma tarefa, pode ficar certo que eu estarei na briga”. Biden tem 78 anos de idade, e Lula, 75.

Antes da fala, Lula havia dito na entrevista que a candidatura não é sua prioridade pessoal, e que iria esperar 2022 para decidir. Afirmou que é preciso focar atenção em vacinar as pessoas e viabilizar um auxílio emergencial de R$ 600, além de uma ajuda a micro e pequenos empresários e de uma política de geração de empregos.

“Necessariamente eu não preciso ser candidato a presidente da República. Obviamente que não vou dizer que não sou, nem vou dizer que sou. Nós vamos esperar chegar 2022, vamos precisar saber como estará o quadro politico. A única verdade que sei é que Bolsonaro não pode continuar governando o Brasil”, declarou.

Sobre o presidente Jair Bolsonaro, Lula minimizou a crise que começou com a saída do ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, e que envolveu a renúncia dos comandantes militares do Exército, Marinha e Aeronáutica.

“As mudanças que Bolsonaro fez são normais. O presidente teve um desentendimento com o ministro da Defesa, e resolveu trocar o ministro. Eu não vejo isso como sinal de crise”.

Lula criticou a escolha do diplomata Carlos Alberto Franco França para o ministério das Relações Exteriores. Entende que o nomeado não tem experiência para o cargo. “Isso é muito ruim para as relações exteriores, porque o Brasil chegou a ser quase um protagonista internacional, e hoje é tratado como um país insignificante”.

O ex-presidente também falou sobre Sergio Moro. Disse que o ex-juiz e ex-ministro foi “uma caricatura inventada pela imprensa brasileira, que foi transformado quase num semi-deus”. Disse que partes da operação Lava Jato e do MPF (Ministério Público Federal) estavam a serviço dos interesses de empresas norte-americanas, “para tentar quebrar a Petrobras”. 

Na visão de Lula, deveria ter sido criada uma governança mundial para combater a pandemia. “O secretário-geral da ONU (Organização das Nações Unidas), António Guterres, já poderia ter convocado uma reunião especial da ONU para discutir a covid-19, discutir quem vai financiar a vacina. Não é possível que o mundo não esteja reunido para discutir como enfrentar a covid-19”.

Questionado sobre a situação da Venezuela, Lula disse que o problema do país é dos venezuelanos. “Eu fiquei envergonhado quando vi líderes europeus acompanhar o Trump e tentar eleger um embuste para ser o presidente, que era aquele Guaidó. Com todos os defeitos, teve uma eleição na Venezuela que foi acompanhada por muita gente no mundo, e ninguém disse que foi roubada”.

Correção [2.abr.2021– 19h46]: Ao ser publicada, esta reportagem afirmava que o ex-presidente anunciou a candidatura para 2022. Segundo a assessoria do petista, ele apenas aventou a possibilidade de ser candidato.

***

Lupi, presidente do PDT, oscila entre manter ou rifar candidatura de Ciro

O presidente do PDT, Carlos Lupi, oscilou neste feriado entre manter a candidatura de Ciro Gomes (PDT) à Presidência da República em 2022 ou rifar o seu nome em apoio a uma candidatura viável contra Jair Bolsonaro. Ele deu declarações nos 2 sentidos nessa 5ª feira (1.abr.2021).

Em um 1º momento, em entrevista ao jornal Valor Econômico, Lupi afirmou que o PDT poderia apoiar outro nome. Ele ponderou, porém, que a ideia de candidatura própria continua sendo a prioridade do partido.

“Se houver a ameaça de continuidade de Bolsonaro, é uma hipótese que admito”, disse a respeito de recuar em uma candidatura própria.  “Se surgir nessa 3ª via um outro nome, que apresente um bom projeto, podemos conversar”, prosseguiu, a respeito da carta assinada por 6 presenciáveis, entre eles o próprio Ciro, em defesa da democracia na última 4ª (31.mar).

O manifesto se identificou como uma reação ao “autoritarismo” e uma defesa da “liberdade”. O texto foi divulgado na data que marcou o 57º aniversário do golpe militar de 1964, que é elogiado pelo atual presidente.

“É preciso ver o melhor nome, quem poderá derrotar Bolsonaro. Não podemos entrar nessa conversa com uma conversa com um projeto hegemônico, de fazer aliança desde que o candidato seja o meu”, argumentou.

No fim do dia, porém, o dirigente pedetista disse à revista Carta Capital que a candidatura é uma “decisão tomada”. “Queremos conquistar aliados para nosso projeto nacional de desenvolvimento que é personalizado pelo Ciro”, disse Lupi.

CANDIDATURAS

Ciro Gomes foi candidato a presidente em 2018 e ficou em 3º lugar. Ele teve 13.344.366 votos, ou 12,47% do total. O ex-governador do Ceará e ex-ministro de Itamar Franco e Luiz Inácio Lula da Silva também foi candidato em 1998 e em 2002 pelo PPS.

Em 1998, ficou em 3º lugar, atrás de Fernando Henrique Cardoso (que foi reeleito) e Lula. Teve 7 426 190 votos, 10,97% do total. Em 2002, tentou novamente, encerrando em 4º lugar, com 10 170 882 votos, atrás de Lula, José Serra e Anthony Garotinho. Teve 11,97% dos votos.

Pesquisa PoderData divulgada em 17 de março deste ano mostra que Ciro Gomes é um dos favoritos na corrida presidencial, sendo um dos poucos que poderiam derrotar Jair Bolsonaro nas urnas.

De acordo com o levantamento, ele ficaria atrás do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e de Bolsonaro no 1º turno, caso os 3 concorressem juntos. No entanto, se for um 2º turno com o chefe do Executivo, Ciro aparece com 39% das intenções de voto, contra 34% do atual presidente.


Fonte: Poder360