Por Sérgio Vieira –
Portugal / Europa – Séc. XXI
A televisão portuguesa, não é grande coisa. Se limita a repetir notícias, invade nossas casas com excessivos programas sobre futebol, requenta informação desnecessária e atualmente se centra somente nas notícias sobre a guerra Rússia / Ucrânia. Deixando de lado tudo o que se passa no país e no mundo.
Está bem, temos um botão “mágico” que nos facilita a mudança de canal em caso de assistir programas indesejados. Mas mesmo assim a televisão portuguesa é um oásis quando comparado com a excrecência da TV Record / Portugal. (TV fechada, ainda bem!).
Para escrever esta coluna, me predispus a estar atento desde cedo, cerca das 10h00, até às 04h00 da manhã. E o que encontrei/assisti foram programas locais de vários estados do Brasil com correspondentes em cada estado, focados somente na desgraça que possa ter acontecido em cada um deles (leia-se: assassinatos, catástrofes etc.).
Programas de apoio aos casais em situações de conflito conjugal, ministrados pelo genro e pela filha do chefe da camarilha, Edir Macedo. Que nada mais são que conselhos banais que qualquer amigo ou vizinho bem intencionado não daria.
Mais: O apoio ao atual governo, dado de maneira direta sempre que é possível.
Programas de fofocas sobre famosos, com um teor baixíssimo de conteúdo significativo num cenário sofrível e numa linguagem popularesca e às vezes até brejeira, comandada por um tal de Gottino, uma fofoqueira de carteirinha assinada chama Fabíola (não sei que) e por um velho caquético e mau humorado, de seu nome, (qualquer coisa) Lombardi.
Depois dessa carnificina televisiva, vêm os telejornais. Apresentados por uma desconhecida, que sinceramente não me recordo o nome e o Celso Freitas, excomungado da Globo há anos, e que encontrou um porto seguro no meio desta turba de pseudo-religiosos para pagar as contas no fim do mês.
Os conteúdos dos vários jornais que se prolongam até à 01h00 da manhã, camuflados sob diversos nomes, nada mais são que fragmentos dos vários jornais que foram sendo transmitidos durante o dia tornando enfadonho e até mesmo insuportáveis, tal a quantidade de repetições de notícias.
Aí, é que chega o momento alto da programação Record Internacional.
Temos a lavagem cerebral do Master, Edir Macedo, devidamente acompanhado pela sua digníssima esposa até às 03h00 da manhã , debitando princípios de vida devidamente apoiado pela sua “cartilha” (entenda-se Bíblia) sempre citando passagens da mesma e encaixando o que mais convém ao seu discurso banal, nojento, asqueroso e virulento.
Às 03h00 da manhã, tem a hora da desgraça alheia. “Cidade Alerta”, apresentada pelo Luiz Bacci e apoiado desde casa pelo senhor,…perdão, esqueci o nome. Que se diz especialista em criminalística, e cujas opiniões dependendo da desgraça, nada mais são que conclusões que qualquer um saberia dá-las.
Aí tem, tem de tudo. Desde mãe que matou o filho, filho que matou a mãe, vizinho que matou o outro vizinho à machadada, pessoas encontradas decapitadas e também às “postas”, enfim tudo o que for de mais macabro e sensacionalista está lá.
Sempre devidamente apoiado pela sua “grande” equipe de jornalistas sempre prontos a descobrir mais um corpo e mais um crime aqui e ali, e se apoiando nos depoimentos dos desgraçados infelizes que dão a cara para terem os seus minutinhos de televisão. Tem de tudo. Entrevistas em velórios, relatos na primeira pessoa de alguma desgraça familiar, alguma violação de menores, entrando pela casa das pessoas e dando tudo pra tirar o sangue da notícia. A semana agora é dedicada à cracolândia, cenário dantesco, mas que não escapa há umas investidas dos diligentes repórteres de plantão.
Enfim, o programa fica no ar, até às 05h00. Mas, caros leitores, confesso fui dormir às 04h00. O dia foi longo, muito longo. E posso dizer, perdi 1 dia de minha vida. (Escrevi esta coluna ao som de Mozart, para ficar mais calmo e mais inspirado).
Viva a televisão Portuguesa!
SÉRGIO VIEIRA – Colunista do jornal Tribuna da Imprensa Livre, representante e correspondente internacional em Aveiro, Portugal. Jornalista, bancário aposentado, radicado em Portugal desde 1986.
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MAZOLA
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