Por Miranda Sá –
Todo acadêmico de Direito (era assim que tratávamos na minha época) estudou Cesare Lombroso, antropólogo, criminologista e psiquiatra italiano, criador da teoria de que os delinquentes o são do nascimento.
Sob a influência das teorias de Darwin, Lombroso escreveu que o “verdadeiro delinquente” era nato, e relacionou a tendência de alguns indivíduos para o crime; chegou a exagerar afirmando que mente dos criminosos eram do “elo perdido”, um ser intermediário entre o macaco e o neandertal.
Com tal despropósito, concluiu acreditando na total desigualdade entre os homens honestos e criminosos; e, apesar das corrigendas que a ciência impôs às suas teorias, Lombroso teve e ainda tem seguidores.
Antes dele, tivemos estudiosos da fisionomia. Um deles, o poeta inglês lorde Byron, julgando uma terceira pessoa, escreveu a um amigo dizendo que desconfiava de quem tinha os olhos garços, isto é, verde azulados com réstea amarela.
O destinatário retrucou, dizendo que era assim que via os olhos do Poeta, em quem depositava confiança. Byron então respostou reconhecendo que tinha na verdade os olhos garços, e era por isto que gostaria ver as pessoas se preocupando….
A minha avó Quininha chamava olhos garços de “olho de gato ladrão”, e mesmo desconhecendo Byron, concordava com ele. É interessante lembrar que Hitler os tinha e Bolsonaro os tem; mas isto não os condena, porque assim fazendo, julgar-se-ia as encantadoras Cleópatra e Elizabeth Taylor, cujos olhos deslumbravam todos.
Aliás, os políticos jamais deverão ser pré-julgados por suas características corporais ou fisionômicas e sim pelo seu comportamento. É fundamental combater os seus desvios quando ocupam cargos de relevância, mas será injusto pressupor pelo julgamento caracterológico.
É inadmissível ver-se que a desonestidade de Lula se deve ao seu jeitão atarracado, típica mestiçagem de português com tapuia. A sua condenação em três instância, na verdade, se deveu graças as sobejas provas e visíveis vestígios de corrupção e lavagem de dinheiro.
Temos o mesmo caso com o seu polarizador de olhos de gato ladrão, Bolsonaro. Achar que ele á corrupto por causa da cor dos seus olhos é errado; deve apoiar-se na sua passagem pela presidência da República, atestando-se ações nepotistas e suspeitas, assim como as anteriores ligações com milicianos e a prática das “rachadinhas”, para chegar ao apoteótico caso das joias árabes e do Rolex.
A visão política suplanta o que os fisionomistas defendem. Traz-nos a Mitologia Grega o ensaio poético da deusa Minerva descrevendo que os olhos cinzentos dela se diluíam no céu de cobalto da Hélade.
Assim, não será pelos olhos garços de Bolsonaro ou os olhos castanhos de Lula que devemos combate-los, e sim pelos extremismos de falsa direita e de falsa esquerda que provocam a estúpida polarização eleitoral entre os dois.
Nosso combate é pelo Centro Democrático, um regime que estabeleça a Ordem e o Progresso da nossa bandeira, acrescentando-se o Amor positivista e a Justiça da social democracia.
MIRANDA SÁ – Jornalista profissional, blogueiro, colunista e diretor executivo do jornal Tribuna da Imprensa Livre; Trabalhou em alguns dos principais veículos de comunicação do país como a Editora Abril, as Organizações Globo e o Jornal Correio da Manhã; Recebeu dezenas de prêmios em função da sua atividade na imprensa, como o Esso e o Profissionais do Ano, da Rede Globo. mirandasa@uol.com.br
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