Por Miranda Sá –
“Se o homem falhar em conciliar a justiça e a liberdade, então falha em tudo” (Albert Camus)
Na época ingênua da minha infância os parques de diversão tinham uma Sala dos Espelhos, aonde a gente via a nossa imagem distorcida, gordíssima, magérrima, agigantada ou mirrada. É o que assistimos agora no cenário de insegurança jurídica criado pelo STF no caminho sinuoso da impunidade.
A Corte Suprema, dominada pelo Bando dos Quatro, abriu os portões das cadeias para os bandidos políticos de estimação e, em consequência, para criminosos de alto coturno, aqueles que podem pagar os advogados que conhecem as artimanhas dos togados.
Na antiga Grécia, nascedouro da Filosofia, o sábio Platão alertou que “o juiz não é nomeado para fazer favores com a Justiça, mas para julgar segundo as leis”. Como pensaria o sábio grego se vivesse atualmente no Brasil dos juízes nomeados para fazer favores? …
Em tempos passados, nos meados do século 18, Joseph-Marie de Maistre escritor, filósofo, diplomata e advogado escreveu: – “Posso dizer que nunca serei assassino, nunca hei de furtar; mas ninguém pode afirmar que nunca irá para a prisão”. Entre nós, esta observação se aplica ao cidadão comum, mas não aos que roubaram da Petrobras quantias suficientes para assegurar que o crime compensa.
Como a cabeça (de alguns) é um cofre que guarda pensamentos, os que refletem sobre a Justiça brasileira entendem que as últimas sentenças do STF foram lenientes e seletivas, satisfazendo os criminosos de colarinho branco e suas organizações criminosas.
Convencido que o destino do ser vivente é a morte (não é uma conclusão da ciência materialista, mas a Bíblia), vejo que este destino biológico dos homens não é admitido pelos imortais togados. Se aceitassem isto destinariam os seus nomes para o futuro, para os seus netos, ao inexorável julgamento dos seus contemporâneos.
O último ato dos ministros do STF contra a prisão de 2ª Instância, afronta a consciência nacional, porque foi sustentado por fraudulenta argumentação e a tentativa de iludir a Nação inventando salvaguardas constitucionais na sua incorreção.
Incorreção. Este substantivo feminino de pouco uso na linguagem corrente, vem do latim vulgar interpretando erro, imprecisão e inexatidão. Acho o seu uso literário melhor, “comportamento incorreto ou impróprio, desonestidade e deslealdade”.
Negar evidências criminosas, impedir investigações, interpretar as leis de acordo com os próprios interesses conspurcam um magistrado; as consequências das suas incorreções o levarão para o lixo da História.
O uso correto das palavras é para ser aplicado como defesa do nosso idioma, conforme Rui Barbosa alertou: “a degeneração de um povo, de uma nação ou raça, começa pelo desvirtuamento da própria língua”.
Seguindo esta lição, aponto a incorreção dos seis ministros do STF, Marco Aurélio Mello, Ricardo Lewandowski, Rosa Weber, Gilmar Mendes, Celso de Mello e Dias Toffoli, acusando-se de que terão o sangue dos brasileiros nas mãos, por ter estimulado a guerra civil que Lula, o criminoso solto por eles, está convocando.
Se lhes restasse um mínimo de patriotismo, se colocassem o Brasil acima dos interesses pessoais, poderiam pensar no que disse Juscelino Kubistchek: – “Costumo voltar atrás, sim. Não tenho compromisso com o erro”, e usar o título deste artigo do jeito como as imprensas oficiais fazem de vez em quando:
“Republicado por incorreção, tendo em vista erro na grafia do valor do instrumento contratual na publicação anterior. ” A admissão de um erro é um sinal de força e não uma confissão de fraqueza.
MAZOLA
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