Redação –
Ninguém pode dizer que ele não avisou. Em 30 de setembro, num almoço com gestores de recursos promovido pela XP Investimentos em São Paulo, o agora ex-secretário de Tesouro e Orçamento, Bruno Funchal, pediu ajuda do mercado para pressionar o governo defendendo o teto de gastos.
Segundo gestores que participaram do encontro, Funchal admitiu que era grande a pressão da ala política para que se financiasse o novo programa social do governo por meio de um estouro no teto. Na ocasião, ele pediu expressamente que os gestores mobilizassem formadores de opinião para “formar uma estratégia para defender o teto fiscal”.
DOIS AVISOS – No almoço, ele deu dois avisos. O primeiro foi que ninguém esperasse uma extensão do Auxílio Emergencial até abril de 2022. Se fosse para estender o programa, o governo o faria até o final de 2022, depois da eleição.
Outro aviso que ficou marcado nas anotações dos comensais foi de que, se o governo partisse para uma estratégia de autorizar o pagamento de precatórios fora do limite constitucional para os gastos públicos no ano que vem, o Auxílio Brasil seguiria pelo mesmo caminho.
Ao ouvir o alerta, nenhum dos gestores se preocupou demais. “Não era a primeira vez que alguém do governo fazia um discurso como aquele”, disse um deles. Além disso, os principais operadores do mercado já haviam incluído em suas projeções para a economia um cenário em que o governo aprovaria uma emenda constitucional excluindo cerca de R$ 30 bilhões em precatórios do teto de gastos para usar o dinheiro no pagamento do Auxílio Brasil.
ENFIM, CAIU A FICHA – Só que, nesta terça-feira, dia 19, quando ficou claro que o aumento no valor do benefício e na quantidade de famílias atendidas poderia levar a um aumento ainda maior, os gestores de fundos, banqueiros e analistas se assustaram.
Para eles, ficou claro não só que o Ministério da Economia tinha perdido a guerra para os políticos, mas também que daqui para frente seria muito difícil prever qual seria o estouro no orçamento.
Consideraram, também, que está aberta a porteira dos gastos para Bolsonaro e os políticos da base do governo em ano eleitoral. E que, nesse contexto, o céu é o limite para o estouro no orçamento.
JUROS MAIS ALTOS – A aposta unânime no mercado hoje é que, para conter a a alta da inflação que tende a acompanhar a alta do dólar, o Banco Central terá de aumentar ainda mais os juros na semana que vem.
No almoço com os gestores, Funchal deixou claro também que havia uma luta interna no governo em torno dos limites de gastos e respeito ao teto fiscal. Nesta quinta-feira, com o seu pedido de exoneração, junto com outros três importante secretários da equipe econômica, ficou claro quem saiu ganhando.
Fonte: O Globo
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