Redação

O Grupo de Estudos da Desinformação em Redes Sociais da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) criou uma hotline no WhatsApp para mapear e combater os boatos sobre o coronavírus (Covid-19). Em meio ao turbilhão de notícias sobre a pandemia, diversas teorias e notícias falsas circulam nas redes sociais, como a de que chá de abacate com hortelã previne o coronavírus, que Cuba já produziu a vacina contra o covid-19 ou de que o vírus é uma conspiração chinesa para destruir as economias ocidentais.

De acordo com o grupo, o objetivo é criar um banco de dados, classificar essas informações e identificar alguns padrões importantes para combatê-las. Até o momento, eles já reúnem cerca de 8 mil informações.

SISTEMA AUTOMÁTICO – Leandro Tessler, do Departamento de Física Aplicada do Instituto de Física Gleb Wataghin (IFGW), explica ao portal da Unicamp que eles ainda trabalham na criação de um sistema automático que faça o processamento dessas mensagens e seja capaz de catalogá-las.

“Tem vários caminhos possíveis para a gente seguir, desde escolher alguma mensagem, que a gente sabe onde está a origem dela, e entender como ela se propaga, até buscar a formação de bolhas, como é o caso de pessoas que assistem a um vídeo de desinformação e acaba buscando outro vídeo ligado também à desinformação”, analisa.

TEORIAS CONSPIRATÓRIAS – O pesquisador se diz preocupado com as teorias conspiratórias, agravadas pelo ambiente político do país. “Nós estamos preocupados também com outros interesses que podem aparecer em notícias de cunho político, notícias que envolvem teorias da conspiração e planos mirabolantes, para um lado ou para o outro. Isso é muito prejudicial para o entendimento do tamanho do fenômeno do coronavírus”, acrescenta.

Um dos exemplos de propagação de fake news com cunho político vem de um dos filhos do presidente Jair Bolsonaro, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (sem partido-SP), que escreveu uma mensagem nas redes sociais responsabilizando o governo chinês pela pandemia do novo coronavírus.

O parlamentar alegou que a China preferiu “esconder algo grave” a se expor, “tendo um desgaste que salvaria inúmeras vidas”. Por outro lado, a Embaixada da China no Brasil retrucou e disse que o filho do presidente contraiu “o vírus mental”, classificando sua postagem como “extremamente irresponsável”.


Fonte: RBA