Redação –
Os moradores do Jacarezinho estão cada vez mais apreensivos. O “Cidade Integrada” começa desintegrando 800 famílias que deverão ser removidas pelo projeto do Governo do estado. O anúncio foi feito pelo próprio governador que, até este momento, não deu ouvidos à comunidade que quer se manifestar sobre esta operação considerada de alto risco e é vista como algo ameaçador.
Esta ocupação – Cidade Integrada, iniciou na terça-feira (18), pelas polícias militar e civil e é uma ação que envolve também a favela do Muzema, na Zona Sul da cidade. As lideranças comunitárias das favelas estão apreensivas com a falta de diálogo do governo estadual e reclamam que não há proposta de integração social, educacional, habitacional, mas apenas uma ocupação das forças policiais do Estado.
A situação polêmica deixou os moradores em estado de alerta e terror, que ainda estão traumatizados com a lembrança do dia 06 de maio de 2021, última vez que a polícia ocupou a favela, mas, daquela vez, para praticar a maior chacina já registrada no Rio, com 29 mortos. Na ocasião policiais praticaram abuso de poder e deixaram rastros de violência em quase todas as ruas da favela. “Agora, junto com o medo e a luta contra a pandemia, os moradores, especialmente o pobre, preto e trabalhador o governo vem com esta ideia de despejar cerca de 800 famílias do Jacarezinho,” desbafou um morador que não quis ser identificado.
De acordo com o cronograma anunciado pelo governo do estado pela imprensa, estão previstas obras de saneamento, limpeza de rios e urbanização, entre outras medidas. O investimento previsto para esta ação é de 147 milhões de reais. Segundo o Instituto Estadual do Ambiente, as obras teriam início na próxima segunda-feira (25). Para Cláudio Castro, a obra é necessária para evitar proliferação de doenças “As pessoas não podem abrir a janela, que entram vetores de doenças”, afirmou ao G1.
Segundo moradores, estas medidas não foram anunciadas e explicadas. Eles ficaram sabendo dos despejos através da mídia “O governador esteve no Jacarezinho e apenas pediu para dragar o Rio Salgado, mas não falou nada sobre as residências. Como dará certo um projeto desse?”, indagou a liderança da comunidade, Rumba Gabriel.
O STF determinou o trancamento das ações de despejo durante a pandemia. Os moradores têm pedido ajuda e pedem providências para que não ocorra o despejo, ainda mais em um momento de crise sanitária que o Brasil enfrenta.
Esta semana foi realizada uma série de denúncias de abuso de poder praticado pela polícia que “mais mata no mundo”, segundo os moradores da favela vários deles que tiveram suas casas invadidas e destruídas. Nas redes sociais, os moradores declararam sua indignação. Uma moradora escreveu: “Quem é de fora não tem noção das coisas da favela. A violência do estado começa muito antes do primeiro policial apontar a entrada. Ontem às 17H já tinha boato de ocupação no Jacarezinho e a cabeça do morador fica como? Monitorando grupos, coração apertado, avisando parentes”, expressou a moradora. Outra disse também “O medo de não querer viver um 6 de maio (dia da chacina) é grande demais. Deus proteja nossas crianças”.
A Rede Grajaú se solidarizou sobre o que está acontecendo na favela da zona norte do Rio e publicou uma nota. De acordo com a nota, os policiais tem entrado nas casas utilizando a chave mestra, e sem mandato. Além disso, segundo um vídeo que tem circulado nas redes sociais, os policiais teriam destruído móveis, revirado roupas e ainda roubado economia das famílias que moram na comunidade do Jacarezinho. Ainda segundo a nota, as forças de segurança do estado, teriam passado por cima mais uma vez da decisão do STF de não realizar operações nas favelas durante a pandemia.
O Governador Cláudio Castro disse ainda que irão fazer a retomada de territórios dominados pelo tráfico. O investimento previsto é de 500 milhões de reais. Quem sai perdendo nessa história é sempre o morador, que tem seu direito violado. Para a Fundação Oswaldo Cruz, referência em saúde e pesquisa, ter saúde significa ter acesso à moradia, saneamento básico, educação, cultura e o direito de ir e vir.
Com essa série de situações o morador do Jacarezinho está tendo acesso a saúde? Como se tem saúde vivenciando todos os dias estas questões?
Fonte: Portal Favelas
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MAZOLA
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