Por Jeferson Miola

Israel bombardeia hospitais, repartições da ONU, campos de refugiados, escolas, prédios, igrejas, mesquitas e casas.

Em três semanas de ofensiva genocida a Faixa de Gaza já foi bombardeada com 18 mil toneladas de explosivos que atingiram mais de 12 mil alvos. Bombas de fósforo branco, proibidas pela ONU, são jogadas sobre os 2,3 milhões de palestinos confinados no campo de concentração.

Israel assassina uma criança palestina a cada nove minutos. E deixa outras duas gravemente feridas, muitas delas na fila da morte imediata.

Grande número de crianças palestinas que por enquanto estão conseguindo sobreviver da chacina israelense ficaram órfãs de mães e, também, de pais.

Nove a cada dez palestinos assassinados em Gaza são mulheres, crianças, idosos e homens desarmados, indefesos e abandonados pelo mundo.

Famílias inteiras foram exterminadas. Com todos integrantes dizimados, muitos sobrenomes de famílias só existirão em registros memoriais.

Na Cisjordânia, onde o Hamas não atua, Israel já matou pelo menos 150 palestinos desde 7 de outubro – número próximo ao total de palestinos que assassinou naquele território em todo o ano de 2022.

Israel viola o direito internacional, comete inúmeros crimes de guerra e sua máquina mortífera elimina quem estiver pela frente: voluntários estrangeiros, funcionários da ONU, médicos, enfermeiros, socorristas, jornalistas …

Israel bombardeia ambulâncias e explode estações de água e universidades.

O cerco israelense decreta a sentença de morte de palestinos privados de água, energia elétrica, combustível, remédios, alimentos e ajuda humanitária.

Isso é guerra?

Decididamente, isso não é uma guerra.

“É um genocídio de manual”, denunciou Craig Mokhiber na carta de demissão [27/10] do cargo de diretor do Escritório do Alto Comissariado da ONU para Direitos Humanos, onde atuou por mais de 30 anos.

Craig alerta que a limpeza étnica em Gaza entrou “na sua fase final”, e o regime de apartheid avança “em direção à destruição acelerada dos últimos vestígios de vida palestina autóctone na Palestina”.

O termo genocídio surgiu no direito internacional depois dos horrores do Holocausto nazista; não existia até então.

Segundo a Enciclopédia do Holocausto –que os sionistas deveriam ler, para se enxergarem no espelho–, em 1944 o advogado judeu polonês Raphael Lemkin definiu genocídio como “um plano coordenado, com ações de vários tipos, que objetiva à destruição dos alicerces fundamentais da vida de grupos nacionais com o objetivo de aniquilá-los”.

A Convenção da ONU para a Prevenção e Repressão do Crime de Genocídio, aprovada em 9 de dezembro de 1948 ainda sob os ecos do Holocausto, define como genocídio:
– “os atos cometidos com a intenção de destruir, no todo ou em parte, um grupo nacional, étnico, racial ou religioso, tais como:

a) assassinato de membros do grupo;
b) causar danos à integridade física ou mental de membros do grupo;
c) impor deliberadamente ao grupo condições de vida que possam causar sua destruição física total ou parcial;
d) impor medidas que impeçam a reprodução física dos membros do grupo; e
e) transferir à força crianças de um grupo para outro”.

Voltando à Enciclopédia do Holocaustoencontramos que o Holocausto “foi a perseguição sistemática e o assassinato de 6 milhões de judeus europeus pelo regime nazista alemão, seus aliados e colaboradores. O Holocausto também é às vezes referido como ‘a Shoah’, palavra hebraica que significa ‘catástrofe’”.

A radicalização da perseguição de judeus culminou no plano nazista da “solução final da questão judaica” – um plano organizado e sistemático para o assassinato em massa dos judeus, em escala industrial.

Os princípios do direito internacional mostram que o crime de genocídio é equivalente ao Holocausto, e que o sionismo é equivalente ao nazismo.

É preciso nomear o que está acontecendo nos territórios palestinos pelo nome verdadeiro. Não é guerra, é um genocídio clássico; é Holocausto!

O sionismo usa o grupo Hamas como pretexto justificador para executar a “solução final” e ocupar totalmente os territórios palestinos com um Estado étnico-teocrático fundamentalista e terrorista.

JEFERSON MIOLA – Jornalista e colunista desta Tribuna da Imprensa Livre. Integrante do Instituto de Debates, Estudos e Alternativas de Porto Alegre (Idea), foi coordenador-executivo do 5º Fórum Social Mundial.

Envie seu texto para mazola@tribunadaimprensalivre.com ou siro.darlan@tribunadaimprensalivre.com


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