Por Pedro do Coutto –
Na manhã de ontem, quarta-feira, a TV Globo e a GloboNews revelaram que a Polícia Federal praticou uma busca e apreensão de celulares na residência do ex-presidente Jair Bolsonaro, e realizou a prisão do coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens, por ter agido para falsificar atestados de vacinação exigidos para que estrangeiros entrem nos Estados Unidos.
A falsificação teria sido realizada numa cidade de Goiás e uma parte obscura do episódio desloca-se para a Prefeitura de Caxias, na Baixada Fluminense. Michelle Bolsonaro, esposa do ex-presidente, nega a sua inclusão lembrando que se vacinou quando esteve nos Estados Unidos. O reflexo do fato é enorme e sensibiliza o cenário político de forma profunda, pois afinal de contas implica numa sequência de crimes e de contradições absurdas do ex-chefe do Executivo.
REPERCUSSÃO – A questão de a Polícia Federal ter ingressado na residência de Bolsonaro e apreendido telefones celulares, entre os quais um do próprio Bolsonaro, amplia a força da explosão no país e faz prever a sua repercussão internacional, pois afinal de contas a lei norte-americana teria sido desrespeitada por uma falsificação. A fraude incluía também uma filha menor do ex-presidente.
Bolsonaro foi intimado a depor na PF na tarde de ontem a respeito das acusações, que vão desde a fraude até uma ação indevida envolvendo a infância, crime previsto também na lei. Até o momento em que escrevo esse artigo, Bolsonaro afirmou ao repórter Vladimir Netto, TV Globo que não iria prestar o depoimento para o qual foi intimado.
Ainda na manhã de ontem, a correspondente da GloboNews na Europa, Bianca Rothier, focalizava o início da repercussão do episódio em que Bolsonaro é apontado por ter participado do crime de fraude do certificado de vacinação. Acrescentam-se à explosão, as investigações sobre a versão do ex-presidente a respeito da questão das joias da Arábia Saudita. Aliás, coloco que é importante esclarecer se os presentes foram do governo do país, de algum dirigente ou representante de outro setor que atua na produção e comercialização de petróleo.
PL DAS FAKE NEWS – A pedido do autor do substitutivo, o deputado Orlando Silva, o presidente da Câmara, Arthur Lira, adiou a votação do projeto que regula as atividades das plataformas sociais, incluindo o uso indevido da liberdade de expressão para veicular manifestações ilegais, entre as quais o incitamento à violência e cenas de horror como as que foram focalizadas no programa Fantástico de domingo passado.
A Folha de S. Paulo desta quarta-feira acentua que a retirada do projeto na realidade ocorreu para evitar uma possível derrota do governo Lula. Orlando Silva alegou ter recebido em cima da hora diversas sugestões que precisa examinar com mais tempo. A data ainda ficou por ser marcada.
MANIFESTAÇÃO – Nas edições de ontem, tanto a Folha de S.Paulo quanto O Globo publicaram em página inteira uma matéria publicitária da Associação Nacional dos Jornais apoiando o projeto que regula o funcionamento das plataformas sociais e que não podem se transformar em ilhas do anonimato e da falta de responsabilidade legal.
A Associação Nacional dos Jornais, como não poderia deixar de ser, apoia integralmente o projeto do deputado Orlando Silva. Mas o espaço de uma página inteira em assunto tão importante não deveria ter sido ocupado apenas por uma projeção gráfica subjetiva. Deveria ter ao menos um texto curto, firme e objetivo sobre um assunto tão grave.
MISTÉRIOS POLICIAIS – No Segundo Caderno do O Globo da edição desta quarta-feira, reportagem de Talita Duvanel, destaca o retorno do programa Linha Direta a partir da noite de hoje na TV Globo focalizando crimes e mistérios ocorridos, sobretudo no Rio de Janeiro.
Apresentado por Pedro Bial, serão ouvidos depoimentos que não ficaram bem claros na época de suas apresentações à Justiça. A diretora artística do novo Linha Direta, Mônica Almeida, destaca a importância do gênero junto à opinião pública e o retorno do programa que inclui a iluminação e o esclarecimento de fatos que ficaram nas sombras em passados recentes ou mais distantes.
Acrescento entre os mistérios do Rio, pontos dramáticos contidos tanto no caso Bandeira, crime do Sacopã, quanto no desaparecimento total de Dana de Teffé, após um relacionamento com o advogado Leopoldo Heitor, personagem também misterioso do caso Bandeira.
PEDRO DO COUTTO é jornalista.
Enviado por André Cardoso – Rio de Janeiro (RJ). Envie seu texto para mazola@tribunadaimprensalivre.com ou siro.darlan@tribunadaimprensalivre.com
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