Redação

A Ford decidiu suspender temporariamente os contratos mil e seiscentos funcionários e terceirizados da Bahia. De acordo com a empresa, a decisão atingirá mil funcionários da fábrica situada em Camaçari, na Região Metropolitana de Salvador e outros 600 sistemistas, que terão os vínculos suspensos entre 1º de agosto e 31 de outubro.

A suspensão visa adequar o volume de produção à menor demanda do consumidor diante da pandemia do novo coronavírus. Na última sexta-feira (17), a prefeitura de Camaçari afirmou, em nota, que acompanha a decisão da Ford e indicou que mantém diálogo permanente com a Ford e com todo o setor industrial da cidade.

Durante os 90 dias de suspensão, os trabalhadores continuarão recebendo salários, sendo que parte será paga pela empresa e parte pelo governo federal.

O Sindicato dos Metalúrgicos de Camaçari garantiu em negociação com o Complexo Ford o emprego de 1.600 trabalhadores do setor operacional (1 mil da Ford e 600 de autopeças), que entram em lay-off por 90 dias, com pagamento do salário líquido, para todos os graus (62, 63, 64, 65 e 66).

A preservação dos empregos foi possível graças ao Acordo Coletivo fechado recentemente pelo Sindicato, que garantiu estabilidade do emprego por quatro anos. Sem o acordo, o cenário poderia ser de centenas, até milhares de demissões ou corte de direitos, como tem ocorrido em montadoras em outras partes do país.

Diante da crise no setor automotivo provocada pela estagnação da economia, a implementação do lay-off, como ocorreu em 2016, foi uma alternativa para assegurar a empregabilidade, agora com uma grande vitória que é a manutenção do pagamento do salário integral.

Os mais de 1.600 trabalhadores dos três turnos que entram em lay-off, a partir do dia 1º de agosto até 1º de novembro, vão passar por curso de qualificação do Senai durante esse período, de forma online, e precisam cumprir a frequência mínima das aulas em pelo menos 75%. Quem não respeitar a carga horária não terá direito à bolsa qualificação (concedida pelo governo federal com dinheiro do Fundo de Amparo ao Trabalhador, como forma de complementação do salário pago pela empresa).

Na negociação, o Sindicato também conquistou mais um benefício importante. Os trabalhadores vão receber R$ 60,00 para pagamento de custos com internet durante o período de lay-off.

Enquanto o governo Bolsonaro amplia por mais 30 dias a autorização para que empresas reduzam jornada e cortem até 70% do salário do trabalhador, o Sindicato conseguiu fechar um acordo que, além de garantir o emprego, preservou o salário líquido.

“Em primeiro lugar, nossa preocupação é com a saúde e a vida do trabalhador, por isso estamos desde o começo da pandemia discutindo e conquistando medidas que assegurem a segurança no chão de fábrica. Em segundo lugar, estamos conseguindo preservar o emprego e os direitos dos trabalhadores, num momento tão delicado para a saúde pública e a economia do país”, explica Júlio Bonfim, presidente do Sindicato.

Pessoa jurídica e aposentados

Prevendo que o governo federal não pague bolsa qualificação para trabalhadores em condição de pessoa jurídica e aposentados em lay-off, o Sindicato incluiu no acordo uma cláusula que obriga a Ford, nesses casos, a assumir esse pagamento, para que o salário do trabalhador seja garantido de forma integral.

Programa de demissão voluntaria

A Ford estuda a implementação de um Programa de Demissão Voluntária, que está sendo negociado com o Sindicato. Mas, ainda não há nada definido e qualquer especulação neste momento é somente boato.

Para ficar claro, o que há de concreto é que a proposta de valores apresentada pela Ford foi rejeitada pelo Sindicato e a negociação permanece em impasse.

Por sua vez, o Sindicato apresentou a proposta para que a empresa pague um valor e mais um carro a cada trabalhador. Por enquanto, não há nenhum acerto.


Fonte: Rádio Peão Brasil e Sindicato dos Metalúrgicos de Camaçari-BA