Por Amirah Sharif –

Na terça-feira passada, após a saída do trabalho, resolvi ir a uma livraria no centro do Rio de Janeiro para comprar um livro para minha irmã. Geralmente, escolho algum que fale do Flamengo ou do Rio da época dos anos dourados. Aproveito para levar um para mim, que trate de animais.

A minha irmã foi a primeira mulher a ser dirigente de um clube de futebol: por seis anos, foi vice-presidente social do Clube de Regatas do Flamengo e, assim, por essa razão, vou buscando livros sobre “o mais querido”,  para que ela se entretenha durante a pandemia.

Antes de chegar à livraria, uma vendedora de uma loja bastante conhecida me perguntou se eu não iria comprar nada para comemorar o dia do amigo, em 20 de julho. Parei, pensei e lhe disse que voltaria à loja em outro dia. Ela se surpreendeu e me lembrou que há anos eu tinha o hábito de passar lá para avisar que estava chegando o dia do amigo e que era necessário fazer uma boa propaganda para aumentar as vendas. Rimos juntas e eu confirmei que voltaria antes da data.

A vendedora tinha razão. Antes da pandemia, acredito que eu era a maior divulgadora da data. Promovia almoços, dava presentes e não fazia distinção entre conhecido, colega e amigo. Para mim, todos eram amigos. Desviei um pouco do caminho e resolvi ir até um pet shop no centro da cidade e comunicar ao gerente que no dia 20 de julho se comemora o dia do amigo. Perguntei-lhe se a loja teria interesse em fazer uma propaganda da data, unindo o útil ao agradável.

No dia do Amigo, adote um Amigo

A ideia seria elaborar um cartaz simples escrito: no dia do amigo, adote um amigo. O cartaz ficaria bem visível na loja, perto da seção das caminhas de pet, porque, a primeira atitude que temos, ao receber um amigo, é acomodá-lo e deixá-lo bem confortável. Também pensei em levantar uma hashtag em alguma rede social #adoteumamigonodiadoamigo. O gerente gostou e prometeu criar o cartaz.

Segui até à livraria, entrei e me deparei com um livro do Jô Soares. Sentei e comecei a folheá-lo e o pensamento foi longe.

Cursei também a faculdade de Administração na Fundação Getúlio Vargas e me lembro que, em uma das disciplinas, teria que discorrer sobre o tema “Desenvolvimento Organizacional”. O trabalho poderia ser feito em grupo ou sozinha.

O Amigo Jô Soares

Numa época em que não havia internet, consegui chegar até o ator, diretor e escritor Jô Soares e lhe pedi para narrar o texto que então eu lhe apresentava com a voz de um de seus personagens: a Norminha, estudante da PUC.

Escrevi um texto em que Norminha me entrevistava como se eu fosse uma grande conhecedora do assunto “Desenvolvimento Organizacional”. Era um “talk show”.

Norminha na capa da revista Amiga. (Reprodução)

Gravamos de primeira e tanto minha mãe quanto o ator Cecil Thiré ficaram admirados com o resultado. Minha nota foi dez. Os colegas da EBAP/FGV ficaram arrependidos de não terem participado de um grupo comigo, mas acharam que eu estava “viajando”, que eu “não iria conseguir falar com o Jô”, que ele “não se prestaria a me ajudar”. Pois, é. Ajudou.

Antes de sairmos do camarim, Jô me perguntou se eu não gostaria de trabalhar em televisão, porque eu escrevia bem, mas minha falecida mãe respondeu por mim e disse que não.

Esse gatinho no colo de Jô Soares é o Gustavo, que é da raça Maine Coon. Gustavo participou da sessão de fotos para o segundo volume de “O livro de Jô”. (Crédito: Paulo Vitale/Twitter)

Depois dessas boas lembranças, resolvi adquirir logo o livro e dá-lo de presente à minha irmã para que, de alguma forma, ela receba boas energias ao ler algo escrito pelo generoso Jô, que sequer imagina o quão importante foi para mim naquele dia.

Certa vez, o comediante disse, em um de seus programas, que seu cachorro lhe fazia uma grande festa, mesmo se ele tivesse se ausentado por apenas cinco minutos. Entendi perfeitamente a atitude do cachorro, porque o Jô é bom e faz falta, mesmo por cinco minutos.
Roberto Carlos também fez questão de prestar homenagem ao Jô Soares, ao cantar “Amigo”, em um dos programas do apresentador. Foi emocionante!

No dia 20 de julho, vou levantar a hashtag “adoteumamigo” e também vou colocar na tela de fundo do meu celular o cachorrinho do ator Rodrigo Andrade “vestido” de Jô Soares.

Feliz dia do amigo e um beijo ao gordo!


AMIRAH SHARIF é jornalista, advogada, protetora dos animais e colunista do jornal Tribuna da Imprensa Livre. asharif@bol.com.br


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