Por Brunno Guedes –
Todos os dias recebemos uma enxurrada de notícias sobre vinho. Para um degustador recém iniciado, isso pode ser um gatilho de grandes complicações, já que poderão ser abertas brechas para que o seu próprio gosto seja negligenciado ou até mesmo esquecido ao longo do tempo.
Devo ressaltar que essa coluna “Falando de vinhos de A a Z”, tem como objetivo falar do tema sem grandes complicações. Para uns que já possuem litragem pode parecer bem primária, mas, para outros, pode ser a solução, pois litragem sem certos cuidados pode ser apenas litragens de sofrimento.
Vamos lá! Trabalho diretamente com o público consumidor e observo com frequência algumas dúvidas. Por isso, ressalto o grande cuidado na hora de comprar uma garrafa de vinho e recomendo que não se esqueça da peça fundamental da brincadeira: você!
Pontuação na garrafa de vinho – Para muitos, isso não pode faltar, independentemente se ele gostará do vinho ou não, o que acaba sendo fonte de grande desilusão. O que devemos ter em mente é a seguinte informação: pontuação não significa que o vinho será bom para você. Ela representa uma opinião de uma banca avaliadora e seus critérios podem variar totalmente do que você procura (aqui não falarei dos avaliadores, isso será tema de outra matéria).
O que você, jovem degustador, precisa se atentar em relação a pontuação é: que tipo de vinho você gosta? Jovem com taninos fáceis de beber ou robusto com grande corpo? Se for iniciante deste mundo, procure vinhos sem grandes complexidades, com pontuação mediana entre 79 a 89 pontos. Pontuação alta pode representar vinhos mais duros e complexos. Lembre-se de que quando se fala em pontuação não existe regra e sim exceção; um Pinot Noir nunca terá o corpo do Malbec e vice-versa.
Outro item a ser observado são os aplicativos, que se voltaram para o mercado e mais parece uma loja online. Seu objetivo era selecionar e facilitar pela referência de gosto do consumidor, mas acabou se perdendo e, hoje, causa uma certa confusão entre profissionais do vinho, enólogos e clientes.
Por que falo que esses aplicativos causam confusão? Porque as pessoas vão em uma loja, procuram vinhos com notas máximas e quase sempre o que é visto lá não reflete a realidade em valores e qualidade. Por exemplo: o cliente vai a uma loja procurando vinhos com 4 a 5 estrelas. Na maioria das vezes, se decepciona com o valor cobrado por esses vinhos, que geralmente são de valores mais elevados. Um vinho com preço alto não significa necessariamente que ele é maravilhoso ou que tenha o famoso custo x benefício (também tema de outra matéria). O profissional faz toda a diferença, pois ele ouvirá o que precisa saber: do que você gosta, ou do que seus convidados gostam, se é um evento, a faixa etária, etc.
Outro exemplo marcante foi quando vi o cliente degustar um Barolo, abrir o aplicativo e marcar o vinho com duas estrelas. Para ele, o vinho era forte e tânico. Não entrarei no mérito de sua classificação, já que de fato o Barolo tem essas características. Entretanto, não era do gosto do cliente que prefere um vinho mais simples. Observe: não estou recriminando a pessoa, mas é isso que acontece com os aplicativos. Os “avaliadores” não tem expertise e tudo acaba indo para o mesmo saco: a importadora, o produtor, o sommelier e vocês, que acabam sendo penalizados.
***
Glossário do Vinho
> Corpo do vinho: Termo muito usado para descrever o tipo de vinho, que trata da sensação sentida em boca. Ao bebermos um chá, um café expresso, uma vitamina, sentimos a diferença entre os sabores e texturas, o chá sendo mais leve que o café e a vitamina sendo mais densa e pesada.
> Pontuação: Sistema que classifica a qualidade do vinho. Não é objetiva e, sim, abstrata principalmente para o jovem enófilo.
> Complexidade: Termo usado para descrever aromas que, ao primeiro passo, não são fáceis de perceber exigindo do degustador uma maior compreensão do vinho a ser degustado.
> Vinhos mais duros: Termo usado para descrever um vinho que o seu corpo no todo possuem taninos mais ásperos além de outras substâncias que nele estejam presentes.
> Tanino: Termo usado para descrever a sua aspereza, substância que causa uma sensação de travamento ou cica em boca como banana verde, caqui.
Até a próxima semana!
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BRUNNO GUEDES é sommelier master, empresário e Ceo da VinoArt©. Formado pela Associação Brasileira de Sommeliers (ABS/RJ), possui o nível I da International Sommelier Guild, uma das mais respeitadas escolas de sommeliers do mundo, além do certificado IBRAVIN – Qualidade na taça 2015. Lecionou no Senac do Rio de Janeiro, foi consultor do Empório Cadeg, é colunista especializado em vinhos do jornal Tribuna da Imprensa Livre e já conta com mais de 15 anos de experiência no mercado.
MAZOLA
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Ótima iniciativa, uma coluna de vinho 🍷 para iniciantes , nada rebuscado. Parabéns
Gostei da observação dos “avaliadores” que não tem expertise….
Texto fácil e de interesse dos consumidores. Mas pergunto: onde encontrar Vinhos de primeira por preços acessíveis?
Boa noite Danilo! No Brasil, infelizmente, pagamos muitos impostos sobre o produto. Devemos aproveitar oportunidades e posso listar algumas. Pode ser a descontinuação de um rótulo da importadora, ou um vinho que chegou ao seu ápice ou ainda um vinho que chegou agora no mercado.
Vinho com preço alto não significa necessariamente que ele é bom?? Fala sério Bruno, discordo. A outra colunista era mais apurada, desculpe mas o Mazola errou. Boa sorte
Espero aprender mais sobre esse universo fascinante. Achei muito bom, ótimo colunista.
Boa noite André! Trabalho com vinho há muitos anos e posso afirmar que vinho caro não é necessariamente bom. Primeiro porque tem o gosto pessoal de cada um e segundo porque tem estabelecimentos que praticam preço de valor elevado no produto. Mas cada um tem sua opinião e respeito muito a sua.