Redação

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), anunciou ao lado dos partidos de esquerda a adesão dessas siglas ao seu bloco na disputa pela presidência da Câmara. O grupo lançou um manifesto, em favor da união do bloco. Leia a íntegra.

Assinaram a carta lida por Maia no anúncio representantes dos seguintes partidos: PT, PSL, MDB, PSB, PSDB, DEM, PDT, Cidadania, PV, PC do B, Rede. Essas siglas reunem 269 deputados.

Ainda, há 12 deputados do PSL que estão suspensos e não estão sendo contados na bancada pela Câmara. A assinatura da cúpula do partido não garante a formação de um bloco. É necessário que mais da metade de cada bancada assine.

Esse bloco vai se contrapor a Arthur Lira (PP-AL), o 1º a lançar candidatura. Líder do Centrão, ele se aproximou do presidente Jair Bolsonaro ao longo de 2020. É o o postulante preferido do Planalto.

Estão em torno da candidatura de Lira há partidos que somam 204 deputados. Isso não significa que nenhum dos 2 lados terá essa quantidade de votos. A eleição tem voto secreto, os partidos não têm como punir seus filiados se apoiarem outro candidato.

Deputados do PSB já se mostraram simpáticos a Lira. O Solidariedade, que está no bloco do pepista, ainda quer ouvir os outros concorrentes. Esses são exemplos de como o cenário é fluido.

A eleição será em 1º de fevereiro de 2021. Quem vencer terá mandato de 2 anos. Se todos os 513 deputados votarem são necessários 257 para ganhar a disputa.

O Planalto se interessa pela corrida eleitoral na Câmara porque quem preside a Casa tem o poder de pautar projetos. Se o governo quiser afrouxar a legislação sobre armas, por exemplo, a proposta só sai do papel se os presidentes de Câmara e Senado pautarem.

CONTEXTO

Maia busca fortalecer seu candidato, ainda indefinido. Os mais cotados para se candidatar no grupo do atual presidente da Câmara são Aguinaldo Ribeiro (PP-PB) e Baleia Rossi (MDB-SP).

O demista tem feito o possível para colar a imagem de Lira à do governo federal. Diz que seu bloco, ainda sem nome, representa a “Câmara live”.

“Enquanto alguns buscam corroer e lutam para fechar nossas instituições, nós aqui lutamos para valorizá-las. Enquanto uns cultivam o sonho torpe do autoritarismo, nós fazemos a vigília da liberdade. Enquanto uns se encontram nas trevas, nós celebramos a luz”, diz manifesto lido por Maia e assinado pelos partidos.

“Esse grupo que hoje se apresenta tem muitas diferenças, sim. Porque, diferente daqueles que não suportam viver no marco das leis e das instituições e que não suportam o contraditório, nós nos fortalecemos nas divergências, no respeito, na civilidade e nas regras do jogo democrático”, afirma o documento.

“Essa não é a eleição entre o candidato A ou candidato B, é a eleição entre ser livre e subserviente”, continua o texto.

A presidente do PT, Gleisi Hoffmann (PR), disse que deve haver uma candidatura na esquerda dentro do bloco, além da candidatura do escolhido de Maia e seu grupo.

“A adesão do bloco não significa adesão à candidatura. A oposição construirá um nome para apresentar ao bloco também com alternativa”, disse a presidente do PT, Gleisi Hoffmann.

A tendência é que no 2º turno os partidos de esquerda convirjam ao candidato de Maia. PDT e PSB estavam próximos do atual presidente da Câmara há mais tempo. O PT resistia a aderir ao bloco sem saber quem será o candidato.

Até a 5ª feira (17.dez.2020) havia resistência no grupo de Maia sobre a possibilidade de haver 2 candidatos no mesmo bloco. A declaração de Gleisi mostra que essa dificuldade foi ao menos flexibilizada.

Circulam como possíveis candidatos da oposição os deputados Paulo Teixeira (PT-SP), Afonso Florence (PT-BA) e Lídice da Mata (PSB-BA). O Psol, que não encaminhou entrada no bloco de Maia, também deve ter candidato próprio, ainda indefinido.

O apoio da oposição é estratégico nos planos do grupo de Rodrigo Maia. Os partidos de esquerda têm cerca de 130 deputados. É insuficiente para vencer uma eleição, mas uma força enorme para decidir o pleito.


Fonte: Poder360