Por Miranda Sá –
“A sabedoria e a ignorância se transmitem como as doenças; daí a necessidade de se saber escolher as companhias” (William Shakespeare)
Conta-se que o pai da Medicina, Esculápio, elevado à categoria dos deuses pelos gregos, teve com a sua mulher Lampetia uma filha que foi batizada como Higeia, considerada como a inventora da higiene, propondo um conjunto de medidas pessoais para conquista do bem-estar e saúde; asseio e limpeza.
A progênie de Esculápio, ensinando a comer alimentos saudáveis, beber água pura e o hábito de lavar as mãos, reduziu quase a zero a clientela do pai, mas o manteve como seu inspirador e gravou historicamente a sua memória pelas curas obtidas.
Isto nos ensina que devemos ajudar os filhos na sua formação, para que saibam distinguir o bem e o mal, e pelo exemplo que damos eles não deixarem cair nas sombras do esquecimento o respeito que os pais merecem.
Falando de saúde e medicina numa época que o mundo procura se resguardar das epidemias, não é demais comentar e folhear os compêndios de História para rever quão avassaladoras foram as viroses que se difundiram no passado. Parece-me que a mais avassaladora de todas foi a “peste negra”, a pandemia que resultou na morte de 75 a 200 milhões de pessoas na Ásia e na Europa.
É triste recordar, também, as desgraças trazidas para as Américas pelos conquistadores, dizimando várias nações indígenas com a varíola, sarampo, caxumba, gripe e, segundo recentes pesquisas científicas, a febre entérica.
Mais recentemente, causou pânico o HIV, os retrovírus da aids que atacam o sistema imunológico e acarretam infecções agudas, um mal felizmente combatido e controlado; veio a MERS e depois a síndrome respiratória aguda grave, abreviada como SARS e a dengue e o ebola, doenças transmitidas por insetos.
A medicina moderna classifica essas manifestações como surto, epidemia, pandemia e endemia. A epidemia é a propagação de uma doença infecciosa por virose, que surge de repente em certos locais, e termina espalhando uma pandemia mundo afora.
O Corona Vírus, primo do vírus da SARS, teve início na província de Wuhan, na China, infectando centenas de pessoas desde o início do surto que, segundo pesquisa, é provocado por vírus, bactérias ou outros microrganismos.
Os sintomas do corona vírus incluem coriza, tosse, dor de garganta, possivelmente dor de cabeça e talvez febre, que pode durar alguns dias, e como disse Stendhal, a dar-se um nome para uma doença é apressar-lhe os avanços.
Segundo a OMS faz-se necessário um alerta global também nas grandes regiões asiáticas, atingindo um grande número de pessoas e com incidentes casos pontuais na Europa e na América do Norte.
Todo cuidado é pouco. A lição de Higeia, citada, foi elevada, como o pai Esculápio, aos deuses do Olimpo como deusa da saúde, limpeza, higiene e saneamento. Esta orientação com cerca de 300 anos antes de Cristo é válida para a prevenção da pandemia do coronavírus.
Mais tristes ainda são as epidemias que atacam os neurônios… O fanatismo recorrente de ideologias tronchas, já superadas como utopias quando foram levadas à prática, ataca principalmente os jovens desnorteados pela falta de perspectivas pessoais de vida.
Contou-me esta semana um amigo, professor de universidade no Nordeste, a curiosa história de uma aluna com origem numa família abastada de fazendeiros e neta de um desembargador.
Impressionado com os discursos radicais da moça, pregando a derrubada do estado burguês, o Professor perguntou o porquê desta opção. Com os olhos arregalados do fanatismo ela disse que cansou das críticas dos colegas às suas roupas e ao seu carro, resolvendo aderir a eles que lhe mostraram as injustiças do mundo.
Viu que as suas empregadas, os agricultores e os vaqueiros da fazenda e os motoristas do seu pai e da sua mãe eram muito pobres. Todos. Seus salários não dão para sustentar uma família.
Então o Mestre indagou: – “E porque os seus pais não tomam a iniciativa de mudar esta situação, sem esperar leis, normas, aparatos legais e jurídicos? ” Aí a pobre menina rica se revelou: – “Que bobagem, se for assim como vamos manter o nosso “status”?
Essas coisas me levam ao pensador mais avançado para sua época, Voltaire, ao dizer que “o fanatismo é uma doença da mente, que se transmite da mesma forma que a varíola”.
MAZOLA
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