Por Jeferson Miola

O PSDB histórico, assim como políticos, juristas e economistas que ocuparam ministérios e postos relevantes nos governos tucanos, já apoiam a candidatura Lula/Alckmin desde o primeiro turno.

É o caso, por exemplo, de FHC, Aloysio Nunes, José Carlos Dias, Rubens Ricúpero, Paulo Sérgio Pinheiro, Cláudia Costin, André Lara Resende, Luiz Carlos Bresser-Pereira, José Gregori, Fabio Feldman e outros/as.

Imediatamente após a proclamação do resultado do primeiro turno, o tucano histórico e ex-presidente nacional do PSDB Tasso Jereissati também declarou apoio ao Lula. “O que está em jogo para nós é a democracia, e a democracia está acima disso tudo”, declarou Tasso.

Algumas lideranças tucanas secundárias, porém, preferiram ficar na contramão de dirigentes e políticos históricos do partido que se somam à luta da democracia contra o fascismo.

O governador de SP Rodrigo Garcia e o deputado federal gaúcho Lucas Redecker, por exemplo, escolheram seguir a mesma linha extremista e de ódio inaugurada por Aécio Neves em 2014 e que causou a ruína do PSDB.

A despeito da corrupção, dos retrocessos e da devastação do país, Redecker declarou que “o melhor caminho para o Brasil é o presidente Bolsonaro” [sic].

De outra parte, o embarque do governador paulista na nau bolsonarista chega a ser humilhante. Depois de Rodrigo Garcia anunciar apoio, o candidato de Bolsonaro em SP, Tarcísio de Freitas, esnobou e dispensou a presença dele no seu palanque: “não vê sentido”!

O peessedebista histórico Tião Farias, que chefiou a Casa Civil do governo Mário Covas, reagiu duramente ao alinhamento do PSDB com a extrema-direita fascista. Para ele, esta escolha significa “agredir e ofender toda a nossa história”.

Decidido a se desfiliar do PSDB, que na opinião dele “já vinha meio capenga, [e] agora descambou”, Tião disse que “é difícil ficar num partido que apoie um fascista”.

Ao passo que esses setores secundários do PSDB aprofundam a degeneração ideológica e abandonam o compromisso partidário com a democracia, a direção executiva nacional do PDT reafirmou a origem brizolista do Partido e decidiu, com a unanimidade dos seus integrantes, apoiar Lula.

Uma decisão que honra a memória do lendário Leonel Brizola; que, se ainda estivesse vido, estaria junto com Lula nesta circunstância histórica de grave ameaça à democracia e ao povo brasileiro.

“Não admitimos nenhum pedetista apoiando Bolsonaro”, declarou o presidente nacional Carlos Lupi, acrescentando que o atual presidente é um “aspirante a ditador, malversador do dinheiro público e homem da falsa fé cristã”.

O PDT se integra à aliança de partidos da chapa Lula/Alckmin com as contribuições programáticas defendidas pelo candidato pedetista no primeiro turno da eleição – renda mínima, solução para o endividamento de pessoas físicas, educação em tempo integral e recuperação dos direitos trabalhistas.

O xadrez do segundo turno vai ganhando contornos definitivos. Os alinhamentos políticos e eleitorais de lado a lado ganham nitidez.

Em 30 de outubro o destino do Brasil será decidido na confrontação entre o fascismo e a democracia, entre a barbárie e a vida.

Depois de toda tragédia e de toda devastação; depois do genocídio, da descompaixão, da destruição ambiental; depois da fome, do desamparo e da miséria, nem o maior dos cínicos pode sentir-se diante de “uma escolha muito difícil”, pois estará conscientemente integrando o fascismo; estará se tornando, também, um agente fascista.

JEFERSON MIOLA – Jornalista e colunista desta Tribuna da Imprensa Livre. Integrante do Instituto de Debates, Estudos e Alternativas de Porto Alegre (Idea), foi coordenador-executivo do 5º Fórum Social Mundial.

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