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EDITORIAL – A zorra em que estamos atolados
Editorial, Geral, Opinião

EDITORIAL – A zorra em que estamos atolados

Poucas vezes ficou tão clara, como na semana que passou, a lógica do modelo econômico que nos foi imposto na madrugada de janeiro de 1999 e mantido criminosamente por Lula e pelo PT. O estado brasileiro foi transformado numa poderosa máquina de transferência de renda de quem trabalha e produz para meia dúzia de rentistas que subornaram o poder político nacional.

Através deste suborno, especialmente do PT e de seus puxadinhos, obtiveram o silêncio cúmplice daquilo que um dia se chamou de sociedade civil entre nós. É constrangedor, para dizer o menos, o silêncio, quando não o aplauso conivente, às maiores perversões já vistas na história mundial, dos artistas, dos intelectuais, das centrais sindicais e, pior de tudo, da juventude e de suas expressões no moribundo movimento estudantil.

Após anunciar uma violenta pancada no salário-mínimo e, portanto, nos valores já precários da esmagadora maioria das aposentadorias e, ENOJANTE (!), restrições imorais, e perversas nos benefícios de prestação continuada (BPC) (explico já já esta canalhice), além de um grande corte (manipulação contábil) nas verbas da educação, Lula aumenta em nada menos do que UM PONTO percentual a mais na SELIC, a taxa de juros que o governo paga a quem tem dinheiro aplicado.

Digo Lula porque a decisão foi unânime, ou seja, a providência foi tomada pela turma do Lula, encerrando a picaretagem que culpava o nomeado de Bolsonaro e mantido pelo PT na direção do Banco Central.

A decisão veio com o anúncio de que outras duas pancadas mais, da mesma magnitude, estão marcadas para acontecer nos próximos dias. E assim o Brasil petista baterá seu próprio recorde de maior taxa de juros do mundo!

Isto é deletério, meu caro assinante! Este o câncer que está matando a economia brasileira estruturalmente ainda que aqui e ali, já explicamos, o nacional consumismo insustentável promova ciclos ilusórios de crescimento medíocre, para, logo mais, cairmos no quadro de real estagnação econômica em que estamos.

Se a taxa de juros que o governo paga por seus papéis é maior do que a rentabilidade dos negócios, a economia tende à paralisia. Simples de entender: se eu tenho dinheiro (a minoria) por que vou colocar numa atividade de risco se a aplicação na renda fixa me dá um lucro maior?

Pior, se eu não tenho recursos (caso da maioria dos empreendedores brasileiros), como é que vou tomar dinheiro emprestado ao banco se os juros que vou ter que pagar são maiores do que o lucro de meu negócio? Esta é a queda, e tem o coice: o custo impagável, pelo governo, deste galope de juros.

A tunga no salário-mínimo (o brasileiro já é o menor das Américas, só ganhando da caótica Venezuela) vai tirar do bolso do trabalhador mais humilde e dos idosos aposentados (que NOJO!) R$ 110 bilhões até 2030. Este pontinho na SELIC vai tirar dos cofres do governo R$ 87 bilhões em apenas um ano!

Entenderam? Permitam-me repetir: para entregar R$ 87 Bilhões de reais A MAIS “ao mercado” por ano, Lula vai tirar dos trabalhadores mais humildes e, pior, dos idosos aposentados, R$ 110 BILHÕES em 6 anos. Se cumprirem a promessas de, em curto espaço de tempo, darem mais duas pancadas de 1% cada uma, a conta será de mais R$ 261 bilhões POR ANO!

E a conta de juros vai superar pela primeira vez na história o estonteante valor de R$ 1 TRILHÃO – com T de tapioca – POR ANO!

Estão loucos, fiquei eu louco? Não! É uma inerência do modelo, mais a subordinação vergonhosa de nossos governos aos ditados de um tal mercado.

Meta de inflação, câmbio flutuante e superávit primário, herdados de Fernando Henrique Cardoso e mantidos intocados pelo conservadorismo traiçoeiro de Lula e do PT e de seus puxadinhos. Autonomia do Banco Central herdado de Bolsonaro, e igualmente mantido intocado por Lula e sua banda, inclusive mentindo que não poderia demitir a diretoria nomeada por Bolsonaro, como a lei permite.

Abaixo trago um gráfico que põe em flagrante evidência o comportamento criminoso do Banco Central. Nele se vê a taxa de inflação e a taxa de juros básica das economias pelo mundo afora. A evidência clara é de que a taxa de juros brasileira, manipulada a pretexto de inflação, desobedece a qualquer padrão técnico Internacional, deixando claro que não tem praticamente nada a ver com o enfrentamento da inflação e sim com a rendição criminosa às exigências do tal mercado.

É para incrementar os ganhos de curto prazo ou para atrair dólares voláteis que essa taxa absurda é imposta. Tem mais, juros altos funcionam quando, teoricamente, há mais gente querendo e podendo comprar as coisas do que coisas para vender. A capacidade de comprar as coisas vem da renda mais do crédito que as pessoas têm na praça. Em tese, portanto, se eu encarecer o crédito via aumento dos juros, eu diminuo a demanda. Isso nos manuais de economia de Chicago, aqui não.

A literatura não conhece o fenômeno do consumidor brasileiro que, não tendo renda, compra se as prestações couberem em seu fluxo precário, não importando que leve um forno de micro-ondas para casa e pague dois de juros embutidos nas prestações.

Mas tem mais erros crassos que causam imenso prejuízo ao Tesouro Nacional e enriquecimento ilícito ao tal mercado: parte importante dos índices de preços no Brasil – especialmente o índice oficial da inflação – é imune a juros porque são fixados por lógicas externas à lei da oferta e da procura: preços administrados pelo governo tipo energia elétrica ou derivados de petróleo.

Parte relevante desses preços também infensos a juros são aqueles a nós impostos de fora para dentro do país, como a maior parte da commodities. Sabem o preço da carne que aloprou por estes dias? Pois é…não liga para juros. Tem também os preços sazonais igualmente imunes a juros, tipo material escolar no começo do ano ou a safra do tomate… Pior de tudo são os preços dolarizados. Sobem e são inalcançáveis pelos juros, tipo o IGPM dos aluguéis ou preço dos remédios… E por aí vai a grosseria criminosa com que se implantou no Brasil o tal “inflation target”, que entre nós tomou o nome de meta de inflação. Mas só aqui ele é manipulado com tal distorção técnica.

Para completar a zorra em que estamos atolados, e evidenciar que é tudo igual no Brasil tanto faz se LULA ou BOLSONARO, tivemos esta semana também mais uma evidência eloquente da podridão com que o modelo de governança política do país vai piorando. Para arrochar os pobres, aposentados e doentes ou crianças autistas, Lula baixou portaria liberando mais R$ 6 bilhões de emendas para cegar a chantagem de sua turma no Congresso. E o ministro do Supremo Flávio Dino, que tinha determinado um mínimo de transparência nessa esculhambação, foi desmoralizado.

Só os fanáticos não percebem a gravidade do que está acontecendo no Brasil!

Autor: Ciro Ferreira Gomes, advogado, professor universitário e político brasileiro, filiado ao Partido Democrático Trabalhista (PDT), do qual é vice-presidente, também é editorialista e membro do Conselho Consultivo do jornal Tribuna da Imprensa Livre.

DANIEL MAZOLA – Jornalista profissional (MTb 23.957/RJ); Editor-chefe do jornal Tribuna da Imprensa Livre; Consultor de Imprensa da Revista Eletrônica OAB/RJ e do Centro de Documentação e Pesquisa da Seccional; Membro Titular do PEN Clube – única instituição internacional de escritores e jornalistas no Brasil; Pós-graduado, especializado em Jornalismo Sindical; Apresentador do programa TRIBUNA NA TV (TVC-Rio); Ex-presidente da Comissão de Defesa da Liberdade de Imprensa e Direitos Humanos da Associação Brasileira de Imprensa (ABI); Conselheiro Efetivo da ABI (2004/2017); Foi vice-presidente de Divulgação do G.R.E.S. Estação Primeira de Mangueira (2010/2013). 

SIRO DARLAN – Advogado e Jornalista; Editor e Diretor do Jornal Tribuna da imprensa Livre; Ex-juiz de Segundo Grau do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ); Especialista em Direito Penal Contemporâneo e Sistema Penitenciário pela ENFAM – Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados; Mestre em Saúde Pública, Justiça e Direitos Humanos na ENSP; Pós-graduado em Direito da Comunicação Social na Universidade de Coimbra (FDUC), Portugal; Coordenador Rio da Associação Juízes para a Democracia; Conselheiro Efetivo da Associação Brasileira de Imprensa; Conselheiro Benemérito do Clube de Regatas do Flamengo; Membro da Comissão da Verdade sobre a Escravidão da OAB-RJ; Membro da Comissão de Criminologia do IAB. Em função das boas práticas profissionais recebeu em 2019 o Prêmio em Defesa da Liberdade de Imprensa, Movimento Sindical e Terceiro Setor, parceria do Jornal Tribuna da Imprensa Livre com a OAB-RJ.

Envie seu texto para mazola@tribunadaimprensalivre.com ou siro.darlan@tribunadaimprensalivre.com


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