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EDITORIAL – A pior concentração de renda do mundo
Editorial

EDITORIAL – A pior concentração de renda do mundo

Passadas as eleições é hora de voltarmos à rotina política e institucional brasileira e aí constatarmos a quantidade de pendências graves que caracterizam a verdadeira metamorfose ambulante – desculpas Raul Seixas – em que a mentirada de nossa governança se transformou.

A linha do tempo é vulgarmente a mesma: escândalo na mídia, anúncios bem embalados publicitariamente, esquecimento. Pouco importa a gravidade do problema ou sua urgência, tem sido desagradavelmente assim. Claro que a grande mídia cumpre seu papel, alinhado e alienante, ao “esquecer” dosar assuntos com a mesma leviandade com que os escandaliza por poucos dias.

Lembrando aqui aleatoriamente, e sem compromisso de ser exaustivo, mas apenas exemplificativo, tantas e tão relevantes são as questões. O Governo começou escandalizando a mortandade na tribo Yanomami. Andei por lá. A coisa está mais ou menos do mesmo jeito que estava.

Outro berro que fazíamos na oposição a Bolsonaro era contra a política de preços da Petrobras, vinculada à paridade internacional, portanto criminosamente desvinculada da estrutura de custos locais e vinculada à taxa de câmbio. Segue tudo igual, mudando apenas a periodicidade dos reajustes, não seus valores, mas o centro da perversão segue o mesmo, bem como a política de distribuição de dividendos, descomprometida, seja com a dívida da empresa, seja com um projeto vigoroso de investimento.

Num comício em Paris, pegando carona de um show de rock, Lula prometeu desmatamento zero na Amazônia. Os incêndios tanto ali quanto no Pantanal bateram todos os recordes, de lá para cá. Aliás, em meio ao sufoco da fumaça que cobriu 80% do território nacional, uma viagem escandalosa levou a nossa dadivosa mídia junto com Marina Silva e Lula até a Amazônia, onde se prometeu a criação de uma “autoridade climática”, seja lá o que isto queira dizer. Aliás, promessa requentada da época da campanha, que prometia também picanha e cerveja para todos, todas e “todes”.

Aliás, cadê um projeto da ministra da Cultura regulamentando também esta “novidade” lulopetista da chamada linguagem neutra? Sumiu, escafedeu-se…

Quando Lula assumiu eram 72 milhões de brasileiros humilhados no SPC/SERASA. Anunciaram o programa DESENROLA. Uma montanha de dinheiro público foi gasta em propaganda. Parece que não desenrolaram nada, e não se fala mais nisso, dado que, segundo o SERASA, são hoje 72 milhões de brasileiros negativados… E não se fala mesmo mais nisso.

“Na volta a gente compra”, é a lenda de que os pais e mães, sem dinheiro para comprar os brinquedos no shopping center, pedidos por suas crianças, falariam para enganar os pimpolhos consumistas. Parece o mesmo, quando propagandearam aos quatro ventos as “excelências” de uma reforma da tributação do consumo, como se tributária fora.

Flagrados na mentira, prometeram que a reforma da tributação da renda e patrimônio seria feita depois. Se esvai mais um ano (uma reforma destas para vigorar tem que estar aprovada no ano fiscal anterior por um princípio constitucional) e nada… Isenção até R$ 5 mil? Na volta a gente compra… Tributação de lucros e dividendos? Na volta… Tributação das grandes fortunas? Nem na volta!

Com o tempo (quase metade do mandato) vai se vendo aquilo que sempre foi fato e agora é dramático: Lula e o PT não têm projeto para nada no Brasil, vivem de episódios midiáticos, contando com a superficialidade, quando não com o governismo puro e simples, de nossa grande mídia.

Enquanto isto, a realidade do que de fato importa segue se impondo: um modelo econômico ruinoso que mantém a pior concentração de renda do mundo, um modelo de governança política organicamente corrupto, e uma generalizada política de clientelismo e políticas sociais compensatórias para anestesiar o povão.

Autor: Ciro Ferreira Gomes, advogado, professor universitário e político brasileiro, filiado ao Partido Democrático Trabalhista (PDT), do qual é vice-presidente, também é membro do Conselho Consultivo do jornal Tribuna da Imprensa Livre.

DANIEL MAZOLA – Jornalista profissional (MTb 23.957/RJ); Editor-chefe do jornal Tribuna da Imprensa Livre; Consultor de Imprensa da Revista Eletrônica OAB/RJ e do Centro de Documentação e Pesquisa da Seccional; Membro Titular do PEN Clube – única instituição internacional de escritores e jornalistas no Brasil; Pós-graduado, especializado em Jornalismo Sindical; Apresentador do programa TRIBUNA NA TV (TVC-Rio); Ex-presidente da Comissão de Defesa da Liberdade de Imprensa e Direitos Humanos da Associação Brasileira de Imprensa (ABI); Conselheiro Efetivo da ABI (2004/2017); Foi vice-presidente de Divulgação do G.R.E.S. Estação Primeira de Mangueira (2010/2013). 

SIRO DARLAN – Advogado e Jornalista; Editor e Diretor do Jornal Tribuna da imprensa Livre; Ex-juiz de Segundo Grau do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ); Especialista em Direito Penal Contemporâneo e Sistema Penitenciário pela ENFAM – Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados; Mestre em Saúde Pública, Justiça e Direitos Humanos na ENSP; Pós-graduado em Direito da Comunicação Social na Universidade de Coimbra (FDUC), Portugal; Coordenador Rio da Associação Juízes para a Democracia; Conselheiro Efetivo da Associação Brasileira de Imprensa; Conselheiro Benemérito do Clube de Regatas do Flamengo; Membro da Comissão da Verdade sobre a Escravidão da OAB-RJ; Membro da Comissão de Criminologia do IAB. Em função das boas práticas profissionais recebeu em 2019 o Prêmio em Defesa da Liberdade de Imprensa, Movimento Sindical e Terceiro Setor, parceria do Jornal Tribuna da Imprensa Livre com a OAB-RJ.

Envie seu texto para mazola@tribunadaimprensalivre.com ou siro.darlan@tribunadaimprensalivre.com


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