Por Luiz Carlos Prestes Filho –
A professora Diana Domnikova é uma das participantes do conjunto folclórico-musical russo GRENADA, grupo que leva o nome de Serguei Vladimirsky. Ela nasceu na Sibéria profunda. Sua cidade natal fica ao lado do lago Baikal, o mais profundo no mundo – sagrado para os budistas e venerado pelos moradores locais. Formada em pedagogia, com especialidade em História, ela reside em Moscou onde leciona a língua espanhola. Foi exatamente através do espanhol que Diana se aproximou do conjunto GRENADA, para o qual cria gravações audiovisuais e coordena o projeto “Rússia Multifacetária”: “O mais importante na vida para mim é a família, os amigos, a Pátria e a América Latina. Porque América Latina? Porque as canções deste continente tem um grande significado para nós. Tanto as folclóricas como aquelas de conteúdo social e revolucionário. Canções que falam de luta e da vida do povo. Temos no nosso repertório a ‘Suíte do Pescador (Canção da Partida)’ de Dorival Caymmi.”
Isolada em casa, durante os últimos quatro meses, a professora conta que a pandemia modificou o seu cotidiano que antes girava entorno de concertos, temporadas artísticas e viagens: “Ao longo de anos investimos em atividades criativas, por essa razão, não podíamos ficar paralisados. Mudamos a forma de atuação. Por orientação da nossa dirigente, Tatiana Vladimirkaya, desenvolvemos intensas atividades na rede global. Nossos encontros passaram a ser realizados através da plataforma ZOOM. As tradicionais reuniões de toda terça-feira no Instituto da América Latina, transformamos em virtuais. Momentos quando conversamos sobre as histórias das canções que interpretamos. Aos sábados, passamos a relembrar nossas viagens. Claro que esses momentos exigem o levantamento de muitas informações nos nossos arquivos. Até porque, são 47 anos de trajetória. Nosso grupo foi criado em 1973.”
Este ano a Rússia, no dia 9 de maio, comemorou os 75 anos da vitória sobre a Alemanha Nazista. Para esta ocasião, o conjunto GRENADA organizou um grande encontro on-line voltado para a América Latina: “Falamos sobre o significado do Dia da Vitória para a História da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) e Rússia. Contamos detalhes da vida de nossos parentes que lutaram contra o fascismo; cantamos canções daqueles anos. Representantes de todos os países latinoamericanos, incluindo o Brasil, participaram. Penso que a quarentena contribuiu para o êxito. Em condições normais, não teríamos a mesma audiência. Isso foi um alento. De certa maneira, compensou o cancelamento da extensa programação que tínhamos para esta data tão significativa.”
Em comparação com o Brasil a situação na Rússia tem melhorado substancialmente. Mas isso não significa que o risco de contaminação pelo vírus da Covid 19 acabou: “Oficialmente, dia 9 de junho, a população foi autorizada a voltar para as ruas. Mas a nossa decisão interna foi a de continuarmos reservados. Pessoalmente, prefiro não sair de casa sem necessidade. Nos breves encontros que tive recentemente, usei mascara e luvas. Mas claro que o GRENADA precisa dos encontros presenciais! Nestes que acontecemos verdadeiramente como seres humanos e artistas.”
Graças a telenovelas, Diana, conhece o Brasil desde sua infância e adolescência. Foi através de personagens como a Escrava Isaura que ela pôde ter um pouco de informações sobre o maior país da América Latina: “Suas paisagens maravilhosas, sua música original e os brasileiros me encantam. No ano passado, quando estivemos na Argentina, atravessamos a fronteira e pudemos conhecer as Cataratas de Iguaçu. Desejamos realizar uma viagem especial para poder viver o país do escritor Jorge Amado, do compositor Villa-Lobos e do Carnaval. Até porque gostaríamos de conhecer e interpretar o novo cancioneiro brasileiro.”
LUIZ CARLOS PRESTES FILHO – Cineasta, formado na antiga União Soviética. Especialista em Economia da Cultura e Desenvolvimento Econômico Local, colunista do jornal Tribuna da Imprensa Livre. Coordenou estudos sobre a contribuição da Cultura para o PIB do Estado do Rio de Janeiro (2002) e sobre as cadeias produtivas da Economia da Música (2005) e do Carnaval (2009). É autor do livro “O Maior Espetáculo da Terra – 30 anos do Sambódromo” (2015).
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