Redação

Desde abril de 2020 e passados quase dois anos afastado de suas funções na Justiça, com a vida privada e profissional devassada, o magistrado Siro Darlan, será reintegrado ao cargo de desembargador do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, nesta sexta-feira (11), às 11h

O ministro Luiz Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal, ordenou o trancamento de ação penal contra o desembargador reconhecendo a ineficácia do acordo de delação premiada contra ele. Para o deputado estadual paraibano, Jeová Campos, e amigo de Siro, essa decisão rescende a esperança de uma Justiça mais justa. “Siro provou toda a inocência dele e eu estou extremamente feliz em ver um homem íntegro, correto, negro, honesto e decente voltar para onde nunca deveria ter saído de cabeça erguida, após provar sua inocência”, disse o parlamentar.

Da perseguição a esse democrata com profundo sentimento humanista, defensor de muitas causas do povo, incluindo os direitos da infância e da juventude, surgiu aqui a série “Somos Todos Siro Darlan” e um novo projeto editorial do Jornal Tribuna da Imprensa Livre, o livro: “SIRO DARLAN: INQUÉRITO nº 1.199/DF”. Ele que sempre defende os mais necessitados é defendido no livro por 70 pessoas de diversas áreas. Na foto: Indianarae e Siro Darlan. (Crédito: Daniel Mazola/TIL)

Ainda segundo Jeová, o Desembargador Siro Darlan respondeu a dois pedidos de punição disciplinar que não encontravam respaldo jurídico em nenhuma peça do Direito Constitucional. “Ao invés de réu, ele foi vítima e pela sua história, trajetória e caráter nunca deixou de ter o meu mais irrestrito apoio e admiração. Além de ser um magistrado que sempre honrou a toga que vestiu, Siro é um ser humano ímpar, com uma visão humanista como poucos e não merecia passar pelo que passou, mas, como bom sertanejo, ele é antes de tudo um forte e conseguiu superar esse período de tormenta e eu sei voltará ainda mais forte para atuar no judiciário brasileiro”, disse Jeová.

“Depois de quase dois anos de uma vida tormentosa, sofrendo busca e apreensões, assassinato de reputação, acusado de venda de sentença, finalmente, a Justiça se manifesta e coloca as coisas nos seus devidos lugares”, afirmou Siro. Para ele, não é pelo fato da pessoa estar sentada no banco dos réus que ela perde a dignidade, a humanidade. “Temos que tratar todos com respeito e a presunção de inocência é o princípio fundamental de toda relação humana. Eu já acreditava nisso, agora, mais do que nunca”, disse o desembargador.

Siro Darlan e Jeová Campos. (Crédito: News Comunicação)

Siro disse que essa decisão da Suprema Corte é uma demonstração de que ainda se faz Justiça no Brasil. “Ainda temos juízes na Suprema Corte, o relator Edson Fachin fez a Justiça que muito ansiávamos e muito esperávamos. Esse foi um período de muito sofrimento para mim, para minha família, fui afastado de meu trabalho, dos meus amigos, fui afastado do Tribunal, mas, amanhã vestirei a toga novamente, que eu sempre procurei honrar, voltando a fazer Justiça neste país tão injusto, que usa a Justiça para perseguir os inimigos ideológicos, os inimigos políticos, como fizeram com o ex-presidente Lula, como fizeram comigo, como estão fazendo com o ex-governador da Paraíba, Ricardo Coutinho”, destacou Siro que é natural da cidade paraibana de Cajazeiras, mas fez história na magistratura no Rio de Janeiro.

Ele lamenta que num país em que a maioria das pessoas que estão presas é negra e pobre, o Direito Penal seja usado como fator de exclusão social. “Eu, mesmo como juiz, tive que passar por essa provação, por esse período de Jó. Deus me tirou tudo o que eu tinha de dignidade, de respeito, de confiança, mas, agora Ele me restaura tudo porque eu tive fé na Justiça, tive fé na presença Dele na minha vida. Agradeço a todas as pessoas, aos amigos que nunca deixaram de confiar e acreditar em mim, àqueles que sempre tiveram ao meu lado me ajudando a suportar essa pesada cruz”, disse Siro Darlan.

O nordestino Siro Darlan vestindo gibão de couro, nas mãos o livro “O Julgamento de Sócrates” de I. F. Stone, um dos jornalistas mais importantes do mundo. Acusado de corromper a juventude com suas ideias, Sócrates foi condenado a beber cicuta. “Por ser um juiz independente sofri 52 representações administrativas e fui punido uma vez com censura e duas advertências. Sofri dois processos de remoção compulsória que foram rejeitados pelo Órgão Especial. Será que sou tão mal juiz assim?”, indaga o desembargador. (Crédito: arquivo pessoal)

Esse período, segundo ele, o transformou. “Agora eu sou um juiz mais ‘rico’, em experiência porque agora sei o que é estar sentado, injustamente, no banco dos réus, sei o que é passar por um processo judicial injusto. Essa experiência eu agradeço, porque isso fará de mim um juiz mais humano, mais digno, que respeitará mais os seus jurisdicionados”, disse o desembargador, lembrando que no Brasil tem mais de 200 mil pessoas presas sem o julgamento final, sem uma sentença. “Portanto, nós temos que reverter esse estado de coisa inconstitucional e fazer prevalecer à lei e a Justiça”, reiterou ele, lembrando que nunca perdeu a fé na Justiça, nem deixou de sentir a presença de Deus em sua vida.

“Agradeço muito ao Judiciário do bem, ao Supremo Tribunal Federal, porque, infelizmente, no Brasil a gente também tem o Judiciário do mal, aquele que persegue as pessoas, que usa as leis e o Direito para perseguir seus inimigos. Grande abraço para todos porque a Justiça um dia chega e nos libertará”, finalizou Siro.

Fonte: News Comunicação


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