Por Eusébio Pinto Neto –
Na disputa da bola vale tudo, mas o respeito ao adversário é um dos princípios para um jogo limpo e ético.
A rivalidade em campo entre Brasil e Argentina não pode se reproduzir nas relações políticas e comerciais. O presidente argentino, Javier Milei, um provocador insano e gaiato, dispensou o apoio diplomático do Itamaraty durante a sua passagem pelo Brasil para participar de um encontro da extrema direita.
Enquanto os países do Mercosul debatiam, no Paraguai, as questões econômicas, políticas, climáticas e sociais da região, o argentino, que se ausentou da reunião, fazia seu show circense em Santa Catarina. No encontro patético, Milei recebeu a medalha dos três “Is”, que significam “imorrível, imbrochável e incomível”, e atacou os governos progressistas e socialistas que defendem direitos sociais.
Mesmo com as mudanças na política econômica, a Argentina passa por uma recessão, com o PIB registrando queda significativa no 1º trimestre. Mais da metade da população argentina, cerca de 25 milhões de habitantes, continua na pobreza. A carne bovina virou produto de luxo no país, registrando o menor consumo em um século.
Não estamos aqui para jogar pedra no telhado do vizinho, uma vez que a Argentina é o terceiro maior consumidor de produtos brasileiros. A polarização e a provocação não ajudam em nada a reduzir as desigualdades sociais na América Latina.
O presidente Lula fez muito bem ao ignorar as provocações de Javier Milei.
O Brasil tem o maior PIB da América Latina e deve terminar o ano como a oitava maior economia do mundo. Apesar da especulação do mercado financeiro, a economia brasileira continua em ascensão com redução do desemprego, da pobreza e da inflação.
Ao contrário de Milei, a popularidade do presidente Lula cresceu principalmente entre a população mais pobre, que ganha até dois salários mínimos. Com a política de valorização do salário mínimo, o trabalhador tem mais dinheiro para encher o carrinho do supermercado. O churrasco prometido por Lula durante a campanha virou realidade para o trabalhador nos fins de semana.
O respeito, a solidariedade e a igualdade social são pilares da democracia, por isso lutamos por direitos e um mundo mais justo. O extremismo nega os padrões civilizatórios e destrói as instituições democráticas. É evidente que Milei continuará a realizar situações implausíveis, inaceitáveis e malucas, envergonhando e desrespeitando o povo argentino. Mas a nossa luta contra o retrocesso e em defesa da democracia continua.
A vitória de Lula, do Partido Trabalhista no Reino Unido e da esquerda na França são respostas da sociedade contra o avanço da extrema direita na Europa e nas Américas.
EUSÉBIO LUÍS PINTO NETO é presidente do Sindicato dos Empregados em Postos de Serviços de Combustíveis e Derivados de Petróleo do Estado do Rio de Janeiro (SINPOSPETRO-RJ) e da Federação Nacional dos Frentistas (FENEPOSPETRO), consultor sindical da Tribuna da Imprensa Livre.
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