Por Miranda Sá

“És a areia que o vento não leva, o indefinível que teimamos em definir” (Anônimo)

A História do Brasil registra (pena que muitos não estudem esta matéria) que o oficialato militar responsável pela Proclamação da República, definiu o futuro do país sob inspiração positivista com a doutrina: “O Amor por Base, a Ordem por princípio e o Progresso por fim”.

Esta definição vem gravada na Bandeira Nacional, mas é desdenhada pelos arrivistas que assumiram o poder republicano, em vez do amor, pregam o ódio; subvertem a ordem pelo caos; e, trocam o progresso pelo obscurantismo de grupos religiosos politiqueiros.

A palavra “Definição” vem dicionarizada como substantivo feminino de etimologia latina “definitione”, que significa expor com clareza e precisão. Trata-se de um conceito para representar algo concreto na expressão do pensamento; e o interessante é que aparece muitas vezes com uma simplicidade chocante.

Lembro que ouvi em Campina Grande, muitos anos atrás, o grande poeta Raimundo Asfora contar a definição de um menino sobre a água mineral com gás dizendo: – “É uma água cheia de furinhos com gosto de pé dormente”.

Assim constatamos que as crianças dominam com graça e precisão as definições. O raciocínio infantil é impecável, a ver como conseguem antropomorfizar objetos, animais ou até plantas, conversando com eles. Ao tropeçar numa pedra, protestam – “Oh, pedra filha da puta! ”….

Lembro de um sobrinho criado na casa dos avós, que falou para minha mãe na hora da ceia: – “Você diz que esta sopa de legumes é boa só porque vovô gosta dela”; e temos o registro que os norte-americanos fascinados por pesquisas e estatísticas tiveram a informação de que 93% dos filhos garantem que sua mãe é mais bonita do que as outras mães….

Um dos meus filhos escreveu numa redação que a palavra Segredo, “é uma coisa que se diz em voz baixa perto no ouvido de alguém recomendando para que não conte para ninguém”.

Como agora vivemos a Era dos Segredos instituída pelo capitão Bolsonaro, os órgãos governamentais decretam sigilo de 100 anos para casos bestas como um diagnóstico médico do Presidente, e para a “punição” de um general da ativa que quebrou a hierarquia do Exército subindo num palanque político.

Embora sem qualquer explicação, a cidadania fica privada de informações necessárias à sua definição política, principalmente nas vésperas de pisarmos na passarela eleitoral; é um absurdo que nos leva a crer que o silêncio chapa branca é para esconder a verdade.

Com sua reconhecida lucidez, o chanceler Otto von Bismarck – o estadista mais importante da Alemanha do século XIX -, nos legou um pensamento que nos leva a refletir: “As pessoas nunca mentem tanto quanto depois de uma caçada, durante uma guerra e antes de uma eleição”.

Então temos que exigir dos candidatos (todos e principalmente os que representam a farsa da polarização) uma verdade bem-conceituada, em vez das mentiras como as de Lula vociferando contra a corrupção e de Bolsonaro defendendo risonho as liberdades democráticas….

Os tolos e fanáticos aceitam as mentiras dos políticos cultuados por eles; mas a nacionalidade não deve antropomorfizar a pedra posta no caminho do nosso futuro! Não vai xingá-la como a criança, mas removê-la através de uma 3ª Via, por que os velhos políticos devem ser trocados como as fraldas, pelo mesmo motivo.

Eis uma definição de Eça de Queiroz….

MIRANDA SÁ – Jornalista profissional, blogueiro, colunista e diretor executivo do jornal Tribuna da Imprensa Livre; Trabalhou em alguns dos principais veículos de comunicação do país como a Editora Abril, as Organizações Globo e o Jornal Correio da Manhã; Recebeu dezenas de prêmios em função da sua atividade na imprensa, como o Esso e o Profissionais do Ano, da Rede Globo. mirandasa@uol.com.br

Envie seu texto para mazola@tribunadaimprensalivre.com ou siro.darlan@tribunadaimprensalivre.com


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