Por Miranda Sá

No ano passado escrevi um artigo referindo-me ao jogo divinatório conhecido como “Onomatomancia”. Onze meses se passaram e um colega das redes sociais apareceu-me perguntando o que era isto.

Bem. A palavra dicionarizada é um substantivo feminino de etimologia grega, “onoma manteia; onoma = nome; manteia = oráculo, adivinhação. É usada com a mesma grafia nas línguas latinas, no alemão e russo, diferente somente no inglês, Onomatomancy.

Trata-se de um estudo sobre o nome dado a alguém, seu significado e suas mudanças estruturais. E assim interpretar o destino que o nominado terá. Os praticantes da Onomatomancia consideram-na uma arte; e o Ocultismo vê como uma ciência que revela as influências etéreas nos nomes das pessoas.

No judaísmo, os antigos rabinos faziam remontar a Onomatomancia a Enoch, dizendo que não havia acaso na imposição do nome de um recém-nascido; esta ideia foi mais tarde desenvolvida na Grécia por Pitágoras.

Dessa maneira, os povos originários destas duas vertentes nacionais, judaica e greco-romana, acreditavam que se estabelecia o pressagio do futuro pelo batismo, e estavam convencidos que certos nomes deviam ser rejeitados, por funestos; assim como outros eram favoráveis ao roteiro de uma vida.

No “Martirológio Romano” encontramos um exemplo de nome ligado aos desígnios com o Santo Hipólito, preso e torturado durante a perseguição aos cristãos; foi espancado com açoites providos de bolas de chumbo e, condenado à morte, morreu despedaçado pelas patas dos cavalos.

Gramaticalmente, o substantivo hipólito é conhecido na zoologia como um substantivo masculino designando uma pedra amarela que se encontra na bexiga e nos intestinos do cavalo. O que vem relacionar o nome próprio do mártir aos cavalos que o mataram.

Será que dá para adivinhar o futuro dos políticos brasileiros pelos seus nomes e apelidos? Uma amiga minha, especialista na leitura do Tarô, garante que sim. No caso de Bolsonaro, por exemplo, seu sobrenome é precedido por Jair, que em hebraico

(“Yaiyr”), significa «Javé iluminará» e vê-se no fim de carreira ele quedar iluminado pelo brilho das joias que ele se apropriou do Estado Brasileiro.

A falsa direita de Jair enfrenta a falsa esquerda Lula na estúpida polarização eleitoral. “Lula” é o apelido dado a Luiz Inácio; e o nome “Inácio” vem da Etrúria, Egnatius, que vem a ser incendiário; pior é o apelido Lula, molusco do grupo gastrópodes, conhecido pelas toxinas que exala….

A História da Arte registra uma curiosa referência ao festejado pintor francês pós-impressionista Cézanne, cuja mãe o aninhava nos braços e dizia que ele seria um grande pintor, por se chama Paul (Paulo) como Paulo Veronese e Paulo Rubens.

E na poesia, também a França, temos Charles Pierre Baudelaire, poeta boêmio, literata e principalmente um rebelde que combateu a censura no seu tempo. Foi precursor do movimento simbolista e teve a sua principal obra “Flores do Mal”, condenada como imoral. O Poeta orgulhava-se do seu sobrenome, Baudelaire, “cimitarra” em árabe, uma arma letal que os cruzados trouxeram da Palestina.

Recolhendo a Onomatomancia como uma flor do jardim da inspiração, encontrei vários nomes de políticos corruptos e um deles vem de Canale d’Agordo, da província italiana de Beluno, referindo-se a esgoto: toffoli.

MIRANDA SÁ – Jornalista profissional, blogueiro, colunista e diretor executivo do jornal Tribuna da Imprensa Livre; Trabalhou em alguns dos principais veículos de comunicação do país como a Editora Abril, as Organizações Globo e o Jornal Correio da Manhã; Recebeu dezenas de prêmios em função da sua atividade na imprensa, como o Esso e o Profissionais do Ano, da Rede Globo. mirandasa@uol.com.br

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