Por Miranda Sá –
A sanha vingativa dos corruptos e seus cúmplices contra a Operação Lava Jato e os seus protagonistas da PF, do MPF e dos juízes de tribunais de primeira e segunda instâncias, é translúcida como água de esgoto. Quem ainda não observou como é transparente a água de esgoto?
Para se vingar de um julgamento justo que o sentenciou à cadeia por corrupção e lavagem de dinheiro, Lula atiçou os seus sabujos contra Sérgio Moro, um juiz concursado, estudioso e perseguidor do crime.
Criou-se uma temporada inimaginável de perseguições contra a Lava Jato, encarnada por Moro, com o lulopetismo e o bolsonarismo juntando-se e formando um eixo do mal para vingar-se de quem mostrou a face horrenda da corrupção.
Com este aglomerado da falsa esquerda e da falsa direita formado contra os inimigos do crime fica transparente que a polarização que os confronta é apenas eleitoral. Eles pensam e fazem o mesmo quando chegam ao poder: tramam contra o Estado de Direito e as liberdades democráticas e assaltam o Erário.
Desta vez – é meio incompreensível – a Vingança urdida pelo PT e o PL para cassar Sérgio Moro frustrou-se pela falta de substância nas acusações e uma fraqueza inexplicável dos seus aliados no Judiciário.
O verbete Vingança dicionarizado é um substantivo feminino abstrato originário do latim vulgar, substantivando o verbo “vindicare” (tirar desforra), firmando “Vindicta”, (mostrar autoridade). Significa perseguir uma pessoa ou entidade para punir suposta ofensa ou danos.
É bom distinguir vingança de punição. A Vingança não é castigar uma transgressão que se faz em nome da Justiça; é molestar o próximo irracionalmente destilando ódio. Na sociedade humana aparece em muitas expressões intelectuais, na pintura aonde temos “A vingança de Herodíade“, de Juan de Flandes e na música, as óperas Don Giovanni e “Le nozze di Figaro”, de Wolfgang Amadeus Mozart.
Na literatura incluem-se os clássicos shakespeareanos nas peças Hamlet e “Otelo, o Mouro de Veneza”; e de Alexandre Dumas, o celebrado “Conde de Monte Cristo”. Como tema cinematográfico destaco dois filmes: “The Punisher” – O Justiceiro –, e “V de Vingança”.
O primeiro, O Justiceiro, passou sem ser reconhecido na sua qualidade, que trouxe uma excelente interpretação de John Travolta e Thomas Jane, anti-heróis do lado do mal e do lado do bem… Filmado sob a direção de Jonathan Hensleigh, com roteiro dele mesmo e de Michael France.
Relata a história do policial federal Frank Castle (Thomas Jane) que vê o massacre de sua família, pais irmãos, esposa e filho por uma gangue de traficantes que ele investigava. Gravemente ferido e dado como morto assume a sobrevida para vingar-se do chefe da quadrilha, Howard Saint (John Travolta).
Entre ousadas ações subversivas, mata o filho de Howard e cria situações que estimulam o doentio ciúme que o levam a matar o seu braço direito e a mulher. Com a tarefa cumprida, Frank torna-se um vigilante decidido a enfrentar criminosos.
O outro filme, inspirado no “1984” de George Orwel, num enfrentamento a um regime totalitário. É o “V de Vingança”, feito sob a direção de James McTeigue, com roteiro das irmãs Wachowski, Lilly e Lana, com Natalie Portman, Hugo Weaving e Stephen Rea, e Hugo atuando de máscara cobrindo todo rosto.
A história se passa na Inglaterra submetida a uma ditadura fascista e um movimento clandestino de resistência inspirado nas atividades terroristas de um personagem conhecido como “V”, atuante na luta pela liberdade e contra o totalitarismo; ele é perseguido pelo comissário de polícia, detetive Finch (Stephen Rea), cujas investigações terminam convencendo-o dos horrores ditatoriais.
Por uma coincidência, “V” se encontra com Evey (Natalie Portman) uma jovem trabalhadora de serviços gerais na televisão estatal. Salva-a de uma agressão de esbirros da polícia secreta; e assim os seus destinos se cruzam e se misturam novelescamente.
O final é apoteótico: Baleado, “V” morre e seu cadáver segue num trem sob à vista de Evey e Finch. A composição carregada de explosivos segue para o Parlamento e o Big Ben que são destruídos sob a execução da “Abertura 1812”, de Tchaikovsky, irradiada e aplaudida por uma imensa multidão sob olhares das forças militares que iriam reprimi-la.
No diálogo final, Finch pergunta a Evey qual era a identidade do Mascarado, ao que ela responde:
– “Ele era Edmond Dantès. Era meu pai, minha mãe, meu irmão, meu amigo. Ele era eu, era você, era todos nós”.
MIRANDA SÁ – Jornalista profissional, blogueiro, colunista e diretor executivo do jornal Tribuna da Imprensa Livre; Trabalhou em alguns dos principais veículos de comunicação do país como a Editora Abril, as Organizações Globo e o Jornal Correio da Manhã; Recebeu dezenas de prêmios em função da sua atividade na imprensa, como o Esso e o Profissionais do Ano, da Rede Globo. mirandasa@uol.com.br
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